segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Livros: presentes perfeitos



Livros são presentes inteligentes, interessantes, e que acrescentam algo para quem o ganha. Eles têm o poder de mudar as pessoas e de enriquecer o conhecimento.
Lembro-me que em um dos meus aniversários meu pai chegou em casa com um presente para mim. Quando eu o abri, era um dos seus livros prediletos e que estava com ele já há uns 20 anos. Uma edição raríssima de " O crime e Castigo" de Fiódor Dostoiésvsky. Demorei um ano para lê-lo, mas foi o livro que mais me impressionou, porque Dostoievski está, a meu juízo, alguns degraus acima do que se produziu no século XIX. Se não leram ainda, leiam um dia este romance e juntamente com o personagem Raskolnikov, cometam um homicídio (de fato, dois) por razões até muito "justas". E percorram o calvário que conduz ao arrependimento e, infelizmente no caso do romance, à redenção. Posso afirmar até que: quem ler este livro nunca se tornará um criminoso.
Este ano já presenteei várias vezes meus familiares com livros. Não vou dizer que livros como presente agrade a todos, mas aqui em casa a febre é geral. Começou no aniversário da minha caçula em julho: pediu a avó  materna o livro "crepúsculo" e a tia  o " Lua Nova". Agora, na sua primeira comunhão comprei-lhe o clássico infantil "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry em uma versão em pop-up, com ilustrações que "saltam" do papel.

A minha filha mais velha também pediu livros como presente na aprovação da OAB. E eu estava namorando a nova edição de luxo para colecionadores da obra "Alice no País das Maravilhas", obra-prima de Lewis Carrol e acabei ganhando-o da minha filha de presente de aniversário.
Conheça a edição especial de " O Pequeno Príncipe", assistindo o vídeo:


E você? Que livros dará ou daria de natal? Deixe suas dicas nos comentários.
" Bendito quem semeia livros, Livros à mancheia, E manda o povo pensar! O livro caindo n'alma, É germe que faz palma, É chuva que faz o mar!”
Castro alves

sábado, 12 de dezembro de 2009

Neve, Vidro, Maçãs - por Neil Gaiman



“Branca de Neve, tranquila, olhava cobiçosamente para a linda maçã e, quando viu a camponesa mastigar a sua metade, não resistiu, estendeu a mão e pegou a parte envenenada. Apenas lhe deu a primeira dentada, caiu no chão, sem vida.” [Irmãos Grimm - A Branca de Neve e os Sete Anões]

E já que o assunto é Branca de Neve, postei hoje um conto muito interessante e até assombroso, com a adaptação nada infantil de Neil Gaiman. Repare na ilustração bem gótica da menina por ele retratada, tem tudo a ver com o conto. Li ontem, depois de ler umas indicações de bons contos. Fiquei um  pouco impressionada, mas temos que nos adaptar a todos estilos literários. Confessando mesmo: (fiquei horrorizada!!!!).

Neve, Vidro, Maçãs – Neil Gaima

Neve, vidros, maçã

Neil Gaiman é um dos maiores argumentistas das HQs modernas, um dos dez melhores escritores pós-modernos vivos. Criador da cultuada série Sandman, que fez de Neil o vencedor do "Will Eisner Industry Awards" como Melhor Escritor (1991, 1992, 1993 e 1994)
 Mais sobre o autor: LEIA AQUI

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O Père Lachaise: O Cemitério das celebridades

O cemitério do Père-Lachaise é o maior cemitério de Paris e um dos mais famosos do mundo, tornado-se um dos  ponto turístico mais visitados da cidade. A fama é merecida. Enterradas entre as mais de 70 mil sepulturas estão personalidades como o roqueiro Jim Morrison (1943-1971), os escritores La Fontaine (1621-1695), Molière (1622-1673), Honoré de Balzac (1799-1850) e Oscar Wilde (1854-1900), o músico Frédéric Chopin (1810-1849), o espírita Allan Kardec (1804-1869) e Marcel Proust (1871-1922).
Algumas Celebridades:




La Fontaine (1621-1695)
Francês de origem burguesa, nascido na região de Champagne, foi autor de contos, poemas, máximas, mas com as fábulas ganhou notoriedade mundial, resgatando fábulas do grego Esopo (século VI a. C.) e do romano Fedro (século I d. C.).


