quinta-feira, 10 de julho de 2008

O CORONEL E O LOBISOMEM

PONCIANO DE AZEREDO FURTADO: Dois metros de altura, barba ruiva, fortão, voz grossa, invencioneiro e bondoso. Por vezes, maluco da cabeça e apreciador de rabo-de-saia.
Confesso que ainda não tinha lido o livro até ver o lançamento do filme estrelado por Diogo Vilela, Selton Mello, Pedro Paulo Rangel e Ana Paula Arósio. Quando assisti ao filme pela TV fiquei bastante curiosa em ler o livro. Coronel Ponciano é um personagem extremamente peculiar, reflexo de um período de transição entre uma república baseada nos mandos e desmandos de um pequeno número de pessoas bem relacionadas, munidas de patentes militares e moradoras do interior, e do grande processo de urbanização ocorrido no século XX. A descrição do próprio personagem principal já nos mostra a preocupação do autor em satirizar esse sistema. Ponciano de Azeredo Furtado, é a matriz de vários personagens que surgiram após o lançamento do livro, como o invencioneiro Pantaleão, criado pelo gênio do meu conterrâneo, Chico Anysio.Mistura de valentão com froxo, casa nova e quasímodo (não pela beleza, mas pelo sucesso para com as mulheres), experiência no trato com as pessoas e ingenuidade completa no inverso, fazem desse um dos melhores personagens da literatura nacional no século XX. O autor José Cândido de Carvalho, resume em Ponciano “um personagem que corporifica em seus quase dois metros de inútil valentia o heróico e patético dos últimos senhores rurais da região canavieira do norte fluminense, destronados pelo incoercível processo de urbanização da sociedade brasileira”. José Cândido também mistura nos discursos de Ponciano, expressões de inspiração militar e jurídica com expressões tiradas de dentro dos currais e das plantações. Um mistura do popular e do acadêmico, gerando todo um “palavreado” novo dentro dessa história. E o Lobisomem do título, onde se encaixa nisso tudo? No livro ele é apenas mais um dos muitos casos contados e enfrentados pelo Coronel, sem nenhum destaque maior. O Coronel e Lobisomem de José Cândido de Carvalho é um livro imperdível para os amantes da nossa excelente literatura.
Carvalho, José Cândido. O Coronel e o Lobisomem. Rocco, 2000.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Você adora a trilogia Matrix?

Jean Braudrillard, o homem que detonou a trilogia Matrix.
Você tem que conhecer o pensador que inspirou os diretores e depois detonou os filmes. Como todo bom francês, o pensador Jean Baudrillard, que faleceu no ano passado aos 78 anos, se recusava a falar em inglês. Mas conseguiu ser muito popular nos Estados Unidos porque seu nome sempre esteve na boca e nos ouvidos dos espectadores da trilogia Matrix. No primeiro filme dos irmãos Wachowski, o hacker Neo (Keanu Reeves) guarda seus programas de paraísos artificiais no fundo falso do livro Simulacros e Simulação, de Baudrillard. Keanu leu o livro e costuma mencionar o autor em todas as suas entrevistas sobre Matrix Reloaded, o último filme da trilogia. Foi o ensaio sobre como os meios de comunicação de massa produzem a realidade virtual que inspirou os diretores de Matrix a criar o roteiro.
Veja o que Baudrillard disse de Matrix: — É uma produção divertida, repleta de efeitos especiais, só que muito metafórica. Os irmãos Wachowski são bons no que fazem. Keanu Reeves também tem me citado em muitas ocasiões, só que eu não tenho certeza de que ele captou meu pensamento. O fato, porém, é que Matrix faz uma leitura ingênua da relação entre ilusão e realidade. Os diretores se basearam em meu livro Simulacros e Simulação, mas não o entenderam. Prefiro filmes como Truman Show e Cidade dos Sonhos, cujos realizadores perceberam que a diferença entre uma coisa e outra é menos evidente. Nos dois filmes, minhas idéias estão mais bem aplicadas. Os Wachowskis me chamaram para prestar uma assessoria filosófica para Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, mas não aceitei o convite. Como poderia? Não tenho nada a ver com kung fu. Meu trabalho é discutir idéias em ambientes apropriados para essa atividade.

