sábado, 28 de junho de 2008

SEM DESTINO

Em 27 de setembro de 1967, Peter Fonda estava descansando num hotel em Toronto, Canadá. Ficou olhando uma foto de The Wild Angels (1966), que o mostrava junto a Bruce Dern em frente a duas motocicletas. Começou a nascer na cabeça do filho de Henry Fonda, irmão de Jane, um pequeno filme de estrada, que mudaria Hollywood para sempre, sintetizando os medos e as esperanças dos anos 60. Era Sem destino (Easy Rider, 1969). Dois motoqueiros hippies viajando pelos Estados Unidos de motocicletas em busca de uma grande partida de cocaína. "Eu e o Dern seremos os caubóis modernos", delirou Peter Fonda. No lugar de John Wayne ou Gary Cooper, ali estavam eles, vivenciando plenamente a liberdade na estrada. A Rocco lançou no Brasil, como parte da coleção Artemídia, o livro Sem destino (Easy Rider), do escritor e crítico norte-americano Lee Hill. Após uma pesquisa detalhada, Hill vai fundo nos bastidores desse filme que, mesmo com um orçamento modestíssimo (US$ 365 mil), com seu tom desolador e com seu final ultradeprimente, faturou mais de US$ 60 milhões em todo o mundo. (No mesmo ano, Alô Dolly, de Gene Kelly, com custo de US$ 26,4 milhões, arrecadou apenas US$ 15,2 milhões.) O filme imaginado por Peter tinha tudo para não dar certo. Uma parte crucial (cenas de rua e no cemitério de Nova Orleans) foi filmada de improviso, fora do tempo e um tanto fora do roteiro, com uma câmera de 16 mm. O diretor Dennis Hopper provocou revoltas ao revelar-se um autoritário implacável e entrar em choque de egos com Peter Fonda. O roteirista Terry Southern queixou-se de que seu trabalho foi desrespeitado, desvirtuado e "estragado" na montagem final. Mas a estréia de Easy Rider em Cannes, em 13 de maio de 1969, foi recebida com um silêncio atônito, seguido de uma ovação de pé. Não ganhou a Palma de Ouro, mas Hopper foi considerado o melhor diretor novo. Recebeu duas indicações para o Oscar, nas categorias de melhor ator coadjuvante (Jack Nicholson) e melhor roteiro original. A crítica ficou encantada. Era o começo de um novo cinema americano. Lee Hill comenta: "Sem destino mostrava não só onde o Paraíso e o Inferno podiam estar, como também, mais dolorosamente, onde a Queda havia começado". Este filme despertou em muitos jovens a paixão pelas DUAS RODAS, como também, associada a idéia de liberdade e aventura que até hoje, ainda faz os cinqüentões saírem em bandos pela estrada em suas potentes motos.
Sobre o autor:
Nascido nos Estados Unidos, Lee Hill é escritor e crítico de cinema, sendo também o biógrafo do escritor e roteirista Terry Southern.
Fonte:http://www.editoras.com/rocco/022282.htm
A música tema do filme é de Steppenwolf "Born to be Wild".
Veja o momento em que Peter Fonda joga o relógio e começa a aventura:

3 comentários:

Pedro Henrique Gomes disse...

Nossa, um filme com esse elenco e eu ainda não vi. Tenho que rever meus conceitos...

Abraço!!!

Anônimo disse...

Olá Miriam.

Muito bom o post, descobri um monte de coisas que não sabia sobre essa verdadeira obra prima em forma de celulóide.Talvez o melhor retrato daqueles loucos anos em que se acreditava no poder da flor.Muito bacana mesmo. Mandou bem, como sempre.

Peace!

Red Dust disse...

Um momento de liberdade num filme diferente que marcou toda uma geração. Parece que só mesmo Henry Fonda é que não gostou...