domingo, 29 de março de 2009

Música e Poesia: duas artes que se completam


A relação poesia e música sempre me fascinou. Mas sempre me pergunto: o que será mais importante, a poesia ou a música? O que diferencia um poema de uma música é o ritmo. Um poema pode virar música como é o caso de "E agora José?", de Carlos Drumond de Andrade, mas isto não quer dizer que todo poema pode virar música. O próprio Chico Buarque já falou em entrevista que compor é às vezes mais difícil do que fazer poesia, porque precisa procurar palavras que dê o ritmo a música, por exemplo é quase impossível alguém transformar o poema "Tabacaria" de Fernando Pessoa em música. E é um belíssimo poema, considerado um dos mais belo da literatura mundial, mas não tem ritmo musical.
Portanto, nem a poesia é mais importante que a música, nem a música é mais importante que a poesia, mas quando se unem há uma união perfeita.
"Schopenhauer, o filósofo do ‘ideal romântico’ da música,
defende que o mundo da música é o mundo dos sentimentos,
porque representa o que é mais íntimo, mais indizível,
mais misterioso da vontade.
O compositor revela a essência íntima do mundo
numa linguagem que a sua razão não saberia apreender
A música opõem-se aos conceitos, por excesso."

Além de poetas que fazem música e músicos que fazem poesia, encontramos outra forma de casamento entre música e poesia nas releituras musicais de textos da tradição poética. Renato Russo, por exemplo, tinha um grande talento para revitalizar e popularizar poemas antigos em suas canções, como fez com o célebre soneto “Amor é fogo que arde sem se ver” (1595), de Luís Vaz de Camões (1524-1580), considerado o maior poeta da língua portuguesa:

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Algumas músicas baseadas em poesias:
1-Canteiros, por Fagner. Baseada no poema" Marcha", de Cecília Meireles
2-Hino Nacional, tem uma estrofe da poesia de Gonçalves Dias " Canção do Exílio"
3-"Balada do Esplanada" (baseada em poesia homônima de Oswald de Andrade).
4-FUNERAL DO LAVRADOR ... um trecho do poema Morte e Vida Severina, do João Cabral de Melo Neto... por Chico Buarque.
5- E Agora José? de Carlos Drummond de Andrade, por Paulo Diniz.
6-As composições de Claude Debussy, inspiradas nos poemas de Charles Baudelaire e Paul Verlaine, incluindo o fascinante 3º movimento da Suíte Bergamasque de Debussy, o Claire de Lune, inspirado no poema homônimo de Verlaine.
7- Motivo, de Cecília Meireles ,musicado Fagner.
8- Rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes e musicado por Gerson Conrad.
9- Canção Amiga de Carlos Drummond de Andrade, musicado por Milton Nascimento.
Há também o Poema Sinfônico que é uma obra de caráter musical baseada em um poema ou texto literário. Em geral, escrito em forma de sinfonia, em um só ato, para ser executada por uma orquestra. O autor procura descrever sentimentos e despertar emoções advindas da obra em que ele se baseia.
Se alguém quiser contribuir para que esta pesquisa melhore, dê sua contribuição, pois sei que existem muitas outras obras poéticas que foram musicadas que não é do meu conhecimento.
Minha amiga cecília, do Cenas de Cinema, comentou sobre o documentário
" Palavra Encantada", dirigido por Helena Solberg, onde investiga a relação peculiar entre a poesia e a música popular no Brasil. A cantora Maria Bethânia não vê uma fronteira tão rígida entre a poesia e as letras de música. Apaixonada pelos versos do português Fernando Pessoa, entre outros, ela não raro declama poemas, e não só dele, em seus CDs e mesmo em shows.Chico Buarque, que dá uma das entrevistas mais longas do filme, rejeita sistematicamente o rótulo de "poeta" que vivem lhe aplicando, por conta da sofisticação de suas letras. No seu entender, ele é mesmo apenas um compositor.
Fiquei muito interessada em assistir a reportagem inteira.



terça-feira, 24 de março de 2009

A arte imita a vida: sala de aula e o cinema

Alguns bons filmes que passaram pelas grandes telas de cinema provam que a arte imita a vida também quando se refere à relação aluno-professor. Desde os clássicos "Ao Mestre com Carinho" até os mais recentes, como "O Sorriso de Monalisa", a revolução que os mestres causam não só na vida acadêmica do aluno, mas também na vida pessoal, é um tema que rende rolos e rolos de filmes.

