sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Orações para Bobby

 
 
RELATO DE ATIVIDADE DO CURSO DE DIVERSIDADES
Realizamos nas dependências do Colégio Estadual Unidade Polo- Ensino Fundamental e Médio um dos encontros do curso de Diversidades por meio da Coordenação da Supervisora Marlene, que aconteceu no Mês de setembro e teve como tema homossexualidade.

Escolhemos para estudo e debate o filme “Orações para Bobby", com o objetivo de orientação, reflexão e questionamento. É um filme baseado em um livro do mesmo título, de Leroy Aarons. Fala sobre o drama de ser homossexual na adolescência e em uma família muito religiosa. Um jovem se suicida após se sentir rejeitado pela mãe. A morte provoca um terremoto na família conservadora, e a história fica mais interessante com os desdobramentos: os parentes ficam se remoendo de culpa até encontrarem um caminho mais digno de superar o trauma.

O filme mostra a História de Mary Graffith e de como ela decidiu procurar saber a interpretação que bíblia diz sobre homossexualidade após o suicídio de seu filho. Para Mary Griffith infelizmente a história acabou de forma trágica, entretanto sua história mudou a vida de centenas se não de milhares de famílias norte-americanas que se deram a oportunidade de amar e compreender seus filhos acima de tudo e qualquer coisa. Mary passou a lutar pelos seus direitos.

O filme termina com a célebre frase de Mary: "Antes de dizerem amém em suas casas e igrejas pensem. Pensem e lembrem-se uma criança está ouvindo". Mary Griffith.

Quando o filme acabou estávamos muito emocionados, mal conseguíamos dar nossas opiniões. Mas, mesmo assim, demos nossas impressões, não havendo no grupo discordância. E foi unânime a aprovação das ideias que o filme relata e ainda citamos casos em que devemos nos preocupar principalmente no âmbito escolar e justamente na idade em que o adolescente mais sofre esse tipo de preconceito. Alguns professores quiseram passar o filme para o seu pen drive para poder repassá-lo aos seus familiares e amigos.

O gênio Rui Barbosa, em seu célebre discurso "Oração aos Moços", de 1919, já plantara a ideia de que a maior desigualdade que se pode cometer é tratar com igualdade os desiguais.

Ele fazia referência ao que hoje chamamos respeito à diversidade.

"Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Mas, se a sociedade não pode igualar os que a natureza criou desiguais, cada um, nos limites da sua energia moral, pode reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação, atividade e perseverança. Tal a missão do trabalho."

 (Rui Barbosa,1919)
A questão da igualdade entre os seres humanos aflige as mentes pensantes desde há muito tempo. Nós, profissionais da educação temos que estar sempre atentos para com o jovem que apresente alguma diversidade seja visto sempre pelo seu caráter, personalidade e dons intelectuais e principalmente, como ser humano.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Conto: Baleia

Estou postando o conto " Baleia" para os alunos dos terceiros anos que perderam a leitura do conto e o filme " Vidas Secas", de Graciliano Ramos. Também pode ser encontrado na obra " Os Cem melhores contos  Brasileiros do Século XX, de Italo Moriconi na Sala de Leitura.


                                  Baleia
Graciliano Ramos

A CACHORRA Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.

Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa nas base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.

Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito.

Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que advinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta:

- Vão bulir com a Baleia?

Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano afligiam-nos, davam-lhes a suspeita de que Baleia corria perigo.

Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se difereciavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiquiro das cabras.

Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinhá vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-­se e tratou de subjugá-los, resmungando com energia.

Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia.

Escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia.

Os meninos começaram a gritar e a espernear. E como sinhá Vitória tinha relaxado os músculos, deixou escapar o mais taludo e soltou uma praga:

- Capeta excomungado.

Na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde, zangou-se de verdade. Safadinho. Atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de ramagens.

Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. Bicho nojento, babão. Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa. Mas compreendia que estava sendo severa demais, achava difícil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável.

Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas. Como isto era impossível, levantou um pedaço da cabeça.

