sábado, 30 de agosto de 2008

FRANKENSTEIN de MARY SHELLEY: O Prometeu Moderno

Todos sabem que o livro foi gestado quando o casal Shelley passava alguns dias às marges do Lago Genève, em companhia do poeta inglês Lord Byron. Pois bem, no meio das conversas à lareira, contavam histórias fantásticas e assombradas entre si, até que foi sugerido uma aposta: quem conseguiria escrever algo neste sentido tendo por base contos fantásticos. Em 1818, foi lançada a primeira edição do livro que se tornou um clássico universal. Hollywood filmou a história inúmeras vezes e Boris Karloff imortalizou a imagem que temos hoje do monstrengo criado por Victor Frankenstein, o estudante de ciências naturais que o criou. A maldade de Frankenstein é sugerida por seu subtítulo," O Prometeu moderno", no Cáucaso, onde o titã Prometeu que nos trouxe o fogo, acabou acorrentado a uma pedra, por ordem de Júpiter, um abutre lhe arrancara o fígado (não os olhos), que continuamente se regenerava e continuava a tortura _ punião por ter roubado o que pertencia aos deuses. Frankenstein tem um destino semelhante - não no fogo, mas no gelo , por sua ousadia em usurpar o poder que pertence exclusivamente a Deus: a criação da vida. O defeito fatal de Victor Frankenstein não é a loucura; ele é a antitese do estereótipo do "médico louco", como é tão retratado no cinema. Seu defeito é antes de tudo, o simples orgulho, associado a uma descrença na tecnologia que os românticos de todas as épocas parecem ter. Já foi salientado que Frankenstein é provavelmente a raiz principal da ficção científica tal como hoje a conhecemos, mas isso só é verdade no que tange à ficção científica da "utopia negativa" - desde que 1984 e Admirável Mundo Novo são os mais celebrados exemplos. O mal que é personificado na criação sem nome e horrenda de Victor Frankenstein tem sua gênese no tubo de ensaio; trata-se de uma criatura gerada pelo conhecimento destituído de moralidade. E quando o monstro semeia a destruição ao seu redor, em sua obsessiva perseguição a seu criador, podemos compreender muito bem o sentido de um lugar-comum como: "Que espécie de Frankenstein criamos? "Frankenstein é uma mística história de moralidade sobre o que acontece quando o homem ousa transgredir os limites do conhecimento.Quando professores e alunos voltam-se para a discussão de um romance como esse, a discussão é curta demais.Professores tendem a gastar muito tempo examinando as deficiências de técnica e estilo, e os alunos tendem a centrar o foco naquelas antiguidades curiosas. Quando Mary Shelley consegue criar cenas poderosas de desolação e de terror sinistro, as mais notáveis são, as silenciosas cenas polares quando a busca de vingança do monstro aproxima-se do fim. Ela evoca muito bem a área de Genebra , sobretudo se recordarmos que só estivera ali durante um breve período, quando escreveu Frankenstein. Pode-se dizer que esta obra é a parábola consciente ou inconsciente que Mary faz da sensibilidade romântica; Frankenstein e sua criatura representam o Yin e o Yang de um todo paradoxal, englobando beleza e horror, imaginação florescente e consciência social de autodestruição, capacidade que pode ser verificada nas vidas de quase todos os românticos de Percy a Byron.
Produção de 1910 por Thomas Edison:


Veja, agora a mais atual de 1994 com a excelente atuação de Robert DE Niro

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O Sapo, de Rubem Alves

Era uma vez um lindo príncipe por quem todas as moças se apaixonavam. Por ele também se apaixonou uma bruxa horrenda que o pediu em casamento. O príncipe nem ligou e a bruxa ficou muito brava. “Se não vais casar comigo não vai se casar com ninguém mais”! “Olhou fundo nos olhos dele e disse: " Você vai virar um sapo! “Ao ouvir essa palavra o príncipe sentiu um estremeção”. Teve medo. Acreditou. E ele virou aquilo que a palavra de feitiço tinha dito. Sapo. Virou um sapo. Bastou que virasse sapo para que se esquecesse de que era príncipe. “Viu-se refletido no espelho real e se espantou”: “ Sou um sapo”. Que é que estou fazendo no palácio do príncipe? “Casa de sapo é charco". E com essas palavras pôs-se a pular na direção do charco. Sentiu-se feliz ao ver a lama. Pulou e mergulhou. Finalmente de novo em casa. Como era sapo, entrou na escola de sapos para aprender as coisas próprias de sapo. Aprendeu a coaxar com voz grossa. Aprendeu a gostar do lodo. Aprendeu que as sapas eram as mais lindas criaturas do universo. Foi aluno bom e aplicado. Memória excelente. Não se esquecia de nada. Daí suas notas boas. Até foi o primeiro colocado nos exames finais, o que provocou a admiração de todos os outros sapos, seus colegas, aparecendo até nos jornais. Quanto mais aprendia as coisas de sapo, mais sapo ficava. E quanto mais aprendia a ser sapo, mas se esquecia de que um dia fora príncipe. A aprendizagem é assim: para se aprender de um lado há de esquecer do outro. Toda aprendizagem produz o esquecimento. (...) Que este texto seja em homenagem a todos os sapos da Natureza e a todos os sapos que foram transformados por feitiços de crença, ilusão e medo, mas que podem transformar-se no que quiserem,quando descobrirem QUEM realmente são (príncipes, aventureiros, atletas, escritores, artistas...). Aprender é desaprender. Há coisas que precisamos desaprender e outras que precisamos tomar cuidado pra não perder. Como educadores, teremos a delicadeza de não permitir que nossas crianças desaprendam coisas essenciais à vida e à felicidade.
Na experiência que fiz com este texto, contei a história e depois eles foram convidados a pegar uma folha de papel, dividir ao meio e escrever no alto, de um lado "sapo", de outro, "príncipe" ou "princesa". Depois, num diálogo consigo mesmo, escreveram sobre seus momentos-sapos e seus momentos-princesas e conversaram entre si. Em quantos feitiços bobos temos acreditado? Pense nisso: "Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar. A coragem contém em si mesma a força e a magia." Goethe.
(do livro "A Alegria de Ensinar", Ed. Papirus)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Os 10 melhores filmes de comédia romântica