domingo, 6 de julho de 2008

CIBERCULTURA E CYBERPUNK

O Programa Cyber Cubo, gravado na disciplina de Telejornalismo II, do curso de Comunicação Social da Feevale, apresenta uma entrevista com Adriana Amaral, sobre os temas Cyberpunk e CIBERCULTURA, onde a professora de Mestrado da Universidade TUIUTI de Curitiba disse que o que impulsionou a cibercultura e o cyberpunk foi o filme Blade Runner em um primeiro momento e depois MATRIX. A entrevista do programa Cybercubo gravado em abril na TV Feevale (Novo Hamburgo - RS) foi realizada sob orientação da professora Paula Puhl. O formato foi bem interessante e inovador, buscando algumas referências como o Roda Viva. Espero que gostem. Seguem as quatro partes. Quem se interessa por cinema e literatura deve assistir as quatro partes para ficar informado sobre esta atual cultura.
Parte 1


Parte 2:

Parte 3

Parte 4:

Cenas do filme, de 1982, que inpirou esta estética: BLADE RUNNER

AUTO DA LUSITÂNIA

Auto da Lusitânia é uma peça escrita por Gil Vicente em 1531 e representada pela primeira vez em 1532, na corte de D. João III, rei de Portugal, por ocasião do nascimento de seu filho, o rei D. Manuel.
Fragmento:(linguagem original - 1532)

Entra hum cortesão e diz:
Cor: Vosso pae he ca, senhora?
Led: Que lhe
quereis vós dizer?
Cor: Pregunto a vossa mercê.
Led: Per hi sahio elle
fóra
A arrecadar não sei que.

Quereis-lhe algua coisa?
Havei-lo
mister, senhor?
Cor: Tem elle muito lavor?
Led: De ventura não repoisa
Nem sossega o peccador.
Cor: Vossa mãe he tambem fora?
Led: Mas em
cima está cosendo
E eu ando isto fazendo.
Cor: Não devia tal senhora
Como vós andar varrendo,

Senão enfiar aljofre
E perlas orientaes,
Não sei como isto se sofre.
Led: Minha mãe tem no seu cofre
Duas
voltas de coraes.
Cor: Senhora, sam cortesão,
E da linhagem d’Eneas,
E por vossa inclinação
Folgára de ser d’Abrahão
O sangue de minhas
veas.

Mas vosso e não de ninguém
He tudo o que está comigo,
E
quero-vos grande bem.
Led: Bem vos queira Deos amen:
Quereis outra
coisa, amigo?

Cor: Temo muito que me leixe
Vosso amor pobre coitado
De favor com quem me queixe.
Led: Lançae na sisa do peixe,
E logo
sois remediado.
Cor: Não falo, senhora, disso,
Por que eu me queimo e
arco
Com dores de coração.
Led: Muitas vezes tenho eu isso:
Diz
MestrAires que he do baça.
E reina mais no verão.

Cor: Mas, senhora,
por amar
Fiz minha sorte sugeita,
E perdi a mais andar.
Led: Crede,
senhor, que o jogar
Poicas vezes aproveita
Dom Senegal Saborido,
Que
tinha tanta fazenda,
Por jogar está perdido,
Que não tem o dolorido
Nem que compre nem que venda.

Cor: Ó doce frol antre espinhas,
Crede o amor sem mudança
Que vos tenho e que vos digo.
Led: Assi
huas primas minhas
E toda esta vezinhança
Todos tem amor comigo:
Dom
Isagaha Barabanel
E Rabi Abram Zacuto,
O Donegal Coronel,
E Dona
Luna de Cosiel,
E todos me querem muito.

Cor: Senhora, por piadade
Que entendais minha rezão;
Entendei minha verdade,
Entendei minha
vontade,
E mudareis a tenção:
Entendei bem minha dor,
E mil maleitas
quartans,
Que por vós hão de me matar
Led: Assi he meu pae, senhor,
Que tem dored d’almorrans,
Que he coisa de apiadar.


Como produção de texto, pedi aos alunos do primeiro C (noturno), ensino médio, que transpusessem o fragmento para os dias atuais. Escolhi uma produção que gostei muito. Leiam e comprovem:


Orotides: Oi! Como vai você?

Você está muito linda,

Eu não resisti, você parece uma rosa azul

Seu sorriso brilha mais que um diamante.

Márcia: Realmente o dia está lindo.

Parece uma rosa se abrindo.

Orotides: Então, você gostaria de um passeio?

Quem sabe na praça? Podemos tomar um sorvete.

Márcia: Bem que eu queria, mas estou gripada amigo.

Orotides: Tenho muito que te falar, coisas lindas de verdade.

o que eu te mostrarei é a realidade.

