sábado, 1 de março de 2008

A cena mais memorável de Apocalipse Now

O extraordinário ataque de um esquadrão de helicópteros com a música de Wagner, “As Valquírias”.

Obra-prima de um Coppola profundamente inspirado pelo "O Coração das Trevas", de Joseph Conrad.
Uma pequena visão da loucura e desumanização da guerra. Uma das obras primas do cinema ao som de Wagner. Verdadeira antologia daquilo que o ser humano esconde dentro e é capaz. O Horror e o terror moral sobre os males do imperialismo, como uma história sobre a participação do Americano no Vietnã. Francis Ford Coppola criou um trabalho de arte tão poderoso e que assombra tanto quanto a obra original, melhor de muitos filmes feitos sobre o conflito do Vietnã.
Coppola procurou "criar uma experiência que fizesse o público sentir o que era o Vietnã: a urgência, a loucura, a diversão, o horror, a sensibilidade e o dilema moral da guerra americana mais surreal e obscura". Uma das coisas mais impressionantes é a ausência de efeitos especiais. "Há um realismo que não pode ser duplicado com efeitos digitais e computadores”. Todos os helicópteros eram reais, não eram miniaturas ou desenhos. Todos estavam lá voando e isso transmite uma força real. É um épico turbulento, alucinante e terrificante. E mata-se ao som das Valquírias.
Prêmios: Oscar de Melhor Fotografia e Som.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Uso da Música Clássica em Filmes e outros Eventos

O uso da música erudita em filmes contribui para popularizar a música clássica? O que deveríamos dizer ao rei bávaro Ludwig II, se estivesse vivo, sobre a Disney ter copiado seu Neuschwanstein, feito por ele em honra às óperas de Richard Wagner, para fazer o lar da Cinderela? Fazer o quê?Depois da obra publicada não tem jeito. O criador, que até então era senhor absoluto, vê, indefeso, sua criação escapar-lhe por entre os dedos.Outro caso alemão, o mais célebre por sinal, é o da 9a Sinfonia de Beethoven. O gênio a compôs quando já estava completamente surdo e nem desconfiava sobre para quais fins ela seria usada. Pois em 1942 Josep Goebels, o ministro da propaganda de Hitler, escolheu a Nona como trilha sonora da superioridade ariana. Outra obra de Beethoven, a famosíssima 5a Sinfonia, é muito usada pelo cinema, pela publicidade e pelo teatro para dar um ar de suspense. A bela atriz Bo Derek correu como nenhuma outra pela praia no filme "Uma mulher nota 10" (Ten, 1979, EUA) ao som de "O Bolero" (1928) de Ravel. Outra obra que se tornou bastante conhecida por ter sido tema de um filme, neste caso o "Fantasma da Ópera" (The Phanton of the Opera,1925) com Lon Chaney e baseado na obra de Gaston Leroux , foi "Toccata e Fuga em D menor" do organista e compositor barroco Johann Sebastian Bach. Muito hilária é a cena do barbeiro judeu interpretado por Charles Chaplin barbeando um cliente no mesmo ritmo da Dança Húngara, n 5 de Brahms numa cena de "O Grande Ditador" (The Great Dictator, 1941, EUA).O caso mais interessante da popularização da música clássica é "Assim falou Zaratustra" (Also sprach Zarathustra, 1896) do compositor e maestro alemão Richard Strauss, inspirado numa obra homônima (escrita entre 1883 e 1885) de seu compatriota o filósofo Friedrich Nietzsche, a qual pondera as idéias do "eterno retorno" e da futura vitória do "super-homem" sobre a moral cristã. Esta música foi usada pelo diretor Stanley Kubrick como tema para"2001-Uma Odisséia no Espaço" . Nele também foi usado um trecho da valsa "Danúbio Azul" (1867) do compositor, violinista e maestro austríaco Johann Strauss, filho. Sem parentesco com Richard. "Assim falou Zaratustra", da mesma forma que a Nona Sinfonia, é amplamente usada só que em vez de o público associa-la ao seu compositor, como no caso de Beethoven, o filme de Kubrick é que vem às mentes das pessoas. Talvez seja por isso que o Banco Itaú, há algum tempo, usou-a como trilha sonora de um comercial de TV. O banco queria estar associado ao futuro. É interessante ver uma música erudita e já com mais de cem anos simbolizando hoje o futuro que ainda está por vir. A propósito, Stanley Kubrick também recorreu aos clássicos ao usar a 9a Sinfonia em seu filme "Laranja Mecânica" (A Clockwork Orange,1971, EUA). Há casos brasileiros; quem não se lembra do comercial dos desodorantes Vinólia usando sempre "A Primavera" (de "As Quatro Estações"), obra de Vivaldi. Mas o caso mais interessante, não para muitos ouvintes e os donos de emissoras de rádio, é a abertura (protofonia) da ópera "O Guarani" de Carlos Gomes. A história de Peri e Ceci do romance de José de Alencar é diariamente usada como prefixo pela Voz do Brasil. Pois é...aquela música que antecede o desligamento do rádio é um, se não o, maior sucesso da musica clássica brasileira em todo o mundo. A maioria das pessoas tendem a ver a música clássica como sendo elitista. Pois, criou-se o pensamento de que é preciso ser especialista para poder ouvi-la. E isso é terrível.Isso tudo é compreensível, afinal "clássico" vem do latim, classicus, e significa "de primeira classe". E tudo o que permanece pela qualidade, originalidade e universalidade. Com a passagem do tempo continuam agradando, surpreendendo, emocionando. Vivem retornando e sendo ajustados a novas realidades. Como disse o poeta romano Janus Vitalis (1485-c.1560) na sua célebre epigrama "De Roma" (Sobre Roma): "Disce hinc quid possit fortuna: immota labascunt,/ Et quae perpetuo sunt agitata manent", isto é, "Assim age a Fortuna: o que há de firme passa/ e o que sempre se move permanece".
Fonte: baseado no artigo de Adriano Medeiros Costa.


