sexta-feira, 13 de março de 2009

La Traviata


Estou trabalhando a obra "A Dama das Camélias", de Alexandre Dumas Filho, com a turma do segundo ano, e quando lhes falei que existe uma ópera baseada neste livro ficaram bastante curiosos, por isso resolvi fazer esta postagem especialmente dedicada a eles.
"La Traviata" é baseada na história real da prostituta Marie Duplessis, uma das musas da alta sociedade parisiense na década de 1840. O próprio Dumas Filho foi seu amante e passou com ela um verão numa das residências do seu pai, o consagrado escritor Alexandre Dumas, autor de "Os Três Mosqueteiros", até hoje o mais conhecido romance de capa e espada.

Na peça teatral "A Dama das Camélias", Dumas Filho trocou o nome de Marie Duplessis para Marguerite Gauthier; em "La Traviata", Verdi a denominou Violetta Valéry. Na literatura brasileira, José de Alencar criou sobre a mesma história o romance "Lucíola".

A peça se passa na França, na década de 1840, durante o governo de Luís Felipe, apelidado como "rei burguês" ou "rei dos banqueiros".A alta burguesia copiava da nobreza o modelo da educação, colocava seus filhos nas mesmas escolas e frequentava os mesmos ambientes, quer fossem festas, exposições de arte, teatros de ópera ou palacetes do prazer.
A diferença fundamental entre a nobreza tradicional e alta burguesia nesse momento é que a burguesia defende o progresso econômico, dirige os seus negócios industriais, comerciais ou financeiros e dedica menos tempo ao ócio. Em "La Traviata", no primeiro ato, Alfredo Germont, um burguês originário da Provença, região do sul da França, é levado por um amigo ao palacete de Violetta, que na cena está cercada pelo marquês D' Obigny e pelo barão Douphol. Os homens vestem casacas pretas, não sendo possível diferenciá-los socialmente pela roupa e pelas maneiras.

No segundo ato, Alfredo e Violetta convivem na casa de campo dela. Subitamente Violetta recebe a visita do pai de Alfredo (Giorgio), que pede a ela que se afaste do filho, para não comprometer o casamento da irmã de Alfredo cujo noivo ameaçava romper o compromisso por causa do comportamento escandaloso de Alfredo ao viver com uma cortesã. A atitude do pai de Alfredo para preservar a honra da família transcorre dentro dos padrões da ética burguesa. Violetta, por sua vez, ao aceitar o pedido do pai de Alfredo, sacrifica o seu amor pela honra da família e retorna à vida mundana de Paris.

No terceiro ato, em estado terminal provocado pela tuberculose, Violetta recebe uma carta do pai de Alfredo; com remorso da sua atitude anterior, o pai de Alfredo contou ao filho a sua trama e a aceitação de Violetta para manter a honra da família. Porém, o perdão do pai e o retorno de Alfredo não trouxeram de volta a saúde de Violetta que falece em seguida.

Quando a burguesia assistiu a ópera, viu a sua ética ferida no perdão do pai de Alfredo. Jamais seria aceita a união de um jovem burguês com uma cortesã. Para aquela sociedade as prostitutas de luxo eram mercadorias descartáveis, que deviam ser substituídas após o uso."La Traviata" fracassou na estréia. A atitude hostil do público foi provocada pelo fraco desempenho dramático e musical dos cantores, o que evidenciou o desvio da ética burguesa contido no enredo. No ano seguinte, quando a ópera foi reapresentada, o novo elenco destacou o sacrifício de Violetta como o elemento principal do drama. "La Traviata" tornou-se então um sucesso.
fonte: Folha uol