Para o cineasta e professor de Comunicação Social da UVA Daniel Mattos, o fato de a atenção do cinema voltar-se para a figura do professor representa um aspecto cultural. "Nós vivemos em uma cultura em que a formação educacional das pessoas foi tendo peso cada vez maior na construção da sociedade. Fora da família, quem tem a responsabilidade da formação é o professor, por isso ele é referência. Hoje, ele ocupa o lugar que há tempos pertencia ao profeta ou ao clérigo.
O professor é um detentor do conhecimento, mas não o retém, está na sala de aula para disseminá-lo, isso torna sua figura muito folclórica", afirma Daniel. Na sua opinião, são tantos os filmes que colocam professores como protagonistas que o fato deixou de ser apenas um argumento cinematográfico para tornar-se um gênero.

E um gênero que é quase garantia de premiações, já que todos os filmes da categoria concorrem a prêmios e muitas vezes vencem. Alguns exemplos são "Sociedade dos Poetas Mortos", vencedor do Oscar de melhor roteiro original e do César (Oscar da França) de Melhor Filme Estrangeiro e "Ser e Ter", vencedor do César de Melhor Edição e eleito Documentário do Ano pelo European Film Awards e pela Sociedade Nacional dos Críticos dos Estados Unidos.
Se até Hollywood estendeu o tapete vermelho para essas produções, nós não podemos deixar de assisti-las. Confira abaixo a lista de filmes que colocam os professores em cena:


Ao Mestre com Carinho (1966)

Sidney Poitier interpreta Mark Thackeray, um engenheiro desempregado que resolve dar aulas em Londres, no bairro operário de East End. Ele enfrenta alunos indisciplinados e desordeiros. Mas Thackeray, acostumado a hostilidades, assume o desafio tratando os alunos como jovens adultos que em breve estarão se sustentando sozinhos.

Sociedade dos Poetas Mortos (1989)

Robin Williams interpreta John Keating, um carismático professor de literatura que chega em 1959 à Welton Academy, uma tradicional escola preparatória, onde revoluciona os métodos de ensino ao propor que seus alunos aprendam a pensar por si mesmos.

Mr. Holland - Adorável Professor (1995)

Richard Dreyfuss interpreta Glen Holland, um compositor que aceita o emprego temporário de professor para pagar as contas, enquanto dedica suas horas livres a escrever a canção que o colocará na história. Contudo, conforme os anos passam, ele percebe que sua verdadeira vocação era mesmo passar aos outros a paixão pela música.

Mentes Perigosas (1995)

Michele Pfeiffer interpretada Louanne Johnson, ex-soldado da Marinha que assume a vaga de professora em uma escola pública. Sua turma é formada por desajustados sociais, mas ela enfrenta o desafio, vence a resistência dos alunos e lhes mostra a importância da educação.

Nenhum a Menos (1999)

Wei Minzhi interpreta ela mesma, menina de apenas 13 anos que vive numa vila pobre do interior da China e assume de repente o comando de uma sala de aula. A evasão escolar é um dos males locais, por isso é oferecido a Wei um adicional no salário caso ela consiga evitar que mais alunos deixem a escola. Quando o menino Zhang Huike (Huike Zhang) abandona a classe para ir trabalhar na cidade e assim ajudar a família, a professora parte desesperada em seu encalço.

Ana e o Rei (1999)

Jodie Foster interpreta Anna Leonowens, professora inglesa que é chamada pelo rei do Sião para dar aulas a seus filhos sobre a cultura ocidental. Ela acaba se envolvendo nos assuntos do país e se apaixonando pelo monarca.

Música do Coração (1999)

Meryl Streep interpreta Roberta Guaspari, uma violinista que nunca se profissionalizou por ter se dedicado unicamente à família. Quando o seu marido a abandona, ela decide seguir seu sonho e começa a dar aulas de violino para crianças pobres do East Harlem. Ao aprender a acreditar em si mesma, Roberta prova às crianças que são capazes de fazer qualquer coisa na vida.
Ser e Ter (2002)

No documentário, o professor Georges Lopez mostra como é possível levar o mundo para dentro de uma pequena sala de aula multiseriada no interior da França. Fazendo do respeito e da igualdade a chave da comunicação entre crianças de diferentes idades, o professor mostra a elas que mais importante do que ter é ser.

