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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A Carta de Pero Vaz de Caminha


Estou preparando meus alunos da 1ª série do Ensino Médio para a avaliação do PAS-UEM e conferindo as obras literárias exigidas, verifiquei que a primeira da lista é  A carta de Pero Vaz de Caminha. Decidi, então, utilizar uns encartes  denominados "EUREKA", do ensino pré-vestibular, enviados no ano passado para a preparação dos alunos para o Enem. Neste encarte há boa parte da carta, mas pesquisei também na internet e achei-a completa do site do domínio público.
Os alunos gostaram da leitura do documento, principalmente quando Caminha se refere às descrições detalhadas dos indígenas.
Abaixo segue o modelo de estudo que utilizei, variando a dificuldade conforme a turma.

Li a carta de Pero Vaz de Caminha, explicando e contextualizando as informações e sempre preocupada em mostrar uma compreensão da leitura direcionando ao respeito, ao "diferente" e aos interesses. Contextualizei o porquê Portugal era, naquela época, o país