Molière (1622-1673)

Gênio da literatura francesa e universal, foi um dramaturgo, além de ator e encenador, considerado um dos mestres da comédia satírica. Teve um papel de destaque na dramaturgia francesa, até então muito dependente da temática da mitologia grega, Molière usou suas obras para criticar os costumes da época.





Allan Kardec (1804-1869)
Antes de se tornar precursor do espiritismo, Hippolyte Léon Rivail era um grande intelectual e educador. Seu túmulo é em forma de dólmen - monumento que parece um grande portal de pedras - e está sempre repleto de flores e velas.






Oscar Wilde (1854-1900)
O escritor e dramaturgo irlandês, autor de O Retrato de Dorian Gray, teve um final de vida trágico. Em 1895, ele foi condenado a dois anos de prisão, acusado de sodomia. Após ser solto, viajou para Paris, onde morreu três anos depois. Seu túmulo tem um anjo que ostentava um grande membro. Dizem que o pênis da escultura foi roubado por um funcionário do cemitério, que o usava como peso para papel...É um dos túmulos mais visitados.


Frédéric Chopin (1810-1849)
O maior compositor do romantismo - cujo nome de batismo era Fryderyk Franciszek Szopen - nasceu na Polônia e se mudou para Paris em 1830. Chopin sofria de tuberculose e morreu muito jovem, aos 39 anos. Em seu túmulo, a escultura de uma jovem musa lamenta o destino do compositor.




Abelardo e Heloísa (1079-1142) (1101-1164)
O túmulo do casal, protagonista de uma famosa história de amor medieval, foi transferido para o Père Lachaise em 1817. Abelardo era um padre e filósofo que foi contratado pelo tutor da jovem Heloísa para educá-la. Entre um texto e outro, os dois se apaixonaram e tiveram um filho. O tutor não gostou e mandou castrar Abelardo. O casal só se uniu novamente após a morte de Heloísa, que foi enterrada ao lado do amado.



Jim Morrison (1943-1971)
Jim Morrison, líder do Doors, banda americana de rock dos anos 60, foi encontrado morto na banheira de seu apartamento em Paris e foi enterrado nessa cidade mesmo. Seu túmulo virou local de peregrinação: estima-se que 1 milhão de pessoas passem por ele a cada ano.




Édith Piaf

Nasceu em Paris, França no dia 19 de dezembro de 1915 e faleceu em Grasse, França no dia 10 de outubro de 1963. Foi uma cantora francesa de música de salão e variedades, mas foi reconhecida internacionalmente pelo seu talento no estilo francês da chanson. Seu canto expressava claramente sua trágica história de vida.


Não é à toa que este é um dos mais visitados pontos turísticos de Paris. O que mais me impressionou foi o túmulo de Oscar Wilde, porque além de ser um dos mais visitados está cheio de marcas de beijos.
Aliás, o turismo cemiterial está presente em várias capitais do mundo, e este é um dos lugares que nunca lembramos de visitar. Aqui mesmo, no Brasil temos belos cemitérios, com monumentos tumulares, e mausoléus  que além de belos tem muita história para contar. Basta deixar o preconceito de lado e render-se à beleza dessas galerias de arte a céu aberto.