O Sorriso de Monalisa (2003)

Julia Roberts interpreta Katherine Watson, professora recém-contratada de um ultraconservador colégio para moças da década de 50. Aos poucos ela vai ganhando a confiança das alunas e, até mesmo, a liberdade de opinar sobre o marasmo da vida das moças, presas a um sistema onde a perspectiva concreta de um casamento vale mais do que seus sonhos.

segunda-feira, 16 de março de 2009

O Homem e a Galinha, por Ruth Rocha


Era uma vez um homem que tinha uma galinha.
Era uma galinha como as outras.
Um dia a galinha botou um ovo de ouro.
O homem ficou contente. Chamou a mulher:
- Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher ficou contente: - Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha.
Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha.
Dava pão-de-ló, dava até sorvete.
E a galinha todos os dias botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Pra que este luxo todo com a galinha?
Nunca vi galinha comer pão-de-ló...
Muito menos sorvete! Vai que a mulher falou:
- É, mas esta é diferente. Ela bota ovos de ouro!
O marido não quis conversa:
- Acaba com isso, mulher. Galinha come é farelo.
Aí a mulher disse:
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim! - o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava farelo à galinha.
E a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão!
A galinha pode muito bem comer milho.
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim. - respondeu o marido.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha.
E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Pra que este luxo de dar milho pra galinha?
Ela que cate o de-comer no quintal!
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim - o marido falou.
E a mulher soltou a galinha no quintal.
Ela catava sozinha a comida dela.
Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Um dia a galinha encontrou o portão aberto.
Foi embora e não voltou mais.
Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão-de-ló.
Ruth Rocha, Enquanto o mundo pega fogo,2. ed.
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984.p.14-9.

Questões de análise semiótica

Questão 1
Todos os dias a galinha bota um ovo de ouro. Botar ovos é o seu trabalho. O ovo de ouro é o produto do seu trabalho. No entanto ele não pertence a galinha, mas ao dono, que, ao fim de um certo período, estará rico. Qual o tema que se pode extrair dessas figuras?

Questão 2

Em troca do ovo de ouro (produto de seu trabalho), a dona dá sucessivamente a galinha: mingau, pão-de-ló e sorvete, farelo, milho. No final, não lhe dá nada. A galinha tem de catar o de comer no quintal. O que significa as figuras mingau, pão-de-ló, etc., considerando que elas constituem o que se recebe para produzir ovos de ouro?

Questão 3

As figuras mingau, sorvete, etc., mostram que a retribuição à galinha é cada vez menor, enquanto o fruto de seu trabalho permanece constante (todos os dias bota um ovo de ouro). Como gasta cada vez menos com a galinha, o homem vai ficar mais rico. Qual o tema que aparece sob essas figuras?

Questão 4

A Galinha foi embora porque quase não lhe davam nada em troca do que produzia. Dizem que está numa casa onde a tratam a pão-de-ló. Essas figuras recobrem que sentido mais abstrato?

Questão 5

A mulher estava preocupada com o bem-estar da galinha quando a tratava com mingau, sorvete e pão-de-ló? Aponte no texto uma frase que justifica sua resposta.
Questão 6
Se compararmos este texto de Ruth Rocha às fábulas, poderemos transpor para as relações humanas. Que contextualização verifica-se em um terceiro nível de leitura?

