domingo, 8 de março de 2009

A Mulher e as relações de poder


O que eu observo é que a grande mudança que colaborou para as conquistas femininas veio após a participação política pelo direito de voto, logo a seguir veio a descoberta dos anticoncepcionais, separando em definitivo o sexo da reprodução e a absorção da mulher pelo mercado de trabalho.

Acho que após essas duas conquistas as mulheres sairam de seus casulos e despertaram para tudo o que podiam e tinham o direito de fazer, e essa é a mulher do terceiro milênio, que saiu para o mundo, mas levou a casa nas costas, acabou assumindo muitas tarefas e em consequência sentem-se solitárias e psicologicamente desamparadas, em situações que a emancipação econômica, sozinha, não pode resolver.

Na década de 60, tiveram a revolução sexual, mas agora, estão no auge de uma revolução intelectual e assumindo cargos importantes em todos os setores, mas ainda assim, trabalham, cuidam de filho, da casa, dos negócios, numa correria estressante. Por isso, o que está faltando em uma sociedade onde a relação de poder sempre foi essencialmente masculina, seja o que o professor Nilton Santos afirma: "Não basta outorgar direitos. O importante é propiciar, na sociedade de consumo, o acesso a estes direitos."

No passado as mulheres abriram os caminhos para sua emancipação, hoje estão concretizando seus ideais; resta somente à juventude quebrar alguns estigmas que ainda permanecem e renovar essas relações, para então caminharmos rumo a um mundo que seja mais justo e marcado pela igualdade.

sábado, 7 de março de 2009

Augusto dos Anjos: o poeta do hediondo


Conhecido também por “poeta da morte”, devido a forte presença em suas temáticas, havendo apenas, algumas discordância por parte dos críticos na maneira como cada análise lê esse tema em sua poesia.
Para Alexei Bueno (1994) a morte aparece como uma manifestação do pessimismo, como uma “implacável presença da maior das evidências da vida e do universo.
[...] destruidora paciente e impiedosa de todos os esforços e devaneios humanos” (in:ANJOS,1966, p. 23).

Lúcia Helena (1977), discordando da idéia de “obsessão”, defende que a morte é apenas mais um dos vários temas que fazem parte de seu universo temático, que ora aparece de maneira materialista, ora mais filosófica.
As características formais da maioria da obra de Augusto dos Anjos aproximam-no do Parnasianismo, pois quase tudo o que escreveu, o fez em versos decassílabos. Alguns destes versos são compostos por apenas duas palavras. Sua técnica foi apurada e escolheu recursos de esmero e cuidado, como se pode ler no soneto “O poeta do Hediondo”.


Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataca-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!

Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultra-inquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!

Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah Certamente eu sou a mais hedionda
Generalização do Desconforto...

Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!

Ivan Cavalcanti Proença (1980, p. 14) apresenta como incidências recorrentes na obra de Augusto dos Anjos as seguintes linhas temáticas e características:
_ rudeza materialista X lirismo espiritual;
_ ânsia de comunicação em monólogos de um solitário;
_ inquietação filosófica;
_ temática da morte;
_ musicalidade e sonoridade;
_ hermetismo e cientificismo.
Seguem esta linha pessimista os fragmentos citados abaixo. Primeiro aquele que está na última estrofe de “O poeta do hediondo”, e que está também em sua lápide e em "Vozes de um Túmulo":

Morri! E a Terra - a mãe comum - o brilho,
Destes meus olhos apagou!... Assim
Tântalo, aos reais convivas, num festim
Serviu as carnes do seu próprio filho!

[...] (“Vozes de um túmulo”) (ANJOS, 1994, p.330)

Classificar Augustos dos Anjos em um estilo literário daria muita polêmica, pois escrevou na forma parnasiana, usando temas filosóficos, passando pelo realismo em seu vocabulário cientificista, e passeando pelo romantismo em seu pessimismo , mas vivendo em um momento de transição para o modernismo.

Fonte:
BUENO, Alexei (org.). Augusto dos Anjos. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
HELENA, Lúcia. A Cosmoagonia de Augusto dos Anjos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977.
PROENÇA, Ivan Cavalcanti. O poeta do eu: um estudo sobre Augusto dos Anjos. 3.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A Porta


Eu sempre soube
que quando me
despedisse e fechasse
a porta

e vagarosamente descesse
toda a escadaria olhando
fixamente nos degraus

e entrasse no carro,
seguindo reto à
avenida,
e estacionasse na garagem

mesmo depois que eu
entrasse em casa
trocasse de roupa,
tirasse os anéis
escovasse os dentes,
os cabelos

mesmo depois que eu
fosse dormir
e sonhar e
no dia seguinte
eu acordasse,
você ainda estaria
olhando
para a porta.


Por Miriam Fajardo

terça-feira, 3 de março de 2009

Clássicos que não foram reconhecidos

Meu amigo , o Jacques do e-motion movies preparou um ótimo trabalho sobre os grandes filmes que foram indicados a oscar, mas não se sabe o porquê foram preteridos. Só que devido serem obras verdadeiramente artísticas, tornaram-se clássicos inesquecíveis. Vale a pena assistir ao vídeo:

segunda-feira, 2 de março de 2009

O Inesperado


Se um dia, por acaso,
a gente se encontrasse,
ia ser um caso sério.
Você ia rir de mim até amanhecer.
Eu ia até acontecer.
De dia, o sentimento de estar no mundo.
De noite, sentir-se indiferente às perdas e às culpas da travessia.
Eu ia tirar do ouvido
todos os sentidos.
Ia ser muito divertido
contar como tudo tinha acontecido.
Ia ser um riso
começar tudo de novo
todo dia,
a mesma alegria
até deixar de ser poesia
e virar tédio.
E nem o meu melhor vestido
seria remédio.
Daí vá ficando por aí,
eu vou ficando por aqui,
evitando,
desviando,
sempre pensando
quem sabe um dia...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

HAIR


Como estamos na era de aquário, lembrei-me do musical, que gerou tanta polêmica na década de 60 e 70. Fala sobre os hippies dos anos 60 e fazia apologia de sua cultura de liberação das drogas, música, paz e amor. Ficou famosa por suas músicas e por suas cenas de nudez. Estreou na Broadway, em 1967. O musical segue a trajetória d’ A Tribo, um grupo de hippies da Era de Aquário politicamente ativos, em sua luta contra o recrutamento militar no período da Guerra do Vietnam.
O enredo da peça difere do enredo da versão cinematográfica dirigida por Milos Forman. No final, a maior diferença é que Claude chega à conclusão que a vida na Tribo não é o que ele realmente deseja e vai para o Vietnam. No filme, Berger toma seu lugar e morre na guerra. O musical encerra sem que o público fique sabendo o destino de Claude no Vietname.

No Brasil, Menos de um ano após a assinatura do Ato Institucional nº 5, que instaurou a fase mais dura do regime militar. A montagem original era repleta de cenas em que os atores apareciam nus, o que desagradou a censura. Seguiu-se uma penosa negociação e, ao final, os censores concordaram em que a nudez dos atores seria mostrada apenas uma única vez na peça.

Hair marcou a estréia de vários jovens atores e atrizes, que depois se tornaram famosos por suas atuações no teatro, cinema e televisão. O elenco inicial era composto por Armando Bogus, Sônia Braga, Maria Helena, Altair Lima, Benê Silva, José França, Neusa Maria, Marilene Silva, Laerte Morrone, Aracy Balabanian, Gilda Vandenbrande, Bibi Vogel, Acácio Gonçalves e Pingo. Sônia Braga, então com 18 anos, foi a grande estrela da peça. Entre os que se encantaram com Sônia, estava Caetano Veloso que compôs Tigresa em sua homenagem. Sônia era a tigresa de unhas negras e íris cor de mel.

Cena do filme "Hair" de Milos Forman (1979), com a música "Aquarius", legendada em português. Notem o aspecto astrológico: "Quando a Lua estiver na Sétima Casa e Júpiter alinhar-se com Marte"..e a cena do filme de 1968.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Você é cortês?


Assisti hoje ao programa da Oprah e fiquei muito intrigada com o tema escolhido. Nesta vida agitada que estamos levando atualmente nem nos damos conta se somos ou não grosseiros. A maioria das pessoas responderiam que não o são. Mas, depois de respondermos a nós mesmo a um teste em que foi apresentado no programa ficamos estupefatos, porque vemos que respondemos sim para a maioria delas.
Citarei algumas das perguntas que o programa fez com a platéia:
1-Você atrasa constantemente?
2-Você interromperia uma conversa cara a cara para atender o celular se não fosse importante?
3-Você já roubou a vaga de alguém porque conseguiu estacionar primeiro?
4-Você já passou no caixa rápido com mais de 10 itens?
5- Recolhe as fezes do seu cachorro?
6-Você já fofocou?
7-Você já roubou a comida de alguém na geladeira do trabalho?
8-Você já atendeu ao telefone e digitou um e-mail ao mesmo tempo?
E daí? Como você se sentiu?
Entrar na frente de alguém em um banco e segurar a porta, ajudar alguém a recolher uns papéis, se caírem no chão; são pequenos gestos que demonstram se a pessoa é cortês ou não, elas revelam-se naquilo que fazem cotidianamente.
Dar passagem para alguém atravessar a rua, esperar o vizinho chegar para subir no mesmo elevador, ajudar uma senhora a carregar os pacotes, enfim, ser humano e parceiro nesse mundo agitado.Porque esse mundo anda precisando muito de cordialidade.
Sinto que às vezes as pessoas pensam que ser cordial é ser fraco. Fingem sizudez e mau-humor para não parecerem frágeis. Mas o interessante é que no final do programa chega-se a uma conclusão incrível. Pesquisas apontam que se nós vivermos sisudos, sempre reclamando e maltratando os outros vamos perdendo a imunidade à doenças. Achei que é um bom argumento para sermos gentis com as pessoas que convivemos.

Obrigada...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

As coisas que me irritam no carnaval


Por que todo brasileiro tem que gostar de carnaval? Não vou dizer que odeio. Gostava dos carnavais como eram nos clubes, com confetes e serpentinas e uma boa banda tocando as marchinhas, mas hoje só existem carnavais nas ruas e até tocam sertaneja para o povo pular...Por isso, listarei aqui as coisas que me irritam nesta época:

1-Ter de aguentar a cobertura com vários flashes e eu tentando achar algo que não fale de carnaval na TV. Parece que o cérebro do repórter (ou do editor que faz a pauta) foi pular carnaval e o resto do corpo tem de fazer a matéria. Porque são todas horríveis. As perguntas se limitam a “tem carnaval mais animado que esse?” “A festa tem hora para acabar?” “Canta um trechinho do samba para a gente”,

2-Assistir durante anos as vinhetas da Globeleza que é sempre igual e que depois de substituída, continua igual!

3-Aguentar os sambas-enredo com as mesmas batidas todos os anos.

4- Mudar de canal e ver a mesma matéria repetida em todos canais: o povo na rua de Olinda , Recife...

5- Sempre os mesmos cantores baianos nos trios elétricos.

6- Tentar escapar do sensacionalismo. Pérolas do tipo “Fulana de tal cai no samba”? Também tem sempre um barraco de ciclano que brigou com beltrano e foi expulso da Velha Guarda?
Para não dizer que só critiquei, darei o lado bom

Ficar em casa cinco dias de papo para o ar é bom demais.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Namoro na Escola

O que você acha dos alunos namorando na escola? A maioria dos colégios trata com naturalidade o relacionamento entre os adolescentes, mas impõe regras para que eles não passem dos limites.
Veja a reportagem que comenta o assunto:

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Trilhas de Filmes dos anos 80

Sabe onde tem muita música boa dos anos 80?
Nas trilhas de filmes. Eram especiais. A começar por The Heat Is On, do saudoso Glenn Frey. Tema de Um Tira da Pesada (1984), a canção chegou a ser indicada ao Oscar.



Michael Sambello – Maniac. Trilha de Flashdance (1983).



Huey Lewis - Power Of Love. Trilha de De Volta Para o Futuro (1985). Está no nível do filme. Música boa para ouvir na estrada, num sábado a tarde ou até para usar de toque de celular.



Interpretada pela banda Survivor, “The Eye of the Tiger”, chegou ao topo da parada Billboard e ali ficou por seis semanas. A canção se tornou hino para aqueles que se dedicavam aos esportes e até virou tema do lutador de luta livre Hulk Hogan, que participa de Rocky III.



Dan Hartman - I Can Dream About You. Trilha de Streets of Fire (1984). Seguramente o melhor CD de trilhas do cinema nos anos 80. Grande elenco e proposta inovadora para a época.



Tina Turner - We Don’t Need Another Hero. Trilha de Mad Max 3 (1985). Tina Turner em grande forma canta uma de suas maiores músicas . Se você ouvir agora, acredite, vai passar o resto do dia cantando.



Clube dos Cinco (1985) ainda é um dos meus filmes favoritos. Ele encanta pela sua simplicidade, delicadeza e, principalmente, mensagem de reflexão sobre que adulto seremos. A marcante trilha do Simple Minds, Don’t You (Forget About Me), é inigualável.


Baseado em:Quem matou o Tangerina