Fabiano percorreu o alpendre, olhando as barúna e as porteiras, açulando um cão invisível contra animais invisíveis:

-Ecô! ecô!

Em seguida entrou na sala, atravessou o corredor e chegou à janela baixa da cozinha. Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-se a e esfregar as peladuras no pé de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar às catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos de Baleia, que se pôs latir desesperadamente.

Ouvindo o tiro e os latidos, sinhá Vitória pegou-se à Virgem Maria e os meninos rolaram na caca chorando alto. Fabiano recolheu-se.

E Baleia fugiu precipitada, rodeou o barreiro, entrou no quintalzinho da esquerda, passou rente aos craveiros e às panelas de losna, meteu-se por um buraco da cerca e ganhou o pátio, correndo em três pés. Dirigiu-se ao copiar, mas temeu encontrar Fabiano e afastou-se para o chiqueiro das cabras. Demorou-se aí por um instante, meio desorientada, saiu depois sem destino, aos pulos.

Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. Quis recuar e esconder-se debaixo do carro, mas teve medo da roda.

Encaminhou-se aos juazeiros. Sob a raiz de um deles havia uma barroca macia e funda. Gostava de espojar-se ali: cobria-se de poeira, evitava as moscas e os mosquitos, e quando se levantava, tinha as folhas e gravetos colados às feridas, era um bicho diferente dos outros. Caiu antes de alcançar essa cova arredada. Tentou erguer-se, endireitou a cabeça e estirou as pernas dianteira, mas o resto do corpo ficou deitado de banda. Nesta posição torcida, mexeu-­se a custo, ralando as patas, cravando as unhas no chão, agarrando-se nos seixos miúdos. Afinal esmoreceu e aquietou-se junto às pedras onde os meninos jogavam cobras mortas. Uma sede horrível queimava-lhe a garganta. Procurou ver as pernas e não as distinguiu: um nevoeiro impedia-lhe a visão. Pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latina: uivava baixinho, e os uivos iam diminuindo, tomavam-se quase imperceptíveis.

Como o sol a encandeasse, conseguiu adiantar-se umas polegadas e escondeu-se numa nesga de sombra que ladeava a pedra.

Olhou-se de novo, aflita. Que lhe estaria acontecendo? O nevoeiro engrossava e aproximava­se.

Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito. Arregaçou o focinho, aspirou o ar lentamente, com vontade de subir a ladeira e perseguir os preás, que pulavam e corriam em liberdade.

Começou a arquejar penosamente, fingindo ladrar. Passou a língua pelos beiços torrados e não experimentou nenhum prazer. O olfato cada vez mais se embotava: certamente os preás tinha fugido.

Esqueceu-os e de novo lhe veio o desejo de morder Fabiano, que lhe apareceu diante dos olhos meio vidrados, com um objeto esquisito na mão. Não conhecia o objeto, mas pôs-se a tremer, convencida de que ele encerrava surpresas desagradáveis. Fez um esforço para desviar-se daquilo e encolher o rabo. Cerrou as pálpebras pesadas e julgou que o rabo estava encolhido. Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão, ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas.

O objeto desconhecido continuava a ameaçá-la. Conteve a respiração, cobriu os dentes, espiou o inimigo por baixo das pestanas caídas. Ficou assim algum tempo, depois sossegou. Fabiano e a coisa perigosa tinham-se sumido.

Abriu os olhos a custo. Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera. Os chocalhos das cabras tilintaram para os lados do rio, o fartum do chiqueiro espalhou-se pela vizinhança.

Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro. Franziu as ventas, procurando distinguir os meninos. Estranhou a ausência deles.

Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a importância em que se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades.

Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinhá Vitória guardava o cachimbo.

Uma noite de inverno, gelada e nevoenta, cercava a criaturinha. Silêncio completo, nenhum sinal de vida nos arredores. O galo velho não cantava no poleiro, nem Fabiano roncava na cama de varas. Estes sons não interessavam Baleia, mas quando o galo batia as asas e Fabiano se virava, emanações familiares revelavam-lhe a presença deles. Agora parecia que a fazenda se tinha despovoado.

Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem difícil no barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no seu espírito.

Provavelmente estava no cozinha, entre as pedras que serviam de trempe. Antes de se deitar, sinhá Vitória retirava dali os carvões e a cinza, varria com um molho de vassourinha o chão queimado, e aquilo ficava um bom lugar para cachorro descansar. O calor afugentava as pulgas, a terra se amaciava. E, findos os cochilos, numerosos preás corriam e saltavam, um formigueiro de preás invadia a cozinha.

A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito de Baleia. Do outro peito para trás era tudo insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carne meio comida pela doença.

Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo.

Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

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Fonte: RAMOS, Graciliano. Vidas secas, 82ªed. Rio de Janeiro: Record. 2001. p. 85-91.

Entregar uma resenha crítica no dia 15 de setembro.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Pequeno Príncipe no ensino de jovens e adultos


Este ano estou com uma turma bem diferente. A turma pertence ao ensino de jovens e adultos do ensino fundamental. São doze alunos em diferentes faixas etárias, com vários objetivos, mas a maioria com grande interesse em conseguir recuperar o tempo perdido. Ao observar a turma, percebi que sua expectativa quanto ao ensino de Língua Portuguesa era muito preocupante. Muitos achavam que não iriam conseguir ir até o final do curso. Principalmente quando comentei sobre as atividades de produção de textos. Para sanar essa preocupação resolvi investigar suas preferências literárias. O que já tinham lido, os filmes que haviam assistido os gêneros preferidos. Após esta análise pude verificar que as histórias ficcionais eram as que mais despertavam seus interesses, como também os temas de amor, justificadas pela própria idade. Alguns também demonstraram interesse por relacionamentos em geral, por isso decidi apresentar-lhes a obra “O Pequeno Príncipe”, em uma edição de colecionador. Após mostrar-lhes o livro e algumas passagens famosas, comecei a exibição do filme. No final desta etapa distribui as questões a serem trabalhadas em equipes conforme as séries.

As questões são as seguintes:

Séries iniciais:

a) Pesquise em sites de temas literários,todos personagens da obra e suas metáforas, isto o significado de cada personagem.

b) Qual a mensagem da raposa?

Séries finais:

a) Escolha 10 frases marcantes da obra e explique o que o autor quis dizer literalmente.

Na sequência, pedi que os alunos fossem ao laboratório de informática para fazerem as pesquisas na internet afim de que confrontem a opinião dos blogueiros com as suas. A partir dessas atividades pude perceber que o grau de interesse pela obra aumentou, percebendo o valor estético da obra e se identificando com ela.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Em Férias


Estou em férias na casa da minha filha Camila que mora em Terra Roxa - Pr. Capital nacional, da confecção moda bebê.

Particularmente, acho a cidade muito quente. Em compensação o povo é muito solidário, honesto, trabalhador e estar bem perto de Guaíra e do Paraguai é um de seus pontos positivos. Estive no Salto del Guairá três vezes nesta estada. É difícil vir ao Paraguai e não pensar em compras. 
Se quiser se aventurar, aconselho lojas como Shopping China, imagine um supermercado, onde você caminha entre perfumes, brinquedos, confecções, bebidas, celulares, computadores, instrumentos musicais; tudo com preços bem abaixo do que compramos no Brasil. O Shopping China é assim, mas com bebidas, chocolates suiços, roupas e, é claro maquiagens e produtos de beleza. Além do Shopping China, tem a Bless. a Queen Anne e a Towers, que são ótimas também, além de confiáveis.
É ótimo para comprar creme e shampoo da L’Oréal, Alfaparf, Kerastase, Redken entre outros bem mais em conta que no Brasil. Tem de tudo! Não resisti e acabei com minhas economias!!!! O bom é que são  produtos originais! Se ultrapassarem a cota de 300 dólares é obrigatório o preenchimento da declaração de bagagem, que é feita na aduana brasileira, na volta para o Brasil.