Fonte: Free file sharing

sábado, 14 de março de 2009

O Lobisomem e o Coronel


O Lobisomem e o Coronel, por Elvis Figueiredo e Ítalo Cajueiro

Vivemos num país em que o folclore ainda tem força, vitalidade e influência na vida das pessoas e na cultura popular. O lobisomem vive a espreitar os campos, assim como o Saci, o Boitatá, a Iara, o Boto que se transforma em homem, o Negrinho do Pastoreio e tantas outras maravilhosas histórias de nosso povo. E esta fantástica prática de contar histórias, narrando “causos” de pai para filho, na sala de casa ou em frente de uma fogueira a iluminar os céus e dar mais brilho ao anoitecer, tão tradicional no Brasil, hoje se moderniza. É transportada dos encontros de família para as telas de nossos cinemas e da televisão. E se assim não fosse... Estariam condenadas ao esquecimento, ao ocaso, ao apagar das luzes. Sobreviveriam apenas de forma esparsa, escondidos pelos campos, aonde ainda existissem avós e pais com talento e disposição para contar histórias.Não apenas a TV e o Cinema preservam esta cultura. Os repentistas e os escritores que mantém a rica e importante literatura de cordel também preservam estes contos, estas criaturas, todo este encanto. Desfilam seus dons de cantadores e contadores de lendas, que juram ser verdadeiras, pelas ruas e mercados das principais cidades do Nordeste do Brasil, a encantar turistas de outras regiões e países. É a mais pura e genuína manifestação de riqueza cultural popular brasileira de que se tem notícia. Até quando conseguirão manter sua arte de pé? Isso não sabemos...O Lobisomem e o Coronel”, animação produzida pela dupla Elvis Figueiredo e Ítalo Cajueiro em 2002, nos permite conhecer [e temer] não apenas o lobisomem, mas também nos coloca em contato com o repentista e sua nobre arte de transformar histórias deliciosas em um animado e ritmado encontro no qual as rimas nos fazem soltar a imaginação.

Se não bastasse isto, há ainda a história daquela região – com seus coronéis e cangaceiros - e a própria paisagem árida a desfilar pelas telas numa criativa e divertida versão de contos celebrados pela literatura de cordel nordestina. Cordel, que é igualmente festejado ao longo do filme ao ser apresentado a todos como a principal fonte e referência para a história que toma conta de nossas telas.

“O Lobisomem e o Coronel” é mais uma excelente produção em curta-metragem a celebrar o que há de mais bonito em cada um de nós e que ainda assim, muitas vezes, teimamos em querer destruir, a nossa brasilidade... Não percam!
Assistam a Curta:




Interessante trabalhar na visão rizomática com o vídeo "Mistérios da meia-noite' com Zé Ramalho [Fantástico-Globo] by:IgorEntretenimento.
A música foi tema da novela "Roque Santeiro", exibida em 1985.


Há também o filme" O Coronel e o Lobisomem", baseado no livro homônimo de José Cândido de Carvalho

sexta-feira, 13 de março de 2009

La Traviata


Estou trabalhando a obra "A Dama das Camélias", de Alexandre Dumas Filho, com a turma do segundo ano, e quando lhes falei que existe uma ópera baseada neste livro ficaram bastante curiosos, por isso resolvi fazer esta postagem especialmente dedicada a eles.
"La Traviata" é baseada na história real da prostituta Marie Duplessis, uma das musas da alta sociedade parisiense na década de 1840. O próprio Dumas Filho foi seu amante e passou com ela um verão numa das residências do seu pai, o consagrado escritor Alexandre Dumas, autor de "Os Três Mosqueteiros", até hoje o mais conhecido romance de capa e espada.

Na peça teatral "A Dama das Camélias", Dumas Filho trocou o nome de Marie Duplessis para Marguerite Gauthier; em "La Traviata", Verdi a denominou Violetta Valéry. Na literatura brasileira, José de Alencar criou sobre a mesma história o romance "Lucíola".

A peça se passa na França, na década de 1840, durante o governo de Luís Felipe, apelidado como "rei burguês" ou "rei dos banqueiros".A alta burguesia copiava da nobreza o modelo da educação, colocava seus filhos nas mesmas escolas e frequentava os mesmos ambientes, quer fossem festas, exposições de arte, teatros de ópera ou palacetes do prazer.
A diferença fundamental entre a nobreza tradicional e alta burguesia nesse momento é que a burguesia defende o progresso econômico, dirige os seus negócios industriais, comerciais ou financeiros e dedica menos tempo ao ócio. Em "La Traviata", no primeiro ato, Alfredo Germont, um burguês originário da Provença, região do sul da França, é levado por um amigo ao palacete de Violetta, que na cena está cercada pelo marquês D' Obigny e pelo barão Douphol. Os homens vestem casacas pretas, não sendo possível diferenciá-los socialmente pela roupa e pelas maneiras.

No segundo ato, Alfredo e Violetta convivem na casa de campo dela. Subitamente Violetta recebe a visita do pai de Alfredo (Giorgio), que pede a ela que se afaste do filho, para não comprometer o casamento da irmã de Alfredo cujo noivo ameaçava romper o compromisso por causa do comportamento escandaloso de Alfredo ao viver com uma cortesã. A atitude do pai de Alfredo para preservar a honra da família transcorre dentro dos padrões da ética burguesa. Violetta, por sua vez, ao aceitar o pedido do pai de Alfredo, sacrifica o seu amor pela honra da família e retorna à vida mundana de Paris.

