sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

CAPITÃES DA AREIA


"...e foi desta época que a cidade começou a ouvir falar nos Capitães da Areia, crianças abandonadas que viviam do furto. Nunca ninguém soube o número exato de meninos que assim viviam. Eram bem uns cem e destes mais de quarenta dormiam nas ruínas do velho trapiche. Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas."

"Os Capitães da Areia", de Jorge Amado, é um livro belíssimo, sobre os miúdos "pé-descalço" abandonados à sua sorte, pelas ruas de Salvador da Bahia, nos anos 30. Um retrato social incrível, que chamava à atenção para a realidade repetida por esse Brasil afora, de pobreza e exclusão social. Pela perigosa revelação, foi apreendido e queimado em praça pública, a quando da primeira edição (1937), pelas autoridades do Estado Novo (o deles...), no início da ditadura de Getúlio Vargas. É ainda, a encantadora história de amor de Dora e Pedro Bala. Para mim, é um livro fascinante. É também o livro de Jorge Amado mais vendido em todo o mundo, além da edição portuguesa, foram feitas traduções para o alemão, árabe, croata, espanhol, francês, grego, húngaro, inglês, italiano, japonês, libanês, norueguês, russo, tcheco e ucraniano. Adaptado ao cinema, ao teatro, à dança e à televisão.