Cena Preciosa:

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

EU


Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão - esta pantera -

Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo amigo é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

Por Augusto dos Anjos

Hoje eu trabalhei esta poesia no terceiro ano e os alunos ficaram impressionados com a linguagem e o pessimismo do poeta. Realmente, é o mais original dos poetas brasileiros, mas foi ignorado pela crítica do começo do século XX. Se alguma exceção se abriu, foi para caracterizá-lo de autor de versos estapafúrdios e aberrantes. Autor de um só livro publicado em vida. É certamente, o precursor da moderna poesia brasileira. Conta Francisco de Assis Barbosa, que em novembro de 1914, Orris Soares e Heitor Lima encontraram-se com Bilac e o informaram do prematuro falecimento de Augusto." E quem é esse Augusto?", perguntou Bilac. Um grande poeta, responderam-lhe, e Heitor Lima recitou o soneto "Versos a um Coveiro", Bilac sorriu superiormente e comentou:" Fez bem em morrer, não se perde grande coisa".


Bilac não viveu o bastante para perceber que se enganara.Na terceira edição de "EU", em 1928, venderam-se 5500 exemplares em dois meses, os primeiros 3000, em apenas 15 dias.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

EMOS E O ROMANTISMO

O que tem em comum o EMO atual e a obra"Os Sofrimentos do Jovem Werther", de Goethe?
A moda EMO tornou-se um estilo de vida e possui muitas comunidades no orkut e blogs que tratam do tema. Como a influência do estilo EMO se reflete na comunicação visual de blogs e sites; ícones, tendências e linguagem visual utilizada. Esses elementos visuais contribuem para uma caracterização do estilo do ponto de vista estético.São os novos punks “paz e amor”. No século XXI estilos de vida como patricinhas, mauricinhos, góticos, punks e neo-hippies convivem com uma nova tribo, os emos. O nome vem de emotional hardcore, vertente do punk que mescla som pesado com letras românticas. Esse gênero intitulado de emocore surgiu em Washington, nos Estados Unidos, na década de 80, para denominar bandas com batidas pesadas, mas com letras introspectivas que falavam de sentimentos. Esse estilo musical que fez sucesso nos Estados Unidos está sendo transformado em estilo de vida para adolescentes das grandes cidades do Brasil, que adequam o seu comportamento e a sua atitude por causa dessa nova moda. O que está distinguindo os emos no Brasil não é somente a música, mas principalmente as vestimentas. “São capazes de misturar as botas do punk, o colar de Wilma, a mulher de Fred Flintstone, e uma camiseta com a gatinha Hello Kitty” Os adolescentes emos tem entre 11 e 20 anos. Eles misturam roupas pretas com estampas de desenho animado, botas punk, tênis rosa, colar de bolas, camisas justas, possuem longas franjas e pintam os olhos. A linguagem é outro diferencial. Esses adolescentes falam sempre no diminutivo, trocam letras em conversas via Internet e chamam as amigas de “maridas”.Palavras terminadas em “inho” como amorzinho, lindinho, fofinho são constantes nas conversas emos. Na Internet, maior veículo de disseminação desta cultura, frases como "Sabia que eu te amo?" se transformam em "Xabia q eu ti amu?".