No terceiro ato, em estado terminal provocado pela tuberculose, Violetta recebe uma carta do pai de Alfredo; com remorso da sua atitude anterior, o pai de Alfredo contou ao filho a sua trama e a aceitação de Violetta para manter a honra da família. Porém, o perdão do pai e o retorno de Alfredo não trouxeram de volta a saúde de Violetta que falece em seguida.

Quando a burguesia assistiu a ópera, viu a sua ética ferida no perdão do pai de Alfredo. Jamais seria aceita a união de um jovem burguês com uma cortesã. Para aquela sociedade as prostitutas de luxo eram mercadorias descartáveis, que deviam ser substituídas após o uso."La Traviata" fracassou na estréia. A atitude hostil do público foi provocada pelo fraco desempenho dramático e musical dos cantores, o que evidenciou o desvio da ética burguesa contido no enredo. No ano seguinte, quando a ópera foi reapresentada, o novo elenco destacou o sacrifício de Violetta como o elemento principal do drama. "La Traviata" tornou-se então um sucesso.
fonte: Folha uol

quarta-feira, 11 de março de 2009

MEME Literário

Recebi um convite para um MEME muito interessante ,do Ygor do Blog Moviemento, em que tive de obedecer as seguintes regras:

1) Agarrar o livro mais próximo
2) Abrir na página 161
3) Procurar a quinta frase completa
4) Colocar a frase no blog
5) Repassar para cinco pessoas

Estou lendo, atualmente, a obra " Suave é a Noite",de F. Scott Fitzgerald do mesmo autor da obra " O Curioso caso de Benjamin Button". Nem havia chegado na página 161, mesmo assim deixo-a para que sintam um pouco o estilo do autor americano do início do século XX, onde retratou tão bem aquela época do fervilhante jazz e da borbulhante champanhe, de mulheres exóticas e exigentes.

"Pensou em publicar o novo livro no estado em que se encontrava _ num volume não documentado, de cem mil palavras, como introdução aos volumes mais científicos que se seguiriam."

Autor: F. Scott Fitzgerald
Editora:Suzano
Número de páginas:302
Passo o Meme para os amigos:





Webquest: Caso Pluvioso

Professores, gostei deste webquest para ser usado no laboratório de informática para trabalhar gêneros textuais em Língua Portuguesa.


terça-feira, 10 de março de 2009

Novo Acordo Ortográfico em Quadrinhos

Gostei muito da ideia que o site de Alcyr Vermelho sugere para trabalhar o acordo ortográfico de uma forma lúdica com os alunos. Acessem o site e vejam mais quadrinhos interessantes.

domingo, 8 de março de 2009

A Mulher e as relações de poder


O que eu observo é que a grande mudança que colaborou para as conquistas femininas veio após a participação política pelo direito de voto, logo a seguir veio a descoberta dos anticoncepcionais, separando em definitivo o sexo da reprodução e a absorção da mulher pelo mercado de trabalho.

Acho que após essas duas conquistas as mulheres sairam de seus casulos e despertaram para tudo o que podiam e tinham o direito de fazer, e essa é a mulher do terceiro milênio, que saiu para o mundo, mas levou a casa nas costas, acabou assumindo muitas tarefas e em consequência sentem-se solitárias e psicologicamente desamparadas, em situações que a emancipação econômica, sozinha, não pode resolver.

Na década de 60, tiveram a revolução sexual, mas agora, estão no auge de uma revolução intelectual e assumindo cargos importantes em todos os setores, mas ainda assim, trabalham, cuidam de filho, da casa, dos negócios, numa correria estressante. Por isso, o que está faltando em uma sociedade onde a relação de poder sempre foi essencialmente masculina, seja o que o professor Nilton Santos afirma: "Não basta outorgar direitos. O importante é propiciar, na sociedade de consumo, o acesso a estes direitos."