Uma dica legal: É  interessante observar os epitáfios,  frases escritas sobre os túmulos,  que constituem elogios fúnebres e aparecem em prosa ou em verso (geralmente, quadra). Referem-se ao amor, à saudade, à esperança, ao consolo, à tristeza ou à revolta.
Fonte: Mundo estranho Fotos: Ezerberus

sábado, 5 de dezembro de 2009

O Curioso caso de Benjamim Button, por F. Scott Fitzgerald


Um dos segredos para se escrever e falar bem é ler bastante. E para quem não é acostumado a ler, começar por contos é uma ótima maneira de iniciar no mundo da leitura. Este conto de 1920,  que postei hoje é do escritor americano F. Scott Fitzgerald, de clássicos como “O Grande Gatsby”, o mesmo teve como premissa inspiradora ao seu conto a famosa frase de Mark Twain: “A vida seria infinitamente mais feliz se pudéssemos nascer aos 80 anos e gradualmente chegar aos 18″.  Há também o filme com o mesmo nome, lançado em 2008.
Pra mim, o tema do conto fala  sobre tanta coisa… Sobre como é difícil aceitar o mundo se não aceitamos a nós mesmos. Ou sobre como desejamos tanto uma coisa e essa coisa só acontece no momento certo. E sobre como a vida toma rumos inesperados que chegam a nos desesperar, mas como no fim percebemos que tudo aconteceu exatamente como deveria. Ainda, sobre como tantas pessoas passam por nossa história para nos ensinar pequenas grandes coisas. Sobre como cada um tem um talento único. Mais: como algo tão inverossímel pode parecer algo tão comum e rotineiro – porque, afinal, “tudo pode acontecer”. Como nunca pensamos que cada ação de nossa vida desencadeia outras ações, o que faz de cada vida uma coisa única e especial. Leiam e tirem também suas conclusões.
Não se assustem com o tamanho do arquivo, pois as páginas são pequeninas. Leiam, o conto é excelente! Para ampliar a imagem, clique no livrinho.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Alice no país das maravilhas do século XXI



Em uma época em que a geração denominada por sociólogos e antropólogos de "Geração Y", com características muito diferentes daqueles jovens do século XIX,  Tim Burton resolve dirigir sua mais  "nova"  badalada produção: Alice no país das Maravilhas, baseada na história infantil de Lewis Carroll e uma das mais célebres do gênero literário, sendo considerada obra clássica da literatura inglesa e uma das obras que tiveram mais adaptações na história do cinema, TV e teatro.


Particularmente, sou apaixonada pelas produções de Tim Burton. São simplesmente fantásticas as histórias encantadas contadas em seus filmes. Exemplo disso pode ser visto em sua primeira curta-metragem Vincent, com o personagem principal baseado no ator Vincent Price. Seu apego ao horror com sua habilidade para a comédia Burton conciliou em "Os Fantasmas se Divertem" também trabalhou em Batman, que mais tarde teria a continuação Batman - O Retorno, seu projeto pessoal intitulado Edward Mãos de Tesoura e o filme A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça.
Mais tarde, Burton voltaria a animação stop-motion com A Noiva Cadáver e  regravou um clássico dos anos 60, A Fantástica Fábrica de Chocolate.
Em "Alice no país das maravilhas", o livro conta a história de uma menina chamada Alice que cai em uma toca de coelho e vai parar num lugar fantástico povoado por criaturas peculiares e antropomórficas.

Essa obra foi fundadora de um novo jeito de história, o surrealismo, e tem uma enorme importância literária, sendo uma história aparentemente infantil, porém com uma mensagem subliminar que poucos conseguem compreender. Inclusive, há muita polêmica em sua interpetação: uns dizem que é simplesmente uma história infantil que o professor de matemática Lewis Carroll, contava a sua filha, outros dizem que é uma crítica social da época em que viveu, procurando assim uma fuga da realidade e até dizem que há menção ao uso de drogas pelo autor e referências subliminares na obra. Uma das interpretações diz que a história representa a adolescência. Também é possível dizer que a obra faz referências a questões de lógica e à matemática, matéria que Carroll lecionava.
Aparentemente destinado ao público infantil, seus contos, na verdade ocultam questionamentos de toda espécie: lógicos ou semânticos, problemas psicológicos de identidade e até políticos, tudo sob capa de aventuras fantásticas.Carroll também faz alusões a poemas da era vitoriana e a alguns de seus conhecidos, o que torna a obra mais difícil de ser compreendida por leitores contemporâneos.
É um conto que marcou a infância de muitos de nós.  O filme tem previsão para estrear dia 5 março de  2010. Esse filme vale a pena assistir no cinema.
"Comece pelo começo, siga até chegar ao fim e então, pare". – Lewis Carroll em Alice no País das Maravilhas


sábado, 28 de novembro de 2009

Epígrafes da saga "Crepúsculo"