A obra “Os sofrimentos do jovem Werther” de Goethe é considerado um marco dessa estética. Escrito em forma de diário, seu final é dramático, no qual Werther, o personagem principal, comete suicídio. Na época do lançamento do livro, que fez enorme sucesso entre os jovens europeus, houve inclusive uma onda de suicídios por causas amorosas (no livro, Werther se mata devido a um amor frustrado por Carlota).
O romantismo é um dos movimentos mais contraditórios da sociedade moderna, tendo características bastante opostas entre si, como o nacionalismo e o individualismo, por exemplo, em termos políticos. No entanto, em seu âmago encontramos alguns pontos que ainda parecem nortear os indivíduos na pós-modernidade como a subjetividade extrema.
A união do romantismo emocional com a linguagem visual da internet representa também o comportamento das tribos que surgem na atualidade. Esse eterno revival misturado com elementos do dia-a-dia dos jovens resulta sempre numa cíclica busca à sua própria identidade, bem típica dos jovens.


Vídeo com uma reportagem feita pelo Fantástico sobre os EMOS:

sábado, 23 de fevereiro de 2008

As Mentiras que os Homens Contam


Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês. Verdade. Começa na infância, quando a gente diz para a mãe que está sentindo uma coisa estranha, bem aqui, e não pode ir à aula sob pena de morrer no caminho. Se fôssemos sinceros e disséssemos que não tínhamos feito a lição de casa e por isso não podíamos enfrentar a professora a mãe teria uma grande decepção. Assim, lhe dávamos a alegria de se preocupar conosco, que é a coisa que mãe mais gosta, e a poupávamos de descobrir a nossa falta de caráter. Melhor um doente do que um vagabundo. E se ela não acreditasse, e nos mandasse ir à escola de qualquer jeito, ainda tínhamos um trunfo sentimental. "Então vou ter que inventar uma história para a professora", querendo dizer vou ter que mentir para outra mulher como se ela fosse você. "Está bem, fica em casa estudando!" E ficávamos em casa, fazendo tudo menos estudar, dando-lhe todas as razões para dizer que não nos agüentava mais, que é outra coisa que mãe também adora.
Com as namoradas, outras mentiras:
__Eu só quero ver, juro.Não vou tocar.
__Pode, mas só até aqui.
__Está bem. Não passo daí.
__Jura?
__Juro.
__Você passou! Você mentiu!
__Me distraí!
É incrível como esta obra de crônicas de Luis Fernando Verísimo faz sucesso com pessoas de todas as idades. Quando trabalho crônicas em minhas aulas e sugiro a leitura desta obra, acabo sabendo que o livro foi lido por todos da casa. Pais, mães, tios e inclusive os "alunos" ficam muito interessados em ler, o mais rapidamente possível. Também mexe com a imaginação de todos. Sempre tem um ou outro querendo dar palpites sobre o livro. Houve até um amigo que sugeriu que não está certo. É preciso que escrevam: " As mentiras que as Mulheres contam". Na minha opinião, acho que o livro condensa muito as mentiras. Deve existir inúmeras outras mentiras interessantes que os crônistas poderíam valer-se para explorar e nos fazer rir. Deste livro as crônicas mais lidas e comentadas são: "A Aliança", "O Dia da Amante" e "Homem que é Homem".
Como diz Veríssimo: Os homens só mentem , no fundo, para poupar as pessoas, e, sobretudo, para o bem das mulheres. É um gênio ou não é?