No passado as mulheres abriram os caminhos para sua emancipação, hoje estão concretizando seus ideais; resta somente à juventude quebrar alguns estigmas que ainda permanecem e renovar essas relações, para então caminharmos rumo a um mundo que seja mais justo e marcado pela igualdade.

sábado, 7 de março de 2009

Augusto dos Anjos: o poeta do hediondo


Conhecido também por “poeta da morte”, devido a forte presença em suas temáticas, havendo apenas, algumas discordância por parte dos críticos na maneira como cada análise lê esse tema em sua poesia.
Para Alexei Bueno (1994) a morte aparece como uma manifestação do pessimismo, como uma “implacável presença da maior das evidências da vida e do universo.
[...] destruidora paciente e impiedosa de todos os esforços e devaneios humanos” (in:ANJOS,1966, p. 23).

Lúcia Helena (1977), discordando da idéia de “obsessão”, defende que a morte é apenas mais um dos vários temas que fazem parte de seu universo temático, que ora aparece de maneira materialista, ora mais filosófica.
As características formais da maioria da obra de Augusto dos Anjos aproximam-no do Parnasianismo, pois quase tudo o que escreveu, o fez em versos decassílabos. Alguns destes versos são compostos por apenas duas palavras. Sua técnica foi apurada e escolheu recursos de esmero e cuidado, como se pode ler no soneto “O poeta do Hediondo”.


Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataca-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!

Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultra-inquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!

Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah Certamente eu sou a mais hedionda
Generalização do Desconforto...

Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!

Ivan Cavalcanti Proença (1980, p. 14) apresenta como incidências recorrentes na obra de Augusto dos Anjos as seguintes linhas temáticas e características:
_ rudeza materialista X lirismo espiritual;
_ ânsia de comunicação em monólogos de um solitário;
_ inquietação filosófica;
_ temática da morte;
_ musicalidade e sonoridade;
_ hermetismo e cientificismo.
Seguem esta linha pessimista os fragmentos citados abaixo. Primeiro aquele que está na última estrofe de “O poeta do hediondo”, e que está também em sua lápide e em "Vozes de um Túmulo":

Morri! E a Terra - a mãe comum - o brilho,
Destes meus olhos apagou!... Assim
Tântalo, aos reais convivas, num festim
Serviu as carnes do seu próprio filho!

[...] (“Vozes de um túmulo”) (ANJOS, 1994, p.330)

Classificar Augustos dos Anjos em um estilo literário daria muita polêmica, pois escrevou na forma parnasiana, usando temas filosóficos, passando pelo realismo em seu vocabulário cientificista, e passeando pelo romantismo em seu pessimismo , mas vivendo em um momento de transição para o modernismo.

Fonte:
BUENO, Alexei (org.). Augusto dos Anjos. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
HELENA, Lúcia. A Cosmoagonia de Augusto dos Anjos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977.
PROENÇA, Ivan Cavalcanti. O poeta do eu: um estudo sobre Augusto dos Anjos. 3.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A Porta


Eu sempre soube
que quando me
despedisse e fechasse
a porta

e vagarosamente descesse
toda a escadaria olhando
fixamente nos degraus

e entrasse no carro,
seguindo reto à
avenida,
e estacionasse na garagem

mesmo depois que eu
entrasse em casa
trocasse de roupa,
tirasse os anéis
escovasse os dentes,
os cabelos

mesmo depois que eu
fosse dormir
e sonhar e
no dia seguinte
eu acordasse,
você ainda estaria
olhando
para a porta.


Por Miriam Fajardo

terça-feira, 3 de março de 2009

Clássicos que não foram reconhecidos

Meu amigo , o Jacques do e-motion movies preparou um ótimo trabalho sobre os grandes filmes que foram indicados a oscar, mas não se sabe o porquê foram preteridos. Só que devido serem obras verdadeiramente artísticas, tornaram-se clássicos inesquecíveis. Vale a pena assistir ao vídeo:

segunda-feira, 2 de março de 2009

O Inesperado


Se um dia, por acaso,
a gente se encontrasse,
ia ser um caso sério.
Você ia rir de mim até amanhecer.
Eu ia até acontecer.
De dia, o sentimento de estar no mundo.
De noite, sentir-se indiferente às perdas e às culpas da travessia.
Eu ia tirar do ouvido
todos os sentidos.
Ia ser muito divertido
contar como tudo tinha acontecido.
Ia ser um riso
começar tudo de novo
todo dia,
a mesma alegria
até deixar de ser poesia
e virar tédio.
E nem o meu melhor vestido
seria remédio.
Daí vá ficando por aí,
eu vou ficando por aqui,
evitando,
desviando,
sempre pensando
quem sabe um dia...