Assisti ao filme "Lua Nova", domingo. Fiquei impressionada em como esta obra conseguiu atingir uma fatia de leitores que estava esquecida: os (as) adolescentes. Durante o filme elas gritavam, e sabiam cena a cena o que estava por vir, pois já haviam lido a obra.
No colégio onde eu trabalho solicitei ao diretor a aquisição da saga completa. Ele prontamente comprou-os e os alunos fazem listas para leitura e comentam entusiasmados o enredo, descrição dos personagens, os filmes baseados na obra e a trilha sonora que eu também adoro.
O que mais chamou minha atenção foram as epígrafes que a autora escolheu para cada obra. Elas dão pistas da sua temática e em alguns percebemos as  obras clássicas que influenciaram a autora.

A epígrafe do Crepúsculo provém do primeiro livro da Bíblia – Gênesis(o Livro das Origens) 2:17.
“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, tu não poderás comer dela: no dia em que tu comeres tu poderás certamente morrer. ”
Por isso a maçã na capa. Diz a autora que também foi influenciada pela obra de Jane Austin: "Orgulho e Preconceito", um pouco da personalidade de Mr. Darcy em Edward e Elizabeth Bennett em Bella

Em Lua Nova, ela selecionou excertos de Romeu e Julieta, de William Shakespeare, Ato II, Cena VI.

“Estas alegrias violentas têm fins violentos
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora
Que num beijo se consomem.”
Há várias passagens na obra que sugerem a influência de Romeu e Julieta de Shakespeare. Assistiram o vídeo no dia do aniversário de Bella.

No Eclipse temos a reprodução do poema “Fogo e Gelo”, de Robert Frost:

 Fire and Ice

SOME say the world will end in fire,
Some say in ice.
From what I’ve tasted of desire
I hold with those who favor fire.
But if it had to perish twice, 5
I think I know enough of hate
To know that for destruction ice
Is also great
And would suffice.

Robert Frost (1874–1963). Miscellaneous Poems to 1920. 1920

Também há influência de de Emily Brontë: "O Morro dos Ventos Uivantes". A relação amor além da morte, muito forte nas duas obras. Bella gostava tanto de ler esta obra que Edward acabou lendo o livro enquanto ela dormia.

Por último, no "Amanhecer", a  epígrafe escolhida foi   uma citação da poeta americana, Edna St. Vincent Millay como sua epígrafe:
 “A infância não é do nascimento até uma certa idade e em uma certa idade. A criança é crescida, e coloca fora coisas infantis. A infância é o reino onde ninguém morre.”
Toda esta dialogia é muito positiva, pois muitos jovens já estão a caça das obras citadas pela autora e isto para nós, professores de Literatura, é um forte aliado para nossas aulas.
E você já conhece estas obras famosíssimas da literatura clássica citadas pela autora na saga de  Stephenie Meyer ?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Luís Gama: O precursor da Consciência Negra


Uma prateleira da minha biblioteca está reservada para os poetas brasileiros. Não são muitos, e os que não pretendo reler estão atrás. Às vezes, de acordo com meu estado de espírito, mudam de lugar. Há alguns que já mudaram várias vezes. Este volume do qual venho tratar aqui e que considero muito, entrou hoje na fileira da frente ( preciso comprar outra estante) espero que continue lá até, o dia de passar para os meus filhos como fez meu pai e minha mãe, que o deixaram para mim. A obra referida é: Primeiras Trovas Burlescas e Outros Poemas de Luís Gama