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O PRÍNCIPE, por MAQUIAVEL ( Com análise de NAPOLEÃO BONAPARTE)


É MELHOR SER AMADO QUE TEMIDO, OU ANTES TEMIDO QUE AMADO
“Cada príncipe deve desejar ser tido como piedoso e não como cruel: não obstante isso, deve ter o cuidado de não usar mal essa piedade. César Bórgia1 era considerado cruel; entretanto, essa sua crueldade tinha recuperado a Romanha, logrando uní-la e pô-la em paz e gerando confiança.2 O que, se bem considerado for, mostrará ter sido ele muito mais piedoso do que o povo florentino, o qual, para fugir à pecha de cruel, deixou que Pistóia fosse destruída. Um príncipe não deve, pois, temer a má fama de cruel, desde que por ela mantenha seus súditos unidos e leais3, pois que, com mui poucos exemplos, ele será mais piedoso do que aqueles que, por excessiva piedade, deixam acontecer as desordens das quais resultam assassínios ou rapinagens: porque estes costumam prejudicar a comunidade inteira, enquanto aquelas execuções que emanam do príncipe atingem apenas um indivíduo. E, dentre todos os príncipes, é ao novo que se torna impossível fugir à pecha de cruel, visto serem os Estados novos cheios de perigos
O príncipe, contudo, deve ser lento no crer e no agir, não se alarmar por si mesmo e proceder por forma equilibrada, com prudência e humanidade, buscando evitar que a excessiva confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça intolerável.4
Nasce daí uma questão: se é melhor ser amado5 que temido ou o contrário. A resposta é de que seria necessário ser uma coisa e outra; mas, como é difícil reuni-las, em tendo que faltar uma das duas é muito mais seguro ser temido do que amado.6 Isso porque dos homens pode-se dizer, geralmente, que são ingratos, volúveis, simuladores, tementes do perigo, ambiciosos de ganho7; e, enquanto lhes fizeres bem, são todos teus, oferecem-te o próprio sangue, os bens, a vida, os filhos,8 desde que, como se disse acima, a necessidade esteja longe de ti; quando esta se avizinha, porém, revoltam-se. E o príncipe que confiou inteiramente em suas palavras, encontrando-se destituído de outros meios de defesa, está perdido: as amizades que se adquirem por dinheiro, e não pela grandeza e nobreza de alma9, são compradas, mas com elas não se pode contar e, no momento oportuno, não se torna possível utilizá-las. E os homens têm menos escrúpulo em ofender a alguém que se faça amar do que a quem se faça temer, posto que a amizade é mantida por um vínculo de obrigação que, por serem os homens maus, é quebrado em cada oportunidade que a eles convenha; mas o temor é mantido pelo receio de castigo que nunca falha.10
Deve o príncipe, não obstante, fazer-se temer de forma que, se não conquistar o amor, fuja ao ódio, 11 mesmo porque podem muito bem coexistir o ser temido e o não ser odiado: isso conseguirá sempre que se abstenha de tomar os bens e as mulheres12 de seus cidadãos e de seus súditos e, em se lhe tornando necessário derramar o sangue de alguém, faça-o quando existir conveniente justificativa e causa manifesta.13 Deve, sobretudo, abster-se dos bens alheios, posto que os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio.14 Além disso, nunca faltam motivos para justificar as expropriações, e aquele que começa a viver de rapinagem sempre encontra razões para apossar-se dos bens alheios, ao passo que as razões para o derramamento de sangue são mais raras e esgotam-se mais depressa [...].
Concluo, pois, voltando à questão de ser temido e amado, que um príncipe sábio, amando os homens como a eles agrada e sendo por eles temido como deseja, deve apoiar-se naquilo que é seu e não no que é dos outros; deve apenas empenhar-se em fugir ao ódio, como foi dito". 15

