
Esse blog é um espaço para compartilhar música,imagens pesquisa, cinema, leituras com aqueles que se interessam por essas questões. É também um espaço de lazer e diversão.
sábado, 30 de agosto de 2008
FRANKENSTEIN de MARY SHELLEY: O Prometeu Moderno

quinta-feira, 28 de agosto de 2008
O Sapo, de Rubem Alves
Na experiência que fiz com este texto, contei a história e depois eles foram convidados a pegar uma folha de papel, dividir ao meio e escrever no alto, de um lado "sapo", de outro, "príncipe" ou "princesa". Depois, num diálogo consigo mesmo, escreveram sobre seus momentos-sapos e seus momentos-princesas e conversaram entre si. Em quantos feitiços bobos temos acreditado? Pense nisso: "Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar. A coragem contém em si mesma a força e a magia." Goethe.
(do livro "A Alegria de Ensinar", Ed. Papirus)
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Os 10 melhores filmes de comédia romântica
1.O amor verdadeiro existe.
2.Há alguém para cada pessoa, e quando o encontrarmos iremos ter o amor verdadeiro.
3.O relacionamento irá superar todos os obstáculos.
Muitas pessoas dizem detestar comédias românticas, pois elas mostrariam uma “visão irreal dos relacionamentos”. Em minha opinião, uma comédia romântica não tem nenhuma obrigação de ser um retrato fiel da realidade, para isso temos documentários. Penso que o principal objetivo é nos faz rir e ainda recarregar o otimismo.
Abaixo a minha seleção de boas comédias românticas:
1-O Diário de Bridget Jones Seria o poderíamos dizer o “Orgulho e Preconceito”, numa visão atual e ao mesmo tempo cômica. Ano novo; vida nova! Bridget, uma londrina de 32 anos, decide que chegou a hora de dar um novo rumo a sua vida… Os objetivos que define para os próximos doze meses consistem em emagrecer, deixar de fumar, deixar de beber, encontrar um noivo "lindo e sensível" e mudar de trabalho. Bridget controla a sua vida anotando tudo num diário: os cigarros que fuma, as calorias que ingere, os copos de álcool que bebe, as suas loucas aventuras e todos os amores que conquista e não conquista... O Diário de Bridget Jones é divertido, romântico, sensual e muito provocador! Com Renée Zellweger (Betty), Hugh Grant (Notting Hill) e Colin Firth (A Paixão de Shakespeare) e com uma banda sonora excelente!
Vale à pena a cena da briga dos dois pretendentes! É muito divertido por que não dizer: que mulher não gostaria de ter dois lindos homens brigando por ela? E a música: Its Raining Men “Está chovendo homem...”
2- As 10 coisas que odeio em você Filha caçula de uma família (Larisa Oleynik) está apaixonada pelo novo rapaz da escola, o mal encarado Patrick Verona (Heath Ledger). Mas o pai da menina só permite que ela namore caso a irmã mais velha, a irascível Kat Stratford (Julia Stiles), se comprometa primeiro a alguém. Adaptação de 'A Megera Domada', peça de Shakespeare, para os dias atuais.
3-Como perder um homem em 10 diasBen Barry (Matthew McConaughey) é um publicitário que faz uma aposta onde deve conquistar uma mulher em apenas 10 dias. A vítima é Andie Anderson (Kate Hudson), uma feminista que está escrevendo uma matéria de como perder um homem exatamente no mesmo período. Nessa brincadeira, os dois acabam se apaixonando, mas nenhum quer abrir a mão de perder a aposta, desconhecida pelo outro.
4- Um lugar chamado Nothing HillBonita e talentosa, a estrela de Hollywood Anna Scott (Julia Roberts) é o centro das atenções por onde passa e suas fotos estão estampadas em revistas, jornais e outdoors. Mas sua vida afetiva está longe de ser um sucesso. No entanto, durante uma temporada na Inglaterra, ela conhece o tímido William Thacker (Hugh Grant), dono de uma pequena livraria em Notting Hill. Graças a um incidente, eles ficam amigos e se apaixonam. Mas a atribulada carreira da atriz e o assédio da imprensa, além é claro de seu namorado, parecem ser obstáculos intransponíveis para que essa história de amor tenha um final feliz. Não sei se gosto do filme por causa da música": SHE", ou se gosto da música por causa do filme!