Hoje, no dia 20 de novembro, abri o volume e lendo alguns poemas pensei em fazer uma pesquisa sobre ele. São muitas informações, mas o mais interessante é destacar que na literatura de consciência negra no Brasil a primeira figura de importância é dele, uma posição igualmente única em nossa literatura, a posição, aliás insuficientemente reconhecida, de ser o nosso primeiro (no sentido da grandeza) e mais alto poeta satírico, mesmo vivendo entre os românticos seu trabalho se distingue em estilo e criticidade. Um exemplo está no poema: "Meus Amores", inserido nas Primeiras Trovas Burlescas a partir da terceira edição (1904), que Luís Gama define claramente um tipo de beleza absolutamente em contradição aos cânones românticos:

Meus amores são lindos, cor da noite
Recamada de estrelas rutilantes;
Tão formosa creoula, ou Tétis negra,
Tem por olhos dois astros cintilantes.

Em rubentes granadas embutidas
Tem por dentes as pérolas mimosas,
Gotas de orvalho que o universo gela
Nas breves pétalas de carmínea rosa.

Os braços torneados que alucinam,
Quando os move perluxa com langor.
A boca é roxo lírio abrindo a medo,
Dos lábios se destila o pato olor.

O colo de veludo Vênus bela
Trocara pelo seu, de inveja morta;
Da cintura nos quebros há luxúria L
Que a filha de Cineras não suporta.

A cabeça envolvida em núbia trunfa,
Os seios são dois globos a saltar;
A voz traduz lascívia que arrebata,
- E coisa de sentir, não de contar.

Quando a brisa veloz, por entre anáguas
Espaneja as cambraias escondidas,
Deixando ver aos olhos cobiçosos
As lisas pernas de ébano luzidias (...)

Pelo exemplo acima podemos notar que ele é o único de nossos intelectuais a tomar uma atitude de equilíbrio, ao afirmar a participação negra, pelo uso de uma estética que privilegia o elemento negro, e pela inserção em sua poesia de um significante acervo do léxico afro-brasileiro.

Quase todos os biógrafos preferem descrevê-lo apenas como homem de caráter muito "bondoso", vitimado pelo pai que o vendeu aos 10 anos de idade, e dedicado a uma luta humanitária em prol de outros escravos.
O esquecimento de Luís Gama deve-se, em grande parte, a dois fatores fundamentais que regem a interpretação da História do Brasil:
1.  A oficialização de um grupo de abolicionistas brancos ("13 de maio") como únicos responsáveis pelo movimento e consequente desconhecimento do esforço negro ("Zumbi") na Abolição;
2. Literariamente, a preocupação arianizante que privilegia uma ideologia indianista como formadora da identidade brasileira, em detrimento da aceitação de uma contribuição negra.
Além de fundador do Centro Abolicionista de São Paulo, Luís Gama foi um dos primeiros republicanos brasileiros. Em 1869, com anterioridade ao famoso Manifesto Republicano de 1870, já defendia "o Brasil americano e as terras do Cruzeiro sem rei e sem escravos", numa clara percepção de que o império era o sustentáculo institucional da escravatura. Quando o Partido Republicano se recusa a manifestar-se em favor da abolição completa, imediata e incondicional dos escravos em 1873, Luís Gama desliga-se dele.
Mais do que "precursor" do Abolicionismo, Luís Gama é seu verdadeiro fundador.

Esta posição original e crítica é que faz de Luís Gama uma das poucas grandes vozes do século XIX brasileiro: original, por saber abrir o caminho para uma aceitação nacional da diferença e diversidade brasileira; crítica por não deixar-se enganar pela "pepineira" geral que o circundava.

Pesquisa baseada no artigo: LUÍS GAMA E A CONSCIÊNCIA NEGRA NA LITERATURA BRASILEIRA por Heitor Martins

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Heitor Villa-Lobos: A antropofagia musical



Na semana do cinquentenário da morte de Heitor Villa-Lobos, as homenagens ao maestro se espalham pelos teatros e salas musicais.  Compositor e maestro muito respeitado e reconhecido como sendo um dos mais autênticos e criativos artistas do século 20. Descreveu e revelou musicalmente a beleza e grandeza do Brasil e dos brasileiros, usando em suas composições elementos que enalteciam o espírito nacionalista, inspirando-se nas canções folclóricas, populares e indígenas. Autor de melodias que se tornaram muito populares, como a Ária das "Bachianas Brasileiras nº 5" e o Trenzinho do Caipira - que é o movimento final das "Bachianas Brasileiras nº 2".

