sábado, 30 de agosto de 2008

FRANKENSTEIN de MARY SHELLEY: O Prometeu Moderno

Todos sabem que o livro foi gestado quando o casal Shelley passava alguns dias às marges do Lago Genève, em companhia do poeta inglês Lord Byron. Pois bem, no meio das conversas à lareira, contavam histórias fantásticas e assombradas entre si, até que foi sugerido uma aposta: quem conseguiria escrever algo neste sentido tendo por base contos fantásticos. Em 1818, foi lançada a primeira edição do livro que se tornou um clássico universal. Hollywood filmou a história inúmeras vezes e Boris Karloff imortalizou a imagem que temos hoje do monstrengo criado por Victor Frankenstein, o estudante de ciências naturais que o criou. A maldade de Frankenstein é sugerida por seu subtítulo," O Prometeu moderno", no Cáucaso, onde o titã Prometeu que nos trouxe o fogo, acabou acorrentado a uma pedra, por ordem de Júpiter, um abutre lhe arrancara o fígado (não os olhos), que continuamente se regenerava e continuava a tortura _ punião por ter roubado o que pertencia aos deuses. Frankenstein tem um destino semelhante - não no fogo, mas no gelo , por sua ousadia em usurpar o poder que pertence exclusivamente a Deus: a criação da vida. O defeito fatal de Victor Frankenstein não é a loucura; ele é a antitese do estereótipo do "médico louco", como é tão retratado no cinema. Seu defeito é antes de tudo, o simples orgulho, associado a uma descrença na tecnologia que os românticos de todas as épocas parecem ter. Já foi salientado que Frankenstein é provavelmente a raiz principal da ficção científica tal como hoje a conhecemos, mas isso só é verdade no que tange à ficção científica da "utopia negativa" - desde que 1984 e Admirável Mundo Novo são os mais celebrados exemplos. O mal que é personificado na criação sem nome e horrenda de Victor Frankenstein tem sua gênese no tubo de ensaio; trata-se de uma criatura gerada pelo conhecimento destituído de moralidade. E quando o monstro semeia a destruição ao seu redor, em sua obsessiva perseguição a seu criador, podemos compreender muito bem o sentido de um lugar-comum como: "Que espécie de Frankenstein criamos? "Frankenstein é uma mística história de moralidade sobre o que acontece quando o homem ousa transgredir os limites do conhecimento.Quando professores e alunos voltam-se para a discussão de um romance como esse, a discussão é curta demais.Professores tendem a gastar muito tempo examinando as deficiências de técnica e estilo, e os alunos tendem a centrar o foco naquelas antiguidades curiosas. Quando Mary Shelley consegue criar cenas poderosas de desolação e de terror sinistro, as mais notáveis são, as silenciosas cenas polares quando a busca de vingança do monstro aproxima-se do fim. Ela evoca muito bem a área de Genebra , sobretudo se recordarmos que só estivera ali durante um breve período, quando escreveu Frankenstein. Pode-se dizer que esta obra é a parábola consciente ou inconsciente que Mary faz da sensibilidade romântica; Frankenstein e sua criatura representam o Yin e o Yang de um todo paradoxal, englobando beleza e horror, imaginação florescente e consciência social de autodestruição, capacidade que pode ser verificada nas vidas de quase todos os românticos de Percy a Byron.
Produção de 1910 por Thomas Edison:


Veja, agora a mais atual de 1994 com a excelente atuação de Robert DE Niro