6-Harry e Sally - Feitos um para o outro

7- Como se fosse a primeira vez

8- Mensagem para você

9- Simplesmente amor

10- O amor custa caro

domingo, 24 de agosto de 2008
Os erros não são só dele: da revista VEJA também

Todos aqueles que acompanham o meu blog e minhas aulas sabem que sempre faço uso didático das melhores revistas em minhas aulas de produção de textos, mas nesta semana esta edição passou dos limites aceitáveis. Por esta razão, esta semana, vou usá-la em minhas aulas para mostrar seus erros e pré-conceitos. Veja publicou (20 de agosto de 2008) uma matéria, inacreditável sobre o ensino no Brasil. A matéria parecia querer discutir os problemas do ensino em função dos maus resultados de alunos brasileiros se comparados com outros no mundo afora (comparações sempre muito polêmicas), mas na realidade é uma crítica a suposta ideologização do ensino por professores e autores de livros didáticos. A reportagem concluiu que esse rendimento de nossos alunos é resultado de uma doutrinação comunista-esquerdista que temos em nossas escolas. Isso é um absurdo! É uma reportagem elitista, autoritária, agressiva, (pois não dá o direito de resposta).
O texto da reportagem começa com estas palavras: Vamos falar sem rodeios, (dando a entender que em outras reportagens elas usam esta técnica). Também utilizam uma linguagem irônica e contraditória. Inicialmente, dizem com enorme convicção, que não há conversas nos lares brasileiros sobre conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Com isso, querem concluir a pouca importância da escola no cotidiano do aluno. Mas eu só queria entender uma coisa: de quais lares elas se referem? Os lares da elite? Ah é esqueci que só os ricos podem comprar estas revistas. Por isso só se dirigem aos ricos e a maioria da reportagem critica as escolas particulares e os livros e apostilas adotados por elas. Só para quem me lê saber, sou professora estadual.
Outro detalhe que faço questão de criticar é a imagem da capa, pois sabemos que não foi esta criança quem escreveu no quadro esta frase. Lá aparece uma criança, uma lousa e giz, ele está escrevendo com os pés bem esticados, pois parece não alcançar o quadro e escreve a última letra com as mãos bem esticadas, fica claro que não poderia ter começado a frase. Ainda poderia analisar a grossura da letra comparada ao giz. Totalmente disforme. (Está claro que foi uma montagem mal feita) PURA IRONIA. Daqui para frente preocupem-se, também com as imagens que vocês veiculam, pois nós, professores/leitores fazemos uma leitura delas também.
Outra constatação que faço: afirmam que a reportagem baseou-se em uma pesquisa encomendada pela própria revista VEJA à CNT/Sensus. Claro, que se encomendaram já tinham a tese pronta só queriam algumas pesquisas para que seus argumentos tivessem mais valor, mas sabemos que a intenção já existia antes de iniciarem a pesquisa. Fica evidente que a revista não divulga toda a pesquisa, mas apenas aquilo que é de seu interesse.
Veja quer destacar a influência nociva e ideológica de professores de geografia e história sobre a cabecinha dos indefesos alunos, dizendo que há uma doutrinação nessas aulas, através de posturas de caráter apenas ideológico e equivocado. Afinal, os professores influenciam ou não no comportamento dos alunos em seu cotidiano? Porque se somos um perigo a essas crianças e temos forte influência ideológica sobre elas, não as entendo não comentarem nada sobre as aulas com os pais.
A capa da revista faz ironicamente uma relação com a deficiência dos alunos com a escrita. Com isso, é fácil concluir, a revista não está disposta a discutir qualidade da educação e sim a ideologia de professores de geografia e história. Chega uma conclusão assustadora ao analisar a resposta de professores sobre a principal função deles em sala de aula. Para cerca de 70% dos professores, a principal função da escola é “formar cidadãos” (como fiquei feliz com essa resposta!). A resposta dos professores é absolutamente perfeita. “Formar cidadãos” é discutir conteúdos, é incentivar o raciocínio, é discutir valores, é despertar para seus direitos e deveres, é construir solidariedade, é preparar para o mercado de trabalho, é desenvolver uma visão crítica da sociedade, enfim, “formar cidadãos” senhoras jornalistas é formar seres humanos.
Quando mencionam as personalidades por que não perguntar aos alunos o que os professores falam de Hitler ou de Bush? Eu gostaria muito de saber como é ser neutro em relação a uma personalidade histórica... Mas o mais deprimente e injusto foi a referência totalmente errônea que fizeram a Paulo Freire. Será que elas estudaram pedagogia? Pedagogas, quem foi Paulo Freire? Paulo Freire foi um cidadão que lutou sua vida toda pela democracia (foi perseguido pela ditadura no Brasil) e pelas injustiças sociais, tinha uma visão humanista da educação. Publicou cerca de 40 livros sobre educação, grande parte, traduzidos em várias línguas, inclusive o hebraico. Foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969. Além disso, no início de sua carreira no magistério, foi um alfabetizador de adultos, e criou uma metodologia libertadora. Sobre criticas aos livros didáticos deixo para os referidos autores e professores de geografia e história a incumbência de provar que quase todos os comentários são de assuntos polêmicos, com opiniões que podem ser sim diferentes entre autores, professores, alunos, pais, jornalistas e tudo mais que possa pensar. Faltou mostrar a verdadeira intenção da reportagem. Nós professores sabemos das reais dificuldades que as escolas passam como: atualização dos professores, a deficiência da infra-estrutura escolar e os próprios erros de livros e apostilas, mas erros de conteúdo realmente, a permanência do aluno na escola, a quantia de aulas que os professores têm que pegar para ter uma vida digna, a constante troca de escolas que os professores passam até serem fixados. Tudo isto desgasta o magistério e estes sim, são assuntos que devem ser pautas de estudos não só de revistas, mas de toda sociedade que quer a qualidade de ensino seja resolvida no Brasil.
sábado, 23 de agosto de 2008
O PRIMO BASÍLIO

Antológica cena da minissérie "O Primo Basílio" (TV Globo - 1987). Juliana (Marília Pêra), em atuação inesquecível, revela a Luísa (Giulia Gam) que nem todos os papéis foram para o lixo...
Jorge (Tony Ramos) conta para Luisa (Giulia Gam) que sabe que ela tem um amante.
Clipe de Marisa Monte e Arnaldo Antunes que faz referência ao livro "Primo Basílio".
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA

O filme também oferece ótimas lições sobre as técnicas e metodologia da pintura do século XVII.
Neste site você poderá ler sobre a biografia do pintor Johannes Vermeer, considerado o segundo pintor mais importante da Holanda, ficando atrás apenas de Rembrand.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
O "Adeus" de Teresa

Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala
E ela, corando, murmurou-me: "adeus."
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa
E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"
Passaram tempos sec'los de delírio
Prazeres divinais gozos do Empíreo
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!. . . "
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: "adeus!"
Quando voltei era o palácio em festa!
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquesta
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!
E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"
Castro Alves
Análise:
Manuel Bandeira
A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo
.............................................................................................[nascesse)
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
domingo, 17 de agosto de 2008
Velhos amantes, novos amigos

Fonte: Veja ( 17/08/2008)
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Sherlock Holmes : O mais excêntrico e arrogante detetive de todos os tempos

Interessante notar que em todas as narrativas, o foco do personagem secundário, no caso de Conan Doyle é o Dr. Watson quem narra estupefato as revelações dos mais intrigantes mistérios, impossíveis de serem desvendados pelos meros mortais. Mistérios estes que nem a Scotland Yard, mais um motivo de zombaria para Sherlock Holmes, é capaz de descobrir. Dupin,é claro, tem a mesma capacidade dedutiva de Holmes. A obra que mais influenciou a criação deste personagem foi "Os crimes da rua Morgue", conto que originou o gênero policial na Literatura, e A carta roubada, de Edgard Alan Poe. Se o genial Sherlock Holmes superou ou não o também genial Auguste Dupin, é assunto para a crítica especializada. A única tarefa incubida a nós simples leitores é a degustação do imensurável prazer de lermos as aventuras tanto de um quanto de outro.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Elvis Presley: A Era do Rock and Roll

Em 1956, ao aparecer no programa de TV "The Milton Berle Show", Elvis levou a platéia ao delírio com seu rebolado ao interpretar "Hound Dog".
Provocando a ira de grupos conservadores que condenaram sua música e sua performance, considerada exagerada e sensual na época.A imagem de Elvis passou por grandes transformações durante sua carreira. Essas mudanças revelam aspectos divergentes da personalidade do cantor: Pouco a pouco, o rebelde de casaco de couro e cabelo empastado que chocou conservadores norte-americanos assumiu a persona de bom moço, abraçou os valores da classe média americana.
domingo, 10 de agosto de 2008
Retrato de Dorian Gray: O livro mais famoso de Oscar Wilde

Dorian Gray é o personagem central de uma narrativa extremamente trágica e fantástica. Um jovem de cerca de 20 anos, dono de uma beleza narcizesca, que fascina a todos que o conhecem. Dorian é apresentado a escritos hedonistas, onde a busca do prazer deve ser o objetivo primordial e único de todos os homens; onde as causas, os modos e as formas não têm nenhuma importância, perante o objetivo principal. Dorian, então, é jogado em um mundo escuro, onde pecados são esquecidos apenas quando outros ainda maiores são cometidos. Uma pergunta feita a Dorian em determinado momento da obra, é bastante ilustrativo a respeito disso: “qual o proveito de um homem que ganha o mundo inteiro, mas perde sua própria alma?”. E é isso o que vemos ocorrer com ele. O bem e o mal são sempre discutidos e interpretações distintas são sempre atribuídas a eles. Quando Dorian faz uma boa ação, faz por realmente estar tentando ser bom, ou seria exatamente pelo contrário, e suas atitudes longe de possuir bondade, seriam apenas formas de enaltecer ainda mais seu já enorme ego? Como um toque de Midas ainda mais bizarro, tudo o que ele toca se degrada.
“(…) Dorian não respondeu. Passou distraidamente diante do quadro e virou-se de frente para ele. Quando o viu, recuou e, por momentos, o rosto ruborizou-se-lhe de satisfação. Assomou-lhe aos olhos uma expressão de júbilo, como se se tivessereconhecido pela primeira vez. Continuava imóvel e maravilhado, apercebendo-se vagamente de que Hallward estava a falar com ele, mas sem apreender o significado das palavras. A sensação da sua própria beleza surgiu-lhe como uma revelação. Nunca a sentira antes (...)”
É um livro que nos faz pensar sobre a juventude, o valor da beleza na sociedade, a vaidade e o caráter das pessoas. Vale a pena superar o início lento do livro para chegar ao final, que, claro, não vou contar. Para quem gosta de ver obras literárias nas telas, o livro já foi filmado e pode ser encontrado nas locadoras que possuam obras mais antigas. De vez em quando, também é possível vê-lo nas sessões de madrugada das grandes emissoras. É só ficar atento...
sábado, 9 de agosto de 2008
EPITÁFIO
Quando um homem morre é como se uma biblioteca se incendiasse.
Este foi o epitáfio que nós escolhemos para o meu pai.
Realmente, ele era uma verdadeira biblioteca.
Lendo, relendo os livros que ele me deixou, vejo tantos sonhos revelados,
compreendo o sentido de tudo o que dizia, constantemente!
Talvez, hoje eu o entenda, porque me vejo nele.
Esse silêncio do sentir herdei dele.
Emudecer diante da dor ou da extrema alegria são características nossas.
Alguns chamam de indiferença e orgulho.
Nós sabemos que não.
É apenas o nosso jeito de não incomodarmos o mundo diante da pequenez do que somos.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Eu sou o que eu leio

A leitura, para mim é assim:
Prazer, questionamentos, angústias, lembranças, emoções.
Ao folhear as páginas, vêm às lembranças e o cheiro leva-me a infância: Lobato.
Não há emoção, sensação, lembranças que dê conta do tempo.
Remexendo nas lembranças encontro Machado, Alencar, meu pai.
Um suspiro... Arrepios em Eça, Devaneios em Dumas Filho e admirar Dostoiévski .
Estremeço em Edgard Alan Poe.
O tempo passa,
Mas a busca continua.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
SAMBA DO ARNESTO


segunda-feira, 4 de agosto de 2008
O CIÚMES NA LITERATURA

Otelo
Como em todas as tragédias, desde sua origem na Grécia antiga, o destino trágico dos personagens centrais está traçado desde o início. Prisioneiros de suas próprias limitações pessoais e sociais são arrastados para ele e não podem mudá-lo. Otelo, o general mouro de Veneza, é prisioneiro da cor de sua pele. Por seus dotes militares, é tolerado, mas não aceito pelos venezianos, que nutrem com relação a ele sentimentos racistas. Otelo está ciente desse preconceito e se sente inseguro. Para dissimular sua insegurança, comporta-se de modo grosseiro e impulsivo, a ponto de intimidar sua própria mulher, Desdêmona. A insegurança de Otelo faz com que seja receptivo às intrigas de Iago, que desperta seus ciúmes, insinuando um romance entre Desdêmona e Cássio. O ciúme se intensifica ao longo da peça e culmina com o assassinato de Desdêmona pelo marido. Uma acuada Desdêmona não pode também fugir a seu destino, como Otelo não pode fugir do crime e de sua autodestruição. O ciúme é um tema fundamental na tragédia, pois além do ciúme de Otelo por Desdêmona, temos o de Iago por Cássio, porque este tem um posto militar superior ao seu, e o de Rodrigo, cúmplice de Iago, por Otelo, porque está apaixonado por Desdêmona. É em Otelo que se encontra a mais genial - e certamente a mais popular - definição de ciúme: ciúme é um monstro de olhos verdes (a green-eyed monster).
Dom Casmurro
Se Otelo é o clássico mundial de obras literárias sobre o ciúme, no Brasil esta honra cabe a Dom Casmurro, de Machado de Assis. Até hoje é motivo de aceso debate se Capitu traiu ou não o marido com seu melhor amigo, Escobar. A questão, no fundo, é irrelevante, pois para entendermos o perfil psicológico de Bentinho, basta sabermos que ele acredita ter havido adultério. Também é irrelevante se o fato que desencadeou o ciúme - a forma intensa com que Capitu fitava Escobar no velório deste, perturbando Bentinho a ponto de impedi-lo de pronunciar o discurso fúnebre – ocorreu na realidade ou apenas existiu na imaginação do personagem.No despertar do ciúme, teve papel certamente preponderante o sentimento de culpa que carregava Bentinho por não cumprir a promessa de sua mãe, de tornar-se padre e daí o ressentimento inconsciente contra Escobar, que o ajudara a dissuadir a mãe de seu intento, permitindo seu casamento com Capitu. A culpa e o ressentimento eram tão fortes que Bentinho esteve a ponto de suicidar-se. Não o fez e depois de ter perdido a mulher e humilhado a ela e ao filho, se tornou o Dom Casmurro do título.
Alves & Cia.
Pode-se dizer que o romance de Eça é sobre o anticiúme. Godofredo Alves, voltando mais cedo que o costume para casa, flagra a mulher Ludovina, abandonada, sobre o ombro de um homem, que lhe passava o braço pela cintura, e constata petrificado, que se trata de seu sócio, Machado. Após ofender e expulsar de casa a mulher, começa a sofrer as dores do ciúme, mas, já nas primeiras páginas Eça deixa claro que o desejo de sofrer de Alves não vai longe: Então imediatamente resolveu resistir àquele estado de perturbação e inquietação. Quis que no seu espírito reinasse a ordem; que tudo na casa retomasse o seu ar regular e calmo. Naquele momento, ainda não manifestava Alves a intenção de reconciliar-se com Ludovina, mas aos poucos esta intenção vai se formando no seu espírito e, ao final, do romance já está os três juntos, o casal e o amigo Machado, brindando seu sucesso na vida e nos negócios.
Há no romance de Eça uma crítica sutil ao capitalismo e o apego da burguesia a coisas materiais. A separação de Alves era ruim para os negócios da firma: seria mal visto na praça e perderia a colaboração de um sócio eficiente. À violência do ciúme segue-se a frieza do cálculo financeiro, a ponto de Alves duvidar até mesmo que tenha visto Ludovina em atitude comprometedora.
São Bernardo
Em São Bernardo, o tema do ciúme vem mesclado com uma crítica ao coronelismo dominante noNordeste. O Coronel Paulo Honório considera as mulheres bichos difíceis de governar, mas quer casar para ter um herdeiro. Decide que a mulher ideal seria a filha do juiz, mas indo a casa dela para pedir sua mão ao pai, encontra uma outra moça, Madalena, que lhe parece mais interessante e acaba por casar-se com ela. Professora culta e politizada, Madalena desperta desconfianças do marido, por suas opiniões e por sua atitude generosa para com os explorados empregados de suas terras. Acha que ela é comunista e comunista, sem religião, é capaz de tudo. Passa a duvidar da honestidade da mulher. Atormenta-a de tal maneira, que Madalena comete suicídio. A vida de Paulo Honorato se transforma num imenso vazio. Chega à velhice solitária, perseguida pela imagem de Madalena. Paulo Honorato era dono de terras, de gado e da vontade dos homens. Casou com Madalena, não para ter uma companheira pela vida, mas com a atitude calculada de quem está acrescentando mais um item a seu patrimônio. Este novo item tinha um único propósito: dar-lhe um filho. Mas Madalena tinha idéias e vontades próprias, não lhe pertencia porque não se submetia. Madalena era o outro que nunca teve que enfrentar e o atemorizava. Precisava então destruí-la, pois estava em descompasso com o mundo que conhecia até então. Mas só poderia destruí-la se elaborasse em sua mente que Madalena não prestava daí a pecha de comunista, mais uma crítica de Graciliano aos preconceitos da época, e de adúltera. Quando Madalena se suicida, um gesto autônomo de vontade que não esperava, dá-se conta do que havia feito e, no fim do romance, solitário, conclui: Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos enormes.
domingo, 3 de agosto de 2008
AI DAQUELES, Paulo Leminski
sábado, 2 de agosto de 2008
Mulher lê mais que homem

Fonte:Folha de São Paulo