Sei que estou correndo risco de vida fazendo listas sobre cinema, principalmente quando se fala em as 10 melhores comédias românticas da minha vida. Tem namorado que odeia, mas esse gênero de filmes sempre garante boas risadas A fórmula não cansa, só a atriz Meg Ryan já teria feito 30 delas . E o melhor, as comédias românticas têm o incrível dom de levar para a telona situações que os casais sempre pensaram ser apenas deles. Comédias românticas invariavelmente são baseadas em 3 prerrogativas:
1.O amor verdadeiro existe.
2.Há alguém para cada pessoa, e quando o encontrarmos iremos ter o amor verdadeiro.
3.O relacionamento irá superar todos os obstáculos.
Muitas pessoas dizem detestar comédias românticas, pois elas mostrariam uma “visão irreal dos relacionamentos”. Em minha opinião, uma comédia romântica não tem nenhuma obrigação de ser um retrato fiel da realidade, para isso temos documentários. Penso que o principal objetivo é nos faz rir e ainda recarregar o otimismo.
Abaixo a minha seleção de boas comédias românticas:

1-O Diário de Bridget Jones Seria o poderíamos dizer o “Orgulho e Preconceito”, numa visão atual e ao mesmo tempo cômica. Ano novo; vida nova! Bridget, uma londrina de 32 anos, decide que chegou a hora de dar um novo rumo a sua vida… Os objetivos que define para os próximos doze meses consistem em emagrecer, deixar de fumar, deixar de beber, encontrar um noivo "lindo e sensível" e mudar de trabalho. Bridget controla a sua vida anotando tudo num diário: os cigarros que fuma, as calorias que ingere, os copos de álcool que bebe, as suas loucas aventuras e todos os amores que conquista e não conquista... O Diário de Bridget Jones é divertido, romântico, sensual e muito provocador! Com Renée Zellweger (Betty), Hugh Grant (Notting Hill) e Colin Firth (A Paixão de Shakespeare) e com uma banda sonora excelente!
Vale à pena a cena da briga dos dois pretendentes! É muito divertido por que não dizer: que mulher não gostaria de ter dois lindos homens brigando por ela? E a música: Its Raining Men “Está chovendo homem...”

2- As 10 coisas que odeio em você Filha caçula de uma família (Larisa Oleynik) está apaixonada pelo novo rapaz da escola, o mal encarado Patrick Verona (Heath Ledger). Mas o pai da menina só permite que ela namore caso a irmã mais velha, a irascível Kat Stratford (Julia Stiles), se comprometa primeiro a alguém. Adaptação de 'A Megera Domada', peça de Shakespeare, para os dias atuais.

3-Como perder um homem em 10 diasBen Barry (Matthew McConaughey) é um publicitário que faz uma aposta onde deve conquistar uma mulher em apenas 10 dias. A vítima é Andie Anderson (Kate Hudson), uma feminista que está escrevendo uma matéria de como perder um homem exatamente no mesmo período. Nessa brincadeira, os dois acabam se apaixonando, mas nenhum quer abrir a mão de perder a aposta, desconhecida pelo outro.

4- Um lugar chamado Nothing HillBonita e talentosa, a estrela de Hollywood Anna Scott (Julia Roberts) é o centro das atenções por onde passa e suas fotos estão estampadas em revistas, jornais e outdoors. Mas sua vida afetiva está longe de ser um sucesso. No entanto, durante uma temporada na Inglaterra, ela conhece o tímido William Thacker (Hugh Grant), dono de uma pequena livraria em Notting Hill. Graças a um incidente, eles ficam amigos e se apaixonam. Mas a atribulada carreira da atriz e o assédio da imprensa, além é claro de seu namorado, parecem ser obstáculos intransponíveis para que essa história de amor tenha um final feliz. Não sei se gosto do filme por causa da música": SHE", ou se gosto da música por causa do filme!