Análise de Napoleão Bonaparte :

1- Continuem clamando por este Bórgia era um monstro, do qual convém desviar os olhos. Continuem, para que eles não aprendam com ele aquilo que estragaria meus planos.
2- É o que ocorre quando se atinge, com grandes pretensões, a glória da clemência.
3- Esquiva-te de falar disso. Contudo, eles não parecem dispostos a te compreender.
4- Convém a mim que todos fiquem ofendidos, mesmo que só devido à impunidade de alguns.
5- Para mim isto não é problema.
6-Preciso de apenas de uma delas.
7- Os que disserem que todos os homens são bons visavam a enganar os príncipes.
8- Conta com isso.
9- Precisa, porém, saber no que consiste no príncipe de um Estado tão difícil de dirigir.
10- O castigo precisa ser imediato.
11- Isto é muito difícil.
12- Isto já é restringir demais as prerrogativas do príncipe.
13- Quando há razões, reis, forja-mo-las.
14- Única pérfida decepção que sua carta me deu.
15- Que glória extravagante!

O PRÍNCIPE MAQUIAVEL ( Com análise de NAPOLEÃO BONAPARTE)

É MELHOR SER AMADO QUE TEMIDO, OU ANTES TEMIDO QUE AMADO
“Cada príncipe deve desejar ser tido como piedoso e não como cruel: não obstante isso, deve ter o cuidado de não usar mal essa piedade. César Bórgia1 era considerado cruel; entretanto, essa sua crueldade tinha recuperado a Romanha, logrando uní-la e pô-la em paz e gerando confiança.2 O que, se bem considerado for, mostrará ter sido ele muito mais piedoso do que o povo florentino, o qual, para fugir à pecha de cruel, deixou que Pistóia fosse destruída. Um príncipe não deve, pois, temer a má fama de cruel, desde que por ela mantenha seus súditos unidos e leais3, pois que, com mui poucos exemplos, ele será mais piedoso do que aqueles que, por excessiva piedade, deixam acontecer as desordens das quais resultam assassínios ou rapinagens: porque estes costumam prejudicar a comunidade inteira, enquanto aquelas execuções que emanam do príncipe atingem apenas um indivíduo. E, dentre todos os príncipes, é ao novo que se torna impossível fugir à pecha de cruel, visto serem os Estados novos cheios de perigos
O príncipe, contudo, deve ser lento no crer e no agir, não se alarmar por si mesmo e proceder por forma equilibrada, com prudência e humanidade, buscando evitar que a excessiva confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça intolerável.4
Nasce daí uma questão: se é melhor ser amado5 que temido ou o contrário. A resposta é de que seria necessário ser uma coisa e outra; mas, como é difícil reuni-las, em tendo que faltar uma das duas é muito mais seguro ser temido do que amado.6 Isso porque dos homens pode-se dizer, geralmente, que são ingratos, volúveis, simuladores, tementes do perigo, ambiciosos de ganho7; e, enquanto lhes fizeres bem, são todos teus, oferecem-te o próprio sangue, os bens, a vida, os filhos,8 desde que, como se disse acima, a necessidade esteja longe de ti; quando esta se avizinha, porém, revoltam-se. E o príncipe que confiou inteiramente em suas palavras, encontrando-se destituído de outros meios de defesa, está perdido: as amizades que se adquirem por dinheiro, e não pela grandeza e nobreza de alma9, são compradas, mas com elas não se pode contar e, no momento oportuno, não se torna possível utilizá-las. E os homens têm menos escrúpulo em ofender a alguém que se faça amar do que a quem se faça temer, posto que a amizade é mantida por um vínculo de obrigação que, por serem os homens maus, é quebrado em cada oportunidade que a eles convenha; mas o temor é mantido pelo receio de castigo que nunca falha.10
Deve o príncipe, não obstante, fazer-se temer de forma que, se não conquistar o amor, fuja ao ódio, 11 mesmo porque podem muito bem coexistir o ser temido e o não ser odiado: isso conseguirá sempre que se abstenha de tomar os bens e as mulheres12 de seus cidadãos e de seus súditos e, em se lhe tornando necessário derramar o sangue de alguém, faça-o quando existir conveniente justificativa e causa manifesta.13 Deve, sobretudo, abster-se dos bens alheios, posto que os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio.14 Além disso, nunca faltam motivos para justificar as expropriações, e aquele que começa a viver de rapinagem sempre encontra razões para apossar-se dos bens alheios, ao passo que as razões para o derramamento de sangue são mais raras e esgotam-se mais depressa [...].
Concluo, pois, voltando à questão de ser temido e amado, que um príncipe sábio, amando os homens como a eles agrada e sendo por eles temido como deseja, deve apoiar-se naquilo que é seu e não no que é dos outros; deve apenas empenhar-se em fugir ao ódio, como foi dito. 15
Análise de Napoleão Bonaparte
1- Continuem clamando por este Bórgia era um monstro, do qual convém desviar os olhos. Continuem, para que eles não aprendam com ele aquilo que estragaria meus planos.
2- É o que ocorre quando se atinge, com grandes pretensões, a glória da clemência.
3- Esquiva-te de falar disso. Contudo, eles não parecem dispostos a te compreender.
4- Convém a mim que todos fiquem ofendidos, mesmo que só devido à impunidade de alguns.
5- Para mim isto não é problema.
6-Preciso de apenas de ma delas.
7- Os que disserem que todos os homens são bons visavam a enganar os príncipes.
8- Conta com isso.
9- Precisa, porém, saber no que consiste no príncipe de um Estado tão difícil de dirigir.
10- O castigo precisa ser imediato.
11- Isto é muito difícil.
12- Isto já é restringir demais as prerrogativas do príncipe.
13- Quando há razões, reis, forja-mo-las.
14- Única pérfida decepção que sua carta me deu.
15- Que glória extravagante!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Smart kids