" Erza Pound disse que um escritor (isto se aplica também ao compositor) se divide em três categorias: 1 aquele que inventa e portanto muda a história, 2 aquele que é um mestre e consegue captar com maestria e até melhor as ideias daquele que inventou 3. Aquele que copia. Parece que Villa Lobos foi um misto de tudo isto. Difícil de catalogar, ele extrapola 'rubricas'."
Ao celebrarmos esses 50 anos de sua morte devemos, sobretudo, voltar nossa atenção não só ao compositor brasileiro Villa-Lobos, mas também aos compositores nacionais vivos, responsáveis pelo presente e futuro da música brasileira, desenvolvendo uma política cultural com o objetivo de disseminar a riqueza da arte brasileira.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A influência da leitura : O suicídio de Werther




OBRA DE BONDEZAN-(WERTHER E CHARLOTTE BUFF)
Técnica-( Tinta Acrílica Sobre Papel Telado )

No século XIX, aconteceram diversos casos de suicídio entre os jovens na Europa. Muitas pessoas associaram estas mortes com a leitura do romance de Goethe, "Os sofrimentos do jovem Werther", no qual um jovem se suicida por não ter seu amor correspondido. 
O suicídio de Werther foi inspirado pelo suicídio verídico de Karl Wilheim Jerusalem, um conhecido tanto de Goethe como de Kestner. Tal como o Werther do livro, Jerusalem era um pintor taciturno que apreciava grandes caminhadas solitárias. O criado de Jerusalem o encontrou morto. A notícia de sua morte causou forte impacto em Goethe; o escritor se identificava intensamente com o amor não correspondido e com o consequente desespero de Jerusalem. Era Jerusalem quem exibia o vestuário “ao estilo britânico” de Werther – casaco azul até os joelhos, colete de couro amarelo, calças de montaria e botas altas, também muito copiado pelos jovens da época.

O romance foi escrito como uma série de cartas de Werther a seu amigo Wilheim. Tais cartas descrevem, em sequência, os dezoito meses de amor enlouquecido e não correspondido de Werther por Lotte, uma moça comprometida, que sempre conversava e fazia longas caminhadas, mas que nunca lhe dera esperança de amor. Quando Werther se torna tão insensato, a ponto de não poder seguir trocando correspondência, Goethe assume o papel de editor e descreve os sentimentos íntimos do personagem à medida em que este se aprofunda num abismo em direção ao suicídio.

O livro influenciou grandemente o público. Por toda a Alemanha jovens começaram a imitar o estilo de vestir de Werther. Os românticos escreviam poemas inspirados na história; pinturas e litografias de Charlotte chorando na tumba de Werther tornaram-se comuns. Wetzlar começou a aparecer em guias turísticos que mostravam o túmulo de Jerusalem e outros pontos de referência mencionados no livro. Napoleão afirmava ter lido Werther sete vezes.
 Sobreveio uma epidemia de suicídio de jovens enfadados. Ainda que Goethe não se considerasse responsável pelo suposto aumento de suicídios, em uma edição posterior acrescentou um poema ao final do relato, no qual o fantasma de Werther sugeria ao leitor que não seguisse seu exemplo. O livro acabou
 sendo proibido em vários países.

A esta influência, convencionamos chamar de Efeito Werther. Outro nome seria o efeito-imitação. Claro, a gigantesca maioria das pessoas não imitou o suicídio divulgado e as pessoas, idosas ou não, continuaram vivendo suas vidas. O que diferencia os "influenciáveis" dos demais?

Acontecimentos semelhantes já ocorreram diversas vezes durante a história. Na música, o rock já foi tido como uma má influência para os jovens, por levá-los a cometer atos de violência e consumir drogas, assim como filmes relacionados a lutas, guerras, assaltos também preocupam pais e educadores sobre esta possível má influência.
Mas será que Goethe teve esta intenção quando escreveu uma das maiores histórias de amor da literatura mundial?