5-O Amor não tira férias Após sofrerem desilusões amorosas, duas mulheres de estilo de vida bem diferentes combinam de trocar suas casas temporariamente. A mudança faz com que elas encontrem novas paixões. Dirigido por Nancy Meyers (Alguém Tem Que Ceder) e com Cameron Diaz, Kate Winslet, Jude Law, Jack Black, Eli Wallach, Rufus Sewell e Edward Burns no elenco.
6-Harry e Sally - Feitos um para o outro Quando ainda eram adolescentes Harry e Sally se encontraram pela 1ª vez, indo juntos de carro para dar início às suas carreiras em Nova York. Inicialmente eles se odiaram, mas com o passar dos anos acabaram se encontrando outras vezes, até que se tornaram bons amigos. Dirigido por Rob Reiner .
7- Como se fosse a primeira vezUm veterinário precisa conquistar uma mulher todo dia, devido ao problema dela de esquecer fatos que ocorreram há pouco tempo. Com Adam Sandler, Drew Barrymore, Rob Schneider, Sean Astin e Dan Aykroyd.
8- Mensagem para você A dona de uma pequena livraria se envolve com um desconhecido com quem conversa pela internet, sem desconfiar que ele na verdade é o executivo de uma mega-livraria recém-aberta que ela odeia. Com direção de Nora Ephron (Sintonia de Amor) e Tom Hanks, Meg Ryan, Parker Posey e Greg Kinnear no elenco.
9- Simplesmente amor O amor se manifesta de todas as formas, em todos os lugares. Em Simplesmente Amor ele é parte fundamental da vida de 19 personagens que entrelaçam suas histórias com muita emoção, paixão e bom humor. O novo primeiro-ministro inglês se apaixona por uma funcionária do seu staff. Um escritor se refugia no sul da França para curar seu coração e acaba encontrando o amor dentro de um lago. A mulher bem casada suspeita que seu marido a está traindo. Já a recém-casada suspeita dos sentimentos do melhor amigo do marido por ele. Um menino deseja chamar a atenção da garota mais inatingível da escola. Um viúvo tenta se relacionar com o enteado que mal conhece. A americana há muito tempo espera uma chance de sair com o colega de trabalho por quem é perdida e silenciosamente apaixonada. O astro do rock, em final de carreira, tenta o retorno ao show business. São vidas e amores que se misturam na romântica Londres, e atingem o seu clímax na noite de Natal.
10- O amor custa caro Um ambicioso e bem-sucedido advogado, o especialista em divórcios Miles Massey (George Clooney), conhece Marylin (Catherine Zeta-Jones), uma caçadora de maridos ricos que arma seus divórcios para abocanhar suas fortunas. Ambos têm muito em comum, como a falta de escrúpulos em atingir seus objetivos e estão passando por uma crise existencial. Será que a vida que escolheram vale a pena? Os dois passam o filme numa competição de canalhice, cheio de esquemas e a química entre Clooney e Catherine funciona que é uma beleza.

domingo, 24 de agosto de 2008

Os erros não são só dele: da revista VEJA também

Fiquei indignada com os comentários maldosos, e preconceituosos apresentados nesta reportagem,onde colocam professores como uns 'incompetentes', passadistas ultrapassados e maus-caráteres por 'incutir ideologias anacrônicas e preconceitos esquerdistas nos alunos. Fico impressionada, pois só prova que os responsáveis por esta matéria, não aprenderam a importância de pensar e de buscar a cidadania. Faço questão de comentar esta reportagem e, por favor, comentem, concordem ou discordem das minhas críticas, pois precisamos demonstrar que aprendemos de fato o que é sermos cidadãos, sem nos enganarmos com a mídia, sem nos deixar fazer de bobos, sem nos fazer pensar que não pensamos e salve as diversas opiniões sobre as coisas.
Todos aqueles que acompanham o meu blog e minhas aulas sabem que sempre faço uso didático das melhores revistas em minhas aulas de produção de textos, mas nesta semana esta edição passou dos limites aceitáveis. Por esta razão, esta semana, vou usá-la em minhas aulas para mostrar seus erros e pré-conceitos. Veja publicou (20 de agosto de 2008) uma matéria, inacreditável sobre o ensino no Brasil. A matéria parecia querer discutir os problemas do ensino em função dos maus resultados de alunos brasileiros se comparados com outros no mundo afora (comparações sempre muito polêmicas), mas na realidade é uma crítica a suposta ideologização do ensino por professores e autores de livros didáticos. A reportagem concluiu que esse rendimento de nossos alunos é resultado de uma doutrinação comunista-esquerdista que temos em nossas escolas. Isso é um absurdo! É uma reportagem elitista, autoritária, agressiva, (pois não dá o direito de resposta).
O texto da reportagem começa com estas palavras: Vamos falar sem rodeios, (dando a entender que em outras reportagens elas usam esta técnica). Também utilizam uma linguagem irônica e contraditória. Inicialmente, dizem com enorme convicção, que não há conversas nos lares brasileiros sobre conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Com isso, querem concluir a pouca importância da escola no cotidiano do aluno. Mas eu só queria entender uma coisa: de quais lares elas se referem? Os lares da elite? Ah é esqueci que só os ricos podem comprar estas revistas. Por isso só se dirigem aos ricos e a maioria da reportagem critica as escolas particulares e os livros e apostilas adotados por elas. Só para quem me lê saber, sou professora estadual.
Outro detalhe que faço questão de criticar é a imagem da capa, pois sabemos que não foi esta criança quem escreveu no quadro esta frase. Lá aparece uma criança, uma lousa e giz, ele está escrevendo com os pés bem esticados, pois parece não alcançar o quadro e escreve a última letra com as mãos bem esticadas, fica claro que não poderia ter começado a frase. Ainda poderia analisar a grossura da letra comparada ao giz. Totalmente disforme. (Está claro que foi uma montagem mal feita) PURA IRONIA. Daqui para frente preocupem-se, também com as imagens que vocês veiculam, pois nós, professores/leitores fazemos uma leitura delas também.
Outra constatação que faço: afirmam que a reportagem baseou-se em uma pesquisa encomendada pela própria revista VEJA à CNT/Sensus. Claro, que se encomendaram já tinham a tese pronta só queriam algumas pesquisas para que seus argumentos tivessem mais valor, mas sabemos que a intenção já existia antes de iniciarem a pesquisa. Fica evidente que a revista não divulga toda a pesquisa, mas apenas aquilo que é de seu interesse.
Veja quer destacar a influência nociva e ideológica de professores de geografia e história sobre a cabecinha dos indefesos alunos, dizendo que há uma doutrinação nessas aulas, através de posturas de caráter apenas ideológico e equivocado. Afinal, os professores influenciam ou não no comportamento dos alunos em seu cotidiano? Porque se somos um perigo a essas crianças e temos forte influência ideológica sobre elas, não as entendo não comentarem nada sobre as aulas com os pais.
A capa da revista faz ironicamente uma relação com a deficiência dos alunos com a escrita. Com isso, é fácil concluir, a revista não está disposta a discutir qualidade da educação e sim a ideologia de professores de geografia e história. Chega uma conclusão assustadora ao analisar a resposta de professores sobre a principal função deles em sala de aula. Para cerca de 70% dos professores, a principal função da escola é “formar cidadãos” (como fiquei feliz com essa resposta!). A resposta dos professores é absolutamente perfeita. “Formar cidadãos” é discutir conteúdos, é incentivar o raciocínio, é discutir valores, é despertar para seus direitos e deveres, é construir solidariedade, é preparar para o mercado de trabalho, é desenvolver uma visão crítica da sociedade, enfim, “formar cidadãos” senhoras jornalistas é formar seres humanos.
Quando mencionam as personalidades por que não perguntar aos alunos o que os professores falam de Hitler ou de Bush? Eu gostaria muito de saber como é ser neutro em relação a uma personalidade histórica... Mas o mais deprimente e injusto foi a referência totalmente errônea que fizeram a Paulo Freire. Será que elas estudaram pedagogia? Pedagogas, quem foi Paulo Freire? Paulo Freire foi um cidadão que lutou sua vida toda pela democracia (foi perseguido pela ditadura no Brasil) e pelas injustiças sociais, tinha uma visão humanista da educação. Publicou cerca de 40 livros sobre educação, grande parte, traduzidos em várias línguas, inclusive o hebraico. Foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969. Além disso, no início de sua carreira no magistério, foi um alfabetizador de adultos, e criou uma metodologia libertadora. Sobre criticas aos livros didáticos deixo para os referidos autores e professores de geografia e história a incumbência de provar que quase todos os comentários são de assuntos polêmicos, com opiniões que podem ser sim diferentes entre autores, professores, alunos, pais, jornalistas e tudo mais que possa pensar. Faltou mostrar a verdadeira intenção da reportagem. Nós professores sabemos das reais dificuldades que as escolas passam como: atualização dos professores, a deficiência da infra-estrutura escolar e os próprios erros de livros e apostilas, mas erros de conteúdo realmente, a permanência do aluno na escola, a quantia de aulas que os professores têm que pegar para ter uma vida digna, a constante troca de escolas que os professores passam até serem fixados. Tudo isto desgasta o magistério e estes sim, são assuntos que devem ser pautas de estudos não só de revistas, mas de toda sociedade que quer a qualidade de ensino seja resolvida no Brasil.