Márcia: É devo concordar que a realidade às vezes é difícil.

Orotides: Você já vem com pedras na mão,

perto de você acende o meu pobre coração.

Márcia: Agora eu vou confessar,

um segredo a você,

meu pai também anda com esta dor no coração.

Orotides: Quando te vejo o sangue ferve,

parece que vou explodir.

E para os seus pais eu vou te pedir.

Márcia: Deve ser pressão alta,

às vezes sentimos algo estranho,

melhor ver o que é...

Orotides: Você é uma bela flor

Entre espinhos e é linda de se apreciar.

Márcia: Há, como eu queria que a minha vida

Fosse um mar de rosas, mas só encontro espinhos.

Cada coisa que me aparece...


quinta-feira, 3 de julho de 2008

FICÇÃO CIENTÍFICA

Ficção Científica é um "gênero" literário que apresenta enredos ficcionais e fantásticos, mas cuja fantasia propõe-se a ser plausível, quer em uma época e local distante ou no presente. Não se analisa como um gênero tal como Drama, Policial ou Aventura. Uma obra de Ficção Científica pode estar em qualquer gênero como por exemplo:
FICÇÃO CIENTÍFICA E Terror: A Mosca, Alien
FC E Ação: Total Recall, The Terminator
FC E Romance: Em Algum Lugar do Passado, Kate & Leopold
FC E Policial: Robocop, Blade Runner
FC E Drama: Inimigo Meu, Soyent Green
F C E Desenho Animado: WALL .E
A grande diferença é que ela tenta convencer seu público de que as idéias que apresenta podem não ser possíveis no contexto atual, mas poderiam ser, valendo-se de uma explicação científica ou pelo menos racional. É diferente da Ficção Fantástica onde a preocupação de afirmar a viabilidade real de seus acontecimentos não ocorre, ou ocorre de forma não racional. Para validar algo que não é possível no nosso contexto atual, a Ficção científica pode recorrer a: Ambientação Futura.
Inteligências não humanas: Extraterrestres, Intraterrestres, Interdimensionais etc.
Inteligências Humanas: Gênios e Cientistas. Fenômenos Desconhecidos.
Interessante é que se fizermos uma pesquisa, encontraremos uma porcentagem pequena de pessoas que declaram ser esse seu gênero favorito, por outro lado, este é com certeza o gênero cinematográfico mais bem sucedido do mundo. Basta olhar a lista das maiores bilheterias cinematográficas mundiais, evidentemente compostas por filmes de Hollywood. Tirando Titanic, a maioria é de Ficção Científica, Star Wars, Independence Day, O Dia Depois de Amanhã ET, Batman e etc.
Um bom apreciador desse gênero necessita ter receptividade a idéias novas, abertura a ousadias intelectuais. É o que fez a PIXAR no filme WALL .E, onde foi explorada a FUTURÂMICA TERRENA com VIAGENS PARA FORA DA TERRA .Trata-se de qualquer ambientação que localize-se no futuro em nosso planeta, mas em geral aborda uma era mais adiantada tecnologicamente e ou socialmente. É o que os roteiristas do filme fizeram, unindo as duas perspectivas e deu certo.
WALL .E pode ser trabalhado sob diferentes ângulos, um dos quais serve de alerta:
Será que é possível a ficção se tornar realidade?
Vamos acumular tanto LIXO que teremos de sair da terra?
O lixo vai matar toda e qualquer forma de vida vegetativa?
Como sempre a PIXAR foi inteligente ao atingir o público infantil por despertar neles esta preocupação, pois em nós, adultos, parece que é tarde.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Conheça a candidata Jandaiense ao título de Miss Mundo Brasil 2008


No dia 26 de julho deste ano, dez beldades concorrerão ao título de Miss Mundo Brasil 2008, para representar o Brasil no concurso Miss Mundo, que será disputado em 4 de outubro de 2008 em Kiev, na Ucrânia. A nossa linda jandaiense chama-se Amanda Bocchi Silveira e fará parte desta seleta seleção. As dez candidatas ao título deste ano foram selecionadas entre as finalistas das duas últimas edições. Ou seja: todas as dez já têm experiência em concursos nacionais. Páreo duro...Então, para ajudá-la a vencer este concurso, você que lê o meu blog, entre no site abaixo, visualize a nossa candidata e dê o seu voto. Entre, navegue bastante, veja as fotos de todas candidatas, mas não esqueça de votar na Amanda, porque ela é , realmente, a mais bonita delas.