Várias escolas estão usando o site SMART KIDS, para a garotada que não pára de crescer.Lá, pais e educadores podem encontrar jogos educativos, passatempos, desenhos para colorir, histórias em quadrinhos, papéis de parede e curiosidades. Os professores também têm um canal específico onde encontram muito conteúdo. Há também um espaço para “Livros Incríveis” que traz dicas de livros infantis. Para acessar clique no link:

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Sociedade do automóvel

Documentário sobre a cultura do automóvel
11 milhões de pessoas, quase 6 milhões de automóveis; um acidente a cada 3 minutos; uma pessoa morta a cada 6 horas; 8 vítimas fatais da poluição por dia.

No lugar da praça, o shopping center; no lugar da calçada, a avenida; no lugar do parque, o estacionamento; em vez de vozes, motores e buzinas.

Trabalhar para dirigir, dirigir para trabalhar: compre um carro, liberte-se do transporte público ruim. Aquilo que é público é de ninguém, ou daqueles que não podem pagar.

Vidros escuros e fechados evitam o contato humano. Tédio, raiva angústia e solidão na cidade que não pode parar, mas não consegue sair do lugar.
Compacto do documentário produzido por Branca Nunes e Thiago Benicchio.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

101 MOMENTOS DO ENTRETENIMENTO MAIS INCRÍVEIS

O CANAL E! está com uma programação esta semana em que foi selecionado os 101 momentos mais incríveis do entretenimento. Selecionei entre os 20 de hoje,esta campanha, que foi realizada pelos mais famosos artistas da década de 80. O evento arrecadou aproximadamente 60 milhões de dólares, os quais foram doados integralmente para o combate à fome na África. A cada dia são apresentados 20 momentos. Acompanhe todos os dias desta semana às 18:horas.
Assista o vídeo: "We Are the World".