quinta-feira, 15 de maio de 2008

CENA CLÁSSICA


As Pontes de Madison é uma adaptação do famoso romance The Bridges of Madison County, de Robert James Waller, que supostamente é baseado em uma história real. Duas vidas unidas pelas estradas do destino. Dois mundos completamente diferentes. Tentando resistir a um inesperado romance. Robert e Francesca. Uma paixão que surge apenas uma vez na vida. Talvez, a única chance de viver um grande amor...mesmo que seja impossível durar para sempre! Mais do que surpreender o espectador, que talvez nunca esperasse uma história de amor contada com tanta soberba e maestria por um dos heróis da classe western. As Pontes de Madison encanta por retratar o amor na idade adulta, desenha um romance absolutamente perfeito em sua imperfeição. O roteiro brinca com os minutos, arrastando as cenas, como se quatro dias pudessem ser mais importantes que uma vida inteira. E podem. E são. Pouco menos de 100 horas que valem uma eternidade, ou duas. O que acontece após este esbarrão do destino é aquilo que a astrologia resume como "efeito urano": é quando uma pessoa faz uma "burrada" tão grande que detona a sua própria vida e a de outras pessoas.
Bem, quase faz, e é neste fragmento do "quase" que reside a beleza deste filme. podemos, num momento x de nossas vidas, encontrar uma pessoa que nos faça acreditar que caminhamos uma vida toda para chegar a este encontro?
Enquanto você matuta respostas, Robert e Francesca são condenados a viver o amor em silêncio.
Clint Eastwood abusa do direito de ser comovente em uma cena clássica: na chuva, Robert pára no meio da rua enquanto o marido de Francesca, que voltou com os filhos, faz compras. A cena se arrasta e Francesca segura a maçaneta da porta do carro com tanta força que deve ter sentido o objeto atravessar seu coração. Ela quer deixar o carro. Ela quer correr na chuva para o seu amado. Ela quer deixar a fazenda para trás, seus filhos, uma vida sem sonhos, mas a razão está ali despejando um mundo de motivos para que ela deixe o amor virar a esquina e partir para sempre, para longe de seus olhos, longe de seu corpo, mas não longe da alma. Ela se desespera, chora, e volta a viver porque viver é preciso, afinal, acordamos todos os dias a espera do fim. E com o fim, a crença no reencontro. Injusto?
Assista a cena e analise o momento :

3 comentários:

Anônimo disse...

Miriam, poucos diretores americanos, hj, têm a acapacidade de transformar histórias aparentemente banais, em pequenas pérolas do cinema. Clint Eastwood realiza esse filme com rara sensibilidade artística. Meryl Streep, contida, dá um show à parte e contribui para a força do filme. Bela escolha.Abcs.

Rodrigo Fernandes disse...

Oi, Miriam...
Já não é o primeiro blog que vejo citando esse grande clássico...
vi esse filme há muto tempo e quando o vi era um tipico aborrescente..rs... então, nem o vi com bons olhos.. nada como asssitir comos e fosse a primeira vez agora....
beijos!!!

Cecilia Barroso disse...

Já assisti ao filme várias vezes e em nenhuma delas eu consegui controlar o choro nesta cena.
Ela é linda, cheia de significado e além de transpassar o coração da personagem, como você disse, parece dilacerar o nosso também.
Adoro o filme, a direção e as atuações.