sábado, 23 de agosto de 2008

O PRIMO BASÍLIO

Meus queridos alunos dos segundos anos, achei os vídeos da série maravilhosa que passou na Globo de "O Primo Basílio", de Eça de Queirós. Quarta-feira, passarei para vocês, mas quem quiser ver aqui para matar a curiosidade... Esta obra é um dos clássicos da literatura portuguesa e sei que a maioria de vocês já está a procura do livro, pelo menos para achar o trecho mencionado na música, "Amor I love you", da Marisa Monte e Arnaldo Antunes. O vídeo que mais gosto é a cena antológica de Marília Pera, que faz a empregada Juliana contando para Luísa que tem as cartas. Acho que é a melhor cena dela como atriz. Mas o clipe da Marisa Monte também é belíssimo e foi baseado nesta obra de Eça. Assistam, depois nós comentaremos.
Neste site vocês poderão ler o resumo da obra e alguma análise.
Para os professores de português que acessam o meu blog, indico o meu OAC : Eça de Queirós e a crítica vertente.
Parte 1 : Cenas da mini série:"O Primo Basílio", com a música portuguesa de abertura. Realizada em 1987, com Giulia Gam, Marcos Paulo e Marilia Pêra.


Antológica cena da minissérie "O Primo Basílio" (TV Globo - 1987). Juliana (Marília Pêra), em atuação inesquecível, revela a Luísa (Giulia Gam) que nem todos os papéis foram para o lixo...

Jorge (Tony Ramos) conta para Luisa (Giulia Gam) que sabe que ela tem um amante.

Clipe de Marisa Monte e Arnaldo Antunes que faz referência ao livro "Primo Basílio".
Inclusive ele declama o trecho do livro que postei logo abaixo, onde descreve como Luísa ficou ao receber a carta de Basílio. Meninas do 2° ano, vocês vão adorar este clipe.
"Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA

Assisti esta semana este maravilhoso filme, que me foi recomendado pela minha amiga, a professora Sueli Fajardo. Há textos nos livros didáticos do Ensino Médio que fazem referência a este filme. Gostei e acho que todo professor de Literatura e Arte devem assisti-lo. Baseado no romance best-seller de Tracy Chevalier, o roteiro de Olivia Hetreed especula sobre quem é a garota que aparece no quadro Moça com Brinco de Pérola e por que ela aparenta estar ao mesmo tempo triste e achando graça de algo.
O filme também oferece ótimas lições sobre as técnicas e metodologia da pintura do século XVII.
Veja o vídeo do filme e sinta a belíssima trilha sonora.

Neste site você poderá ler sobre a biografia do pintor Johannes Vermeer, considerado o segundo pintor mais importante da Holanda, ficando atrás apenas de Rembrand.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

O "Adeus" de Teresa

A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala
E ela, corando, murmurou-me: "adeus."

Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa
E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"

Passaram tempos sec'los de delírio
Prazeres divinais gozos do Empíreo
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!. . . "
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"

Quando voltei era o palácio em festa!
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquesta
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!
E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"
Castro Alves

Análise:

Em "O 'adeus' de Teresa", o eu-lírico é um homem, é ele quem abandona, de início, a amada. Há, nesse poema, vários momentos do sujeito enunciador em relação à mulher amada. Na primeira estrofe, o eu-poético narra sua impressão a respeito da primeira vez que viu Teresa. Diz ele: "A vez primeira que eu fitei Teresa,/Como as plantas que arrasta a correnteza,/A valsa nos levou nos giros seus .../E amamos juntos ... E depois na sala/ 'Adeus' eu disse-lhe a tremer co'a fala.". Nota-se que, nessa primeira estrofe, o amado passa por vários estágios donjuanescos. De início, emerge o encantamento, o desejo; posteriormente, a conquista, a concretização do amor e, finalmente, o abandono. Mais uma vez, o poeta segue os rastros do mito e, após a "violação", abandona o ser antes desejado. Na terceira estrofe, o verso, em contrapartida, a última estrofe indica a transgressão ao romantismo, na medida em que é o homem o ser abandonado e não mais a figura feminina. Nesse momento, há a inversão de atitudes donjuanescas, pois não cabe ao homem o papel de seduzir, conquistar e rejeitar, mas sim à mulher que, após longos períodos de abandono, sente-se no direito de rejeitar o bon vivant. O texto de Castro Alves é uma exaltação à beleza e ao erotismo da mulher amada, contudo, a última estrofe, acompanhada do tom grandiloqüente do poeta, revela traição. Há um destaque interessante no título em que o poeta dá-nos uma pista de quem falará: adeus, pois a palavra está entre aspas, assim podemos entender que ela, Teresa, é quem diz o último adeus. O que choca o leitor desavisado, pois o poeta surpreende com este desfecho em época romântica.

Teresa
Manuel Bandeira

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo
.............................................................................................[nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

Análise:
Logo na primeira leitura já percebemos o dialogismo entre estes dois poemas. Tendendo mais para um poema-paródia do texto lírico de Castro Alves. Antilírico, o poeta revela distância da idealização, confirmando, na última estrofe, a presença das transformações seja no plano físico, seja no sentimental. O poema Teresa, de Manuel Bandeira, faz parte do livro Libertinagem, o primeiro livro modernista do autor. Narra a descoberta amorosa da personagem do título pelo eu lírico. Fala da trajetória do menino ao homem que se completa em três tempos: menino, adolescente e, finalmente homem, vê, por três vezes a mesma Teresa, até sucumbir de amor. Esta descoberta acontece de forma banal, sem os arroubos de paixão romântica, o que quebra a expectativa do leitor de encontrar uma grande história de paixão à primeira vista ou de encontrar uma grande musa por quem, mais à frente, o eu lírico irá se apaixonar.Teresa, para o eu lírico, à primeira vista, parece burra, pois a cara parecia uma perna. Depois, no entanto, o olhar sobre Teresa se aprofunda: é um olhar que investiga o olhar. O eu lírico olha no fundo dos olhos de Teresa, e enxerga Teresa além da perna. Teresa tem olhos velhos, e enxergar a alma velha dentro dos olhos não só denota um interesse como perceber olhos velhos indica uma relação já mais terna. Teresa tem um corpo jovem, mas seu olhar demonstra sofrimento e/ou sabedoria. A casca estúpida de Teresa é deixada de lado, a partir da segunda estrofe, pois o que se assinala então é o paradoxo da identidade da personagem. Por fim, na terceira estrofe, o eu lírico capitula diante de Teresa. O terceiro encontro é recheado por magia (os céus se misturam com a terra) e milagre (Deus caminha sobre a água), por uma descoberta de sensações profundas, misteriosas e grandiosas. É o momento em que o eu lírico não enxerga mais nada, o que denota uma impotência diante da visão de Teresa, sua perda de poder de reação. Neste verso, por sinal, Bandeira parafraseia, implicitamente, o dito popular "O amor é cego". Impossibilitado de ver, cego àquilo que enxergava até então (os defeitos de Teresa), o eu lírico está realmente apaixonado.

domingo, 17 de agosto de 2008

Velhos amantes, novos amigos

A reportagem de capa da revista Veja desta semana é muito preocupante, mas o que vou comentar aqui é a crônica de Lia Luft, achei-a muito inteligente e se todos pensarem como a cronista, os filhos só têm a ganhar por esta civilidade. Leia e tire suas conclusões:
"Ex-companheiros podem se reaproximar com bondade, tolerância e parceria, porque aprenderam a ser mais tolerantes, porque ficaram mais sábios" No meio desse mundo dominado por mediocridade e sordidez – que se manifestam sobretudo na vida pública, na qual há muito o bem do cidadão tem menos importância que o bolso e o poder dos que deviam cuidar dele –, aparecem dados positivos. Alguns, quase extraordinários, nos consolam, nos fazem pensar, nos servem de modelo. Falo em velhos casais separados, que voltaram a ter companheiros, mas se vêem outra vez sozinhos, por viuvez ou nova separação. Separação é sempre triste. Não há nenhuma alegrinha ou animada, tudo provoca culpa ou rancor. Filhos envolvidos sofrem sempre. O melhor que os pais podem fazer é decidir de coração aberto: "Não somos mais marido e mulher, mas somos pais desses filhos". Se isso for levado a sério, muita dor será evitada. Pessoas dignas e decentes conseguem fazer isso, passada a primeira tempestade de emoções. Os filhos convivem com pai e mãe, ambos igualmente interessados em sua vida, sua saúde, sua escola, suas amizades, seu crescimento enquanto seres humanos. O chão só se abre quando, o que é comum, os pais – ou um deles (a triste figura é em geral a materna) – usam os filhos para denegrir ou ferir o outro. Talvez o tempo nos torne mais civilizados nisso.