Na realidade Werther oferece muito mais do que uma simples tragédia de amor, ele mostra uma grande crítica dos problemas de sua época, proporcionando uma crítica mordaz de seus contemporâneos na alta sociedade. Mas as intenções de Goethe foram ainda mais profundas. Em sua representação do amor apaixonado, ele mostrou a contradição insolúvel entre o desenvolvimento da personalidade e da sociedade burguesa.
Um bom leitor, que percebe as intenções do autor não se influencia pelo suicídio, mas sim, analisa os motivos que levaram o jovem Werther a este trágico fim. Para reafirmar esse argumento transcrevo as próprias palavras do autor:
"A natureza humana (...) tem seus limites: pode suportar a alegria, o sofrimento, a dor até certo ponto, arruina-se, porém, mal ele seja ultrapassado. Assim, a questão não é ser-se fraco ou forte, mas conseguir suportar a medida do seu sofrimento, seja moral ou físico. E acho tão estranho chamar covarde a quem põe fim à própria vida como a quem morre de febre maligna".
                           Goethe, A paixão do jovem Werther

Massenet amava o livro de Goethe e afirmava que escrever “Werther” havia sido uma das experiências mais fascinantes de sua carreira. Chegou a declarar: “Em ‘Werther’ coloquei toda minha alma”. O compositor triunfou verdadeiramente ao captar a essência da obra prima da literatura alemã em uma ópera francesa – uma façanha excepcional.



Obra completa para download em pdf
Os sofrimentos do jovem WERTHER

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sala de Leitura e Arte motiva alunos



O projeto Sala de Leitura e Arte surgiu da ideia de se criar um espaço lúdico, destinado ao ensino motivador e como forma de extensão dos trabalhos desenvolvidos nas disciplinas de Literatura e Arte. O professor Antônio Carlos (Arte) e eu ( Língua Portuguesa),  temos por objetivos: despertar o prazer pela leitura, sedimentar o gosto pela pesquisa,  a formação do leitor e  a produção de textos. Além de criarmos por intermédio de um ambiente motivador e eficaz, atividades lúdicas incentivando a criatividade artística dos alunos do Ensino Fundamental e Médio.


Idealizamos o espaço contendo um pequeno acervo de livros, revistas e telas representativas de obras famosas, como também os trabalhos expostos feitos pelos alunos. Assim, criamos um ambiente diferenciado em que os alunos sentem-se motivados para qualquer atividade nas disciplinas de Arte, Literatura, Língua Inglesa, Educação Física com a dança. Outras disciplinas também utilizam esse espaço, quando desenvolvem atividades como: Seminários, Debates, palestras, leitura, pintura, sessão de filmes, audição de música, etc.


Os resultados que esperávamos estão sendo alcançados a partir dos seguintes indicadores:

_ Apoio da Direção e equipe pedagógica aos professores na organização do espaço de Leitura e Arte e aumento do uso da biblioteca do colégio.

_ Observa-se um aumento significativo da Leitura por prazer;

_ Os alunos passaram a solicitar aquisição de obras de seus autores preferidos ou coleções específicas;

_ Diversidade do repertório de histórias indicadas como suas favoritas;


_ Leitura a partir da observação das imagens em telas ou ilustrações de livros ou poesias.

_ Manuseio de revistas presentes neste espaço de leitura.

_ Articulação do texto com a imagem, apreciação das ilustrações, socialização de sentimentos e percepções a partir do texto;

_ Presença de leitores modelos dentro da sala de aula.

_ Aumento da circulação de livros e de materiais escritos na sala de aula, expostos de maneira acessível aos alunos;

_ Valorização da leitura de poesias e em memorizá-las;

_ Interesse em produzir peças teatrais a partir das obras literárias;

_ Interesse em conhecer e praticar a arte da dança clássica e moderna.

_ Observa-se, também, um grande prazer em estar neste espaço.