sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Elis Regina :É de arrepiar o corpo e a alma!


Elis é daquelas raras cantoras que impunha uma marca indelével nas canções que interpretava. Nenhuma outra interpretação ousará chegar perto de Elis. Como Nossos Pais é um exemplo. Sua interpretação é simplesmente insuperável. Nunca mais surgiu uma cantora que se emocionasse tanto com as músicas...Ela é única, sempre será...E nós a perdemos tão cedo.

Águas de Março - Tom Jobim e Elis Regina no Fantástico

Elis Regina - Como Nossos Pais

Atrás da Porta - ao vivo
Elis chora. Essa interpretação é ímpar na História da Música Popular Brasileira.Ela se emociona na antológica interpretação de Atrás da Porta, de Chico Buarque, em uma cena do DVD "Grandes Nomes".

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Uns Braços, de Machado de Assis


Hoje faço questão de postar um trabalho que realizei na sala de aula do segundo ano “B”, do Colégio Estadual Unidade Polo, onde eu trabalho com Língua Portuguesa. Trabalhei o conto “Uns Braços”, de Machado de Assis. Depois do conto lido, analisado e debatido algumas especificidades da obra com a turma, pedi-lhes como atividade, uma resenha. E aqui está a resenha do aluno Geovani Scoassabi. Ao ler fiquei admirada com a visão crítica que ele demonstrou. Leiam e comprovem:

Um dos contos mais originais e incompletos do Realismo de Machado de Assis:”Uns Braços”. Nele Ignácio, um jovem de 15 anos, do interior que tinha ido morar na capital para estudar, apaixona-se sorrateiramente por D. Severina, uma senhora com o dobro de sua idade, casada com o solicitador Borges. A viagem pelo tempo dos acontecimentos que o autor apresenta em seus contos, facilita a leitura e a compreensão da história. O menino que de menino não tem nada, apaixona-se lúdica e eroticamente por uma imagem de sua anfitriã, através da visão dos braços nus de D.Severina. Quando menos se espera em um sonho, pensando em sua amada idealizada, Ignácio recebe um beijo de D. Severina, premeditado e recriminado por ela, que logo após o incidente proposital, despacha o rapaz de volta a sua origem, provavelmente com um sentimento de culpa e remorso. Hoje, acredito que o autor teria descrito com mais erotismo, mas o manteria incompleto como é a característica do autor. O caso de um jovem apaixonar-se por uma mulher mais velha é comum, influenciado por vários motivos, quer sejam eles: dinheiro ou popularidade. E acredito que em poucos casos, por amor.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Pare de fumar sorrindo

Como eu me preocupo muito com vocês, posto aqui um vídeo para vocês pararem de fumar sorrindo: um vídeo do Danilo Gentili falando sobre o cigarro:

domingo, 7 de setembro de 2008

Michael Jackson: O Astro que mudou


A música Billie Jean de Michael Jackson foi votada a melhor música dance de todos os tempos pelos ouvintes da Rádio 2 da BBC.Escrita por Jackson e lançada no álbum Thriller, de 1982 - disco que é considerado a obra-prima do cantor - a faixa ganhou dois prêmios Grammy e ficou no topo das paradas em 1983.
A melhor performance de Michael Jackson dançando Billie Jean

Mais uma relíquia de Michael Jackson:

sábado, 6 de setembro de 2008

Carlos Drummond de Andrade

Lira Romantiquinha
Por que me trancas
o rosto e o sorriso
e assim me arrancas
do paraíso?
Por que não queres
deixando o alarme
( ai, Deus: mulheres)
acarinhar-me?
Por que cultivas
as sem-perfume
e agressivas
flores do ciúme?
Acaso ignoras
que te amo tanto,
todas as horas,
já nem sei quanto?
Visto que em suma
é todo teu,
de mais nenhum
ao peito meu?
Anjo sem fé
nas minhas juras
porque é que é
que me angusturas?
Minha alma chove
frio e tristinho
não te comove
este versinho?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

ERRO DE PORTUGUÊS


Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português

Oswald Andrade inovou a poesia com seus pequenos poemas, em que sempre havia um forte caráter visual, criando o chamado poema-pílula. Analisando o poema Erro de português, a primeira imagem que nos vem é sobre o do ato de "vestir" e de "despir". Lembre-se que a forma como nos vestimos é um reflexo da sociedade a que pertencemos.As vestimentas de uma população refletem seus hábitos, sua cultura. Atentem também para as condições de chegada dos portugueses: "debaixo duma bruta chuva" As condições externas, alheias à nossa vontade, influenciam o que acontece conosco. Visto isso, agora pensem um pouco: o que é o ato de "vestir" e de "despir" nessa situação de encontro de civilizações? O que realmente representa a chuva e o sol, neste poema?

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Juventude Transviada

O filme “Juventude Transviada” é um desses filmes que nos fazem refletir sobre a relação entre pais e filhos e o produto dessa relação. Por quê? Porque no filme, considerado como um clássico do cinema, o jovem James Dean procura romper com as relações familiares e a falsa aparência de seus pais que consideram o modelo de vida deles, como normal. Mas o filme vai mais além e mostra também hábitos que hoje vemos como o de fumar e beber, que representam status, rebeldia, e independência. As gangs escolares da década de 50 não se comparam com as de hoje, pois se hoje os jovens assustam seus rivais com AR´s-15, e revólveres de calibe 38, na metade do século passado os canivetes faziam a alegria dos vencedores, e a humilhação e derrota para os vencidos. Apesar de ser um filme produzido antes da metade do século passado, “Juventude Transviada”, nos possibilita fazer uma reflexão sobre as instituições e de que forma elas foram se degradando, por não terem acompanhado os ventos das mudanças que estavam ocorrendo no mundo. "Juventude Transviada" foi proibido na Espanha e Inglaterra por incitar os jovens à violência. De qualquer forma, no Brasil, além de ser proibida para menores, serviu para popularizar a jaqueta vermelha que Dean usava. O filme começou a ser feito em preto-e-branco, mas, por ser em cinemascope, teve de ser refilmado do começo em cores. O filme foi um marco do gênero e na descoberta do público adolescente como tema e alvo consumidor desse tipo de história. Não ficou famoso pela sua capacidade de análise antropológica, mas sim pela criação de identidades, mitos e modelos de uma juventude que começava a sair da esfera de uma moral rígida.

sábado, 30 de agosto de 2008

FRANKENSTEIN de MARY SHELLEY: O Prometeu Moderno

Todos sabem que o livro foi gestado quando o casal Shelley passava alguns dias às marges do Lago Genève, em companhia do poeta inglês Lord Byron. Pois bem, no meio das conversas à lareira, contavam histórias fantásticas e assombradas entre si, até que foi sugerido uma aposta: quem conseguiria escrever algo neste sentido tendo por base contos fantásticos. Em 1818, foi lançada a primeira edição do livro que se tornou um clássico universal. Hollywood filmou a história inúmeras vezes e Boris Karloff imortalizou a imagem que temos hoje do monstrengo criado por Victor Frankenstein, o estudante de ciências naturais que o criou. A maldade de Frankenstein é sugerida por seu subtítulo," O Prometeu moderno", no Cáucaso, onde o titã Prometeu que nos trouxe o fogo, acabou acorrentado a uma pedra, por ordem de Júpiter, um abutre lhe arrancara o fígado (não os olhos), que continuamente se regenerava e continuava a tortura _ punião por ter roubado o que pertencia aos deuses. Frankenstein tem um destino semelhante - não no fogo, mas no gelo , por sua ousadia em usurpar o poder que pertence exclusivamente a Deus: a criação da vida. O defeito fatal de Victor Frankenstein não é a loucura; ele é a antitese do estereótipo do "médico louco", como é tão retratado no cinema. Seu defeito é antes de tudo, o simples orgulho, associado a uma descrença na tecnologia que os românticos de todas as épocas parecem ter. Já foi salientado que Frankenstein é provavelmente a raiz principal da ficção científica tal como hoje a conhecemos, mas isso só é verdade no que tange à ficção científica da "utopia negativa" - desde que 1984 e Admirável Mundo Novo são os mais celebrados exemplos. O mal que é personificado na criação sem nome e horrenda de Victor Frankenstein tem sua gênese no tubo de ensaio; trata-se de uma criatura gerada pelo conhecimento destituído de moralidade. E quando o monstro semeia a destruição ao seu redor, em sua obsessiva perseguição a seu criador, podemos compreender muito bem o sentido de um lugar-comum como: "Que espécie de Frankenstein criamos? "Frankenstein é uma mística história de moralidade sobre o que acontece quando o homem ousa transgredir os limites do conhecimento.Quando professores e alunos voltam-se para a discussão de um romance como esse, a discussão é curta demais.Professores tendem a gastar muito tempo examinando as deficiências de técnica e estilo, e os alunos tendem a centrar o foco naquelas antiguidades curiosas. Quando Mary Shelley consegue criar cenas poderosas de desolação e de terror sinistro, as mais notáveis são, as silenciosas cenas polares quando a busca de vingança do monstro aproxima-se do fim. Ela evoca muito bem a área de Genebra , sobretudo se recordarmos que só estivera ali durante um breve período, quando escreveu Frankenstein. Pode-se dizer que esta obra é a parábola consciente ou inconsciente que Mary faz da sensibilidade romântica; Frankenstein e sua criatura representam o Yin e o Yang de um todo paradoxal, englobando beleza e horror, imaginação florescente e consciência social de autodestruição, capacidade que pode ser verificada nas vidas de quase todos os românticos de Percy a Byron.
Produção de 1910 por Thomas Edison:


Veja, agora a mais atual de 1994 com a excelente atuação de Robert DE Niro

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O Sapo, de Rubem Alves

Era uma vez um lindo príncipe por quem todas as moças se apaixonavam. Por ele também se apaixonou uma bruxa horrenda que o pediu em casamento. O príncipe nem ligou e a bruxa ficou muito brava. “Se não vais casar comigo não vai se casar com ninguém mais”! “Olhou fundo nos olhos dele e disse: " Você vai virar um sapo! “Ao ouvir essa palavra o príncipe sentiu um estremeção”. Teve medo. Acreditou. E ele virou aquilo que a palavra de feitiço tinha dito. Sapo. Virou um sapo. Bastou que virasse sapo para que se esquecesse de que era príncipe. “Viu-se refletido no espelho real e se espantou”: “ Sou um sapo”. Que é que estou fazendo no palácio do príncipe? “Casa de sapo é charco". E com essas palavras pôs-se a pular na direção do charco. Sentiu-se feliz ao ver a lama. Pulou e mergulhou. Finalmente de novo em casa. Como era sapo, entrou na escola de sapos para aprender as coisas próprias de sapo. Aprendeu a coaxar com voz grossa. Aprendeu a gostar do lodo. Aprendeu que as sapas eram as mais lindas criaturas do universo. Foi aluno bom e aplicado. Memória excelente. Não se esquecia de nada. Daí suas notas boas. Até foi o primeiro colocado nos exames finais, o que provocou a admiração de todos os outros sapos, seus colegas, aparecendo até nos jornais. Quanto mais aprendia as coisas de sapo, mais sapo ficava. E quanto mais aprendia a ser sapo, mas se esquecia de que um dia fora príncipe. A aprendizagem é assim: para se aprender de um lado há de esquecer do outro. Toda aprendizagem produz o esquecimento. (...) Que este texto seja em homenagem a todos os sapos da Natureza e a todos os sapos que foram transformados por feitiços de crença, ilusão e medo, mas que podem transformar-se no que quiserem,quando descobrirem QUEM realmente são (príncipes, aventureiros, atletas, escritores, artistas...). Aprender é desaprender. Há coisas que precisamos desaprender e outras que precisamos tomar cuidado pra não perder. Como educadores, teremos a delicadeza de não permitir que nossas crianças desaprendam coisas essenciais à vida e à felicidade.
Na experiência que fiz com este texto, contei a história e depois eles foram convidados a pegar uma folha de papel, dividir ao meio e escrever no alto, de um lado "sapo", de outro, "príncipe" ou "princesa". Depois, num diálogo consigo mesmo, escreveram sobre seus momentos-sapos e seus momentos-princesas e conversaram entre si. Em quantos feitiços bobos temos acreditado? Pense nisso: "Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar. A coragem contém em si mesma a força e a magia." Goethe.
(do livro "A Alegria de Ensinar", Ed. Papirus)