Lya Luft
Fonte: Veja ( 17/08/2008)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Sherlock Holmes : O mais excêntrico e arrogante detetive de todos os tempos


Dr. Watson ficou impressionado quando conheceu Sherlock Holmes pelo seu interessante método de dedução, comparando-o ao detetive francês Auguste Dupin, personagem de Edgar Allan Poe. Ofendido com a comparação Holmes respondeu: “Dupin é um sujeito medíocre”. Mas , claro, foi Dupin quem inspirou a criação do principal personagem de Sir Arthur Conan Doyle. Sua primeira aparição nas páginas da Literatura policial se deu no romance “Um estudo em vermelho”.
É nessa obra que Holmes pronuncia a frase que ecoaria na eternidade literária:”Elementar, meu caro Watson!”, em nenhuma outra história, Sherlock voltaria a falar a tal frase.É nesse mesmo livro que o famoso detetive inglês assevera a tamanha zombaria contra a base de sua criação. A verossimilhança do personagem de Conan Doyle é tanta que há quem acredite que ele de fato existiu,na Inglaterra existe até museu com pertences do mais conhecido residente da Baker Street.Essa crença tem suas razões plausíveis do ponto de vista literário, Sherlock é o personagem mais vivaz da Literatura policial e um dos mais expressivos de toda a Literatura, tanto que ofuscou o nome do seu próprio criador.
Interessante notar que em todas as narrativas, o foco do personagem secundário, no caso de Conan Doyle é o Dr. Watson quem narra estupefato as revelações dos mais intrigantes mistérios, impossíveis de serem desvendados pelos meros mortais. Mistérios estes que nem a Scotland Yard, mais um motivo de zombaria para Sherlock Holmes, é capaz de descobrir. Dupin,é claro, tem a mesma capacidade dedutiva de Holmes. A obra que mais influenciou a criação deste personagem foi "Os crimes da rua Morgue", conto que originou o gênero policial na Literatura, e A carta roubada, de Edgard Alan Poe. Se o genial Sherlock Holmes superou ou não o também genial Auguste Dupin, é assunto para a crítica especializada. A única tarefa incubida a nós simples leitores é a degustação do imensurável prazer de lermos as aventuras tanto de um quanto de outro.
Veja fotos de Jeremy Brett, ator que eternizou o personagem Sherlock Holmes, no cinema.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Elvis Presley: A Era do Rock and Roll

Neste sábado (16), completa-se 31 anos que o cantor e compositor norte-americano Elvis Presley morreu de insuficiência cardíaca em sua mansão, Graceland, na cidade de Memphis, Estados Unidos. Elvis tornou-se um dos maiores ícones da cultura popular mundial durante todo o século XX. Trinta e um anos após sua morte, ainda é o detentor do maior número de "hits" nas paradas mundiais e o recordista de venda de discos em todos os tempos, com quase 2 bilhões de cópias vendidas.
Em 1956, ao aparecer no programa de TV "The Milton Berle Show", Elvis levou a platéia ao delírio com seu rebolado ao interpretar "Hound Dog".



Provocando a ira de grupos conservadores que condenaram sua música e sua performance, considerada exagerada e sensual na época.A imagem de Elvis passou por grandes transformações durante sua carreira. Essas mudanças revelam aspectos divergentes da personalidade do cantor: Pouco a pouco, o rebelde de casaco de couro e cabelo empastado que chocou conservadores norte-americanos assumiu a persona de bom moço, abraçou os valores da classe média americana.
Apesar de ser bem pequena no auge do seu sucesso, pude presenciar alguns shows e todos seus filmes pela TV , além de testemunhar a loucura das fãs que viam em Elvis o protótipo da beleza e sensualidade. Existe muito mistério em torno de sua morte, mas o que interessa é curtir esta linda voz...

domingo, 10 de agosto de 2008

Retrato de Dorian Gray: O livro mais famoso de Oscar Wilde

Se formos analisar as palavras do sociólogo Comte, de que “todo homem nasce bom e é a sociedade que o corrompe”, temos em Dorian Gray um exemplo perfeito para justificar essa teoria sociológica.O livro de Oscar Wilde é extremamente interessante. Sua história questiona os valores morais, a beleza, o mito da eterna juventude, na estética e nos seus conflitos e desejos. Pelos seus diálogos percebemos questionamentos sobre a vida e nossa atuação nela. Dorian aproxima-se do mito de narciso ou, do mito faustiano onde, em prol dos prazeres mundanos pode-se vender a alma. A obra convida à reflexão sobre os padrões de beleza em cada sociedade, em cada época, envelhecimento X juventude, a procura de novas e prazerosas sensações a qualquer preço, o crime e a punição…
Dorian Gray é o personagem central de uma narrativa extremamente trágica e fantástica. Um jovem de cerca de 20 anos, dono de uma beleza narcizesca, que fascina a todos que o conhecem. Dorian é apresentado a escritos hedonistas, onde a busca do prazer deve ser o objetivo primordial e único de todos os homens; onde as causas, os modos e as formas não têm nenhuma importância, perante o objetivo principal. Dorian, então, é jogado em um mundo escuro, onde pecados são esquecidos apenas quando outros ainda maiores são cometidos. Uma pergunta feita a Dorian em determinado momento da obra, é bastante ilustrativo a respeito disso: “qual o proveito de um homem que ganha o mundo inteiro, mas perde sua própria alma?”. E é isso o que vemos ocorrer com ele. O bem e o mal são sempre discutidos e interpretações distintas são sempre atribuídas a eles. Quando Dorian faz uma boa ação, faz por realmente estar tentando ser bom, ou seria exatamente pelo contrário, e suas atitudes longe de possuir bondade, seriam apenas formas de enaltecer ainda mais seu já enorme ego? Como um toque de Midas ainda mais bizarro, tudo o que ele toca se degrada.
“(…) Dorian não respondeu. Passou distraidamente diante do quadro e virou-se de frente para ele. Quando o viu, recuou e, por momentos, o rosto ruborizou-se-lhe de satisfação. Assomou-lhe aos olhos uma expressão de júbilo, como se se tivessereconhecido pela primeira vez. Continuava imóvel e maravilhado, apercebendo-se vagamente de que Hallward estava a falar com ele, mas sem apreender o significado das palavras. A sensação da sua própria beleza surgiu-lhe como uma revelação. Nunca a sentira antes (...)”
É um livro que nos faz pensar sobre a juventude, o valor da beleza na sociedade, a vaidade e o caráter das pessoas. Vale a pena superar o início lento do livro para chegar ao final, que, claro, não vou contar. Para quem gosta de ver obras literárias nas telas, o livro já foi filmado e pode ser encontrado nas locadoras que possuam obras mais antigas. De vez em quando, também é possível vê-lo nas sessões de madrugada das grandes emissoras. É só ficar atento...
Aqui, a versão de 2004:
Mas eu prefiro a de 1945 por ser mais fiel à obra:

sábado, 9 de agosto de 2008

EPITÁFIO


Epitáfio
Quando um homem morre é como se uma biblioteca se incendiasse.
Este foi o epitáfio que nós escolhemos para o meu pai.
Realmente, ele era uma verdadeira biblioteca.
Lendo, relendo os livros que ele me deixou, vejo tantos sonhos revelados,
compreendo o sentido de tudo o que dizia, constantemente!
Talvez, hoje eu o entenda, porque me vejo nele.
Esse silêncio do sentir herdei dele.
Emudecer diante da dor ou da extrema alegria são características nossas.
Alguns chamam de indiferença e orgulho.
Nós sabemos que não.
É apenas o nosso jeito de não incomodarmos o mundo diante da pequenez do que somos.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Eu sou o que eu leio


Mistérios inconfessáveis, às vezes leitura por prazer, ou para resolver algum questionamento. Quase sempre não satisfaz.
A leitura, para mim é assim:
Prazer, questionamentos, angústias, lembranças, emoções.
Ao folhear as páginas, vêm às lembranças e o cheiro leva-me a infância: Lobato.
Não há emoção, sensação, lembranças que dê conta do tempo.
Remexendo nas lembranças encontro Machado, Alencar, meu pai.
Um suspiro... Arrepios em Eça, Devaneios em Dumas Filho e admirar Dostoiévski .

Lembranças da infância em Beethoven, Mozart e Rachimaninoff.
Estremeço em Edgard Alan Poe.
O tempo passa,
Mas a busca continua.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

SAMBA DO ARNESTO

Vídeo clipe em homenagem ao maior sambista paulista, Adoniran Barbosa. O próprio interpreta um de seus clássicos, "Samba do Arnesto". Fotos e videos da cidade de São Paulo.Numa noite qualquer de 1955, o compositor e alguns amigos foram até o bairro paulistano do Brás, então reduto da colônia italiana, para um samba que deveria ocorrer na casa do “Arnesto”, e ‘deram com a cara na porta’.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O CIÚMES NA LITERATURA

A intensidade dramática do ciúme faz dele um tema atraente para escritores. Alguns souberam tratá-lo com maestria e produziram obras primas. Citamos o exemplo clássico de Otelo, de William Shakespeare (1603) e de três romances da língua portuguesa:Dom Casmurro, de Machado de Assis (1899), Alves & Cia., de Eça de Queiroz (1925) e São Bernardo, deGraciliano Ramos (1934).
Otelo
Como em todas as tragédias, desde sua origem na Grécia antiga, o destino trágico dos personagens centrais está traçado desde o início. Prisioneiros de suas próprias limitações pessoais e sociais são arrastados para ele e não podem mudá-lo. Otelo, o general mouro de Veneza, é prisioneiro da cor de sua pele. Por seus dotes militares, é tolerado, mas não aceito pelos venezianos, que nutrem com relação a ele sentimentos racistas. Otelo está ciente desse preconceito e se sente inseguro. Para dissimular sua insegurança, comporta-se de modo grosseiro e impulsivo, a ponto de intimidar sua própria mulher, Desdêmona. A insegurança de Otelo faz com que seja receptivo às intrigas de Iago, que desperta seus ciúmes, insinuando um romance entre Desdêmona e Cássio. O ciúme se intensifica ao longo da peça e culmina com o assassinato de Desdêmona pelo marido. Uma acuada Desdêmona não pode também fugir a seu destino, como Otelo não pode fugir do crime e de sua autodestruição. O ciúme é um tema fundamental na tragédia, pois além do ciúme de Otelo por Desdêmona, temos o de Iago por Cássio, porque este tem um posto militar superior ao seu, e o de Rodrigo, cúmplice de Iago, por Otelo, porque está apaixonado por Desdêmona. É em Otelo que se encontra a mais genial - e certamente a mais popular - definição de ciúme: ciúme é um monstro de olhos verdes (a green-eyed monster).
Dom Casmurro
Se Otelo é o clássico mundial de obras literárias sobre o ciúme, no Brasil esta honra cabe a Dom Casmurro, de Machado de Assis. Até hoje é motivo de aceso debate se Capitu traiu ou não o marido com seu melhor amigo, Escobar. A questão, no fundo, é irrelevante, pois para entendermos o perfil psicológico de Bentinho, basta sabermos que ele acredita ter havido adultério. Também é irrelevante se o fato que desencadeou o ciúme - a forma intensa com que Capitu fitava Escobar no velório deste, perturbando Bentinho a ponto de impedi-lo de pronunciar o discurso fúnebre – ocorreu na realidade ou apenas existiu na imaginação do personagem.No despertar do ciúme, teve papel certamente preponderante o sentimento de culpa que carregava Bentinho por não cumprir a promessa de sua mãe, de tornar-se padre e daí o ressentimento inconsciente contra Escobar, que o ajudara a dissuadir a mãe de seu intento, permitindo seu casamento com Capitu. A culpa e o ressentimento eram tão fortes que Bentinho esteve a ponto de suicidar-se. Não o fez e depois de ter perdido a mulher e humilhado a ela e ao filho, se tornou o Dom Casmurro do título.
Alves & Cia.
Pode-se dizer que o romance de Eça é sobre o anticiúme. Godofredo Alves, voltando mais cedo que o costume para casa, flagra a mulher Ludovina, abandonada, sobre o ombro de um homem, que lhe passava o braço pela cintura, e constata petrificado, que se trata de seu sócio, Machado. Após ofender e expulsar de casa a mulher, começa a sofrer as dores do ciúme, mas, já nas primeiras páginas Eça deixa claro que o desejo de sofrer de Alves não vai longe: Então imediatamente resolveu resistir àquele estado de perturbação e inquietação. Quis que no seu espírito reinasse a ordem; que tudo na casa retomasse o seu ar regular e calmo. Naquele momento, ainda não manifestava Alves a intenção de reconciliar-se com Ludovina, mas aos poucos esta intenção vai se formando no seu espírito e, ao final, do romance já está os três juntos, o casal e o amigo Machado, brindando seu sucesso na vida e nos negócios.
Há no romance de Eça uma crítica sutil ao capitalismo e o apego da burguesia a coisas materiais. A separação de Alves era ruim para os negócios da firma: seria mal visto na praça e perderia a colaboração de um sócio eficiente. À violência do ciúme segue-se a frieza do cálculo financeiro, a ponto de Alves duvidar até mesmo que tenha visto Ludovina em atitude comprometedora.
São Bernardo
Em São Bernardo, o tema do ciúme vem mesclado com uma crítica ao coronelismo dominante noNordeste. O Coronel Paulo Honório considera as mulheres bichos difíceis de governar, mas quer casar para ter um herdeiro. Decide que a mulher ideal seria a filha do juiz, mas indo a casa dela para pedir sua mão ao pai, encontra uma outra moça, Madalena, que lhe parece mais interessante e acaba por casar-se com ela. Professora culta e politizada, Madalena desperta desconfianças do marido, por suas opiniões e por sua atitude generosa para com os explorados empregados de suas terras. Acha que ela é comunista e comunista, sem religião, é capaz de tudo. Passa a duvidar da honestidade da mulher. Atormenta-a de tal maneira, que Madalena comete suicídio. A vida de Paulo Honorato se transforma num imenso vazio. Chega à velhice solitária, perseguida pela imagem de Madalena. Paulo Honorato era dono de terras, de gado e da vontade dos homens. Casou com Madalena, não para ter uma companheira pela vida, mas com a atitude calculada de quem está acrescentando mais um item a seu patrimônio. Este novo item tinha um único propósito: dar-lhe um filho. Mas Madalena tinha idéias e vontades próprias, não lhe pertencia porque não se submetia. Madalena era o outro que nunca teve que enfrentar e o atemorizava. Precisava então destruí-la, pois estava em descompasso com o mundo que conhecia até então. Mas só poderia destruí-la se elaborasse em sua mente que Madalena não prestava daí a pecha de comunista, mais uma crítica de Graciliano aos preconceitos da época, e de adúltera. Quando Madalena se suicida, um gesto autônomo de vontade que não esperava, dá-se conta do que havia feito e, no fim do romance, solitário, conclui: Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos enormes.

domingo, 3 de agosto de 2008

AI DAQUELES, Paulo Leminski

Ai daqueles
que se amaram
sem nenhuma briga
aqueles que deixaram que a mágoa nova
virasse chaga antiga
ai daqueles que se amaram
sem saber que amar é feito pão em casa
e que a pedra só não voa
porque não quer
não por que não tem asa.
tyu
Paulo Leminski(1944-1989)
uioiuioiuio
Uma poesia linda, linda, de um poeta paranaense, para comemorar o meu 200º post.

sábado, 2 de agosto de 2008

Mulher lê mais que homem

As mulheres lêem mais que os homens, diz a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. O estudo, elaborado pelo Instituto Pró-Livro, mostra que população está acostumada a dedicar muito pouco, ou quase nenhum tempo aos livros. Do total dos leitores, 55% são do sexo feminino, público maior em quase todos os gêneros da literatura.Os homens lêem mais apenas sobre história, política e ciências sociais. Segundo a pesquisa, a Bíblia é o livro mais lido pela população brasileira, 43 milhões de pessoas já a leram, dos quais 45% afirmaram fazê-lo com freqüência. O segundo colocado é o livro "O Sítio do Picapau Amarelo", de Monteiro Lobato, apontado como o escritor mais lido no Brasil. A lista dos escritores brasileiros mais lidos inclui ainda, pela ordem, além de Lobato, Paulo Coelho, Jorge Amado e Machado de Assis.
Fonte:Folha de São Paulo