terça-feira, 1 de julho de 2008

NÃO BEBA NADA


O conar, órgão máximo do mercado publicitário faz uma advertência sobre as propagandas de bebidas, "Beba com moderação". Afirmam que devem utilizar:" O mais saudável é não beber nada".
Hoje, recebi a revista ISTO É com a reportagem de capa BEBER E DIRIGIR, com uma imagem bem elucidativa: Um mulher algemada e ao mesmo tempo segurando uma taça de bebida alcoólica.
É a tolerância zero, com o objetivo de diminuir o alto índice de acidentes com mortes envolvendo motoristas embriagados e geralmente jovens. Claro que sabemos que esta realidade deve mudar. Na reportagem da revista, podemos observar que foi divulgada uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo, que analisou o comportamento de 6.356 motoristas durante dois anos em cinco cidades e mostra dados alarmantes. Dos que concordaram em se submeter ao bafômetro (75% dos entrevistados ), 19% estavam com nível de álcool no sangue superiores a 0,6 g/l. Números, em média, seis vezes mais elevados que as pesquisas feitas em países desenvolvidos. E são os jovens as vítimas de acidentes de trânsito.
Esta nova lei está longe de ter a unanimidade da população. Muitos discordam afirmando que é uma lei para primeiro mundo, onde há bons transportes públicos e que no Brasil nem pode-se cogitar uma pessoa andar a pé palas ruas, à noite pelas grandes cidades. Sabemos que algumas medidas precisam ser tomadas para que esta lei funcione. A política de tolerância zero para o álcool implica em uma mudança de hábitos. Os bares e restaurantes precisam achar soluções criativas para driblar esta situação, mas por outro lado os taxistas devem estar bem felizes, pois se a turma da bebedeira não eleger um motorista para ser o piloto da noite só restará largar o carro e pegar um táxi.
Assista o comercial de divulgação contra beber e dirigir da Irlanda e sinta os efeitos e as conseqüências deste ato impensado:

sábado, 28 de junho de 2008

SEM DESTINO

Em 27 de setembro de 1967, Peter Fonda estava descansando num hotel em Toronto, Canadá. Ficou olhando uma foto de The Wild Angels (1966), que o mostrava junto a Bruce Dern em frente a duas motocicletas. Começou a nascer na cabeça do filho de Henry Fonda, irmão de Jane, um pequeno filme de estrada, que mudaria Hollywood para sempre, sintetizando os medos e as esperanças dos anos 60. Era Sem destino (Easy Rider, 1969). Dois motoqueiros hippies viajando pelos Estados Unidos de motocicletas em busca de uma grande partida de cocaína. "Eu e o Dern seremos os caubóis modernos", delirou Peter Fonda. No lugar de John Wayne ou Gary Cooper, ali estavam eles, vivenciando plenamente a liberdade na estrada. A Rocco lançou no Brasil, como parte da coleção Artemídia, o livro Sem destino (Easy Rider), do escritor e crítico norte-americano Lee Hill. Após uma pesquisa detalhada, Hill vai fundo nos bastidores desse filme que, mesmo com um orçamento modestíssimo (US$ 365 mil), com seu tom desolador e com seu final ultradeprimente, faturou mais de US$ 60 milhões em todo o mundo. (No mesmo ano, Alô Dolly, de Gene Kelly, com custo de US$ 26,4 milhões, arrecadou apenas US$ 15,2 milhões.) O filme imaginado por Peter tinha tudo para não dar certo. Uma parte crucial (cenas de rua e no cemitério de Nova Orleans) foi filmada de improviso, fora do tempo e um tanto fora do roteiro, com uma câmera de 16 mm. O diretor Dennis Hopper provocou revoltas ao revelar-se um autoritário implacável e entrar em choque de egos com Peter Fonda. O roteirista Terry Southern queixou-se de que seu trabalho foi desrespeitado, desvirtuado e "estragado" na montagem final. Mas a estréia de Easy Rider em Cannes, em 13 de maio de 1969, foi recebida com um silêncio atônito, seguido de uma ovação de pé. Não ganhou a Palma de Ouro, mas Hopper foi considerado o melhor diretor novo. Recebeu duas indicações para o Oscar, nas categorias de melhor ator coadjuvante (Jack Nicholson) e melhor roteiro original. A crítica ficou encantada. Era o começo de um novo cinema americano. Lee Hill comenta: "Sem destino mostrava não só onde o Paraíso e o Inferno podiam estar, como também, mais dolorosamente, onde a Queda havia começado". Este filme despertou em muitos jovens a paixão pelas DUAS RODAS, como também, associada a idéia de liberdade e aventura que até hoje, ainda faz os cinqüentões saírem em bandos pela estrada em suas potentes motos.
Sobre o autor:
Nascido nos Estados Unidos, Lee Hill é escritor e crítico de cinema, sendo também o biógrafo do escritor e roteirista Terry Southern.
Fonte:http://www.editoras.com/rocco/022282.htm
A música tema do filme é de Steppenwolf "Born to be Wild".
Veja o momento em que Peter Fonda joga o relógio e começa a aventura:

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O feminino em Machado de Assis

Pretenderia Machado de Assis o matriarcado? Assim, dizem muitos dos estudiosos de sua obra, para os quais ele era mesmo feminista. Sobretudo por seu explícito, e corajoso, reconhecimento das necessidades emocionais, econômicas e sexuais da mulher — exposto em romances e contos. A obra de Machado de Assis, assim como Flaubert, Balzac e Eça de Queirós, destaca a questão da sexualidade feminina. Em seus romances podemos notar uma mulher que quer poder escolher a forma de sentir e amar, embora a maioria só tentasse em pensamento, pois viviam muito isoladas em suas casas, tinham pouco estudo, e sua principal meta era um casamento. Se houvesse amor, melhor, mas não era o principal,pois a questão do amor era secundária, era um luxo que muitas mulheres não tinham : Machado,fiel à ideologia das décadas de 1850-60, assim o trata em Ressureição, em A mão e luva, mas redime o amor em Memorial de Aires, numa “recomposição com a vida”, fazer convergir para o corpo o protesto da sua sexualidade insatisfeita.
Escrevia sobre mulheres e para mulheres: parece mesmo que tinha certa predileção em escrever para este público. Sua obra, de modo geral, encena vários tipos femininos, com histórias povoadas de muitas personagens e situações que mostram as alternativas com que as mulheres se defrontam na vida: assim é com Lívia de Ressurreição, Guiomar de A mão e a luva, Helena, Iaiá Garcia, Virgília e Marcela de Brás Cubas, Sofia de Quincas Borba, Capitu de Dom Casmurro, Flora de Esaú e Jacó, Fidelia e Carmo de Memorial de Aires, além da profusão das protagonistas de inúmeros contos — como “Missa do galo”, “Capítulo dos chapéus”, “Singular ocorrência”, “Uma senhora”, “Trina e una”, “Primas de Sapucaia!”, “Noite de almirante”, “A senhora do Galvão”, “Uns braços”, “D. Paula”, Rita, em “A Cartomante”, que encenam vários tipos femininos e situações com as quais as mulheres se defrontam na vida comum, podendo mesmo ser classificados como Estudo sobre o feminino, ao demonstrarem a sensibilidade de Machado no trato de questões que envolvem moral, ética, preconceito social, autoritarismo, amor, ciúme e adultério.
Suas mulheres ficcionais, orgulhosas ou tímidas, calculistas ou levianas, singelas ou complexas. Machado preocupou-se com o psicológico de maneira muito especial, podemos constatar nos climas, ambientes, situações existenciais sutis e delicadas: as mulheres surgem como personagens de grande densidade psicológica, tornando o enredo de suas obras muito denso, de difícil compreensão. Na maioria dos romances, a mulher é o elemento forte, traz o homem dependente de si, ela é o esteio, a base da relação. Há matriarcas que dominam e comandam propriedades e a família, viúvas que não se casam, em que se percebe que a figura masculina é, por vezes, desnecessária.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

MÔNICA JOVEM

O Empresário e desenhista Mauricio de Sousa decidiu revelar o mistério que envolvia a nova versão da Turma da Mônica. As novas histórias desenhadas no estilo japonês vão mostrar Mônica, Cebolinha e os demais personagens na fase adolescente. O lançamento da revista está previsto para agosto e será mensal.
O projeto parece interessante, mas acho que perde um pouco a magia e o encanto. Afinal, os traços e roteiros das historinhas da Turma da Mônica marcaram época. Como será o plano infalível do Cebolinha agora? E o Chico Bento? Continua caipira? E o Cascão continua sem querer tomar banho? Será que existe espaço pra ele nesta evolução? De qualquer forma, é esperar para ver o resultado.
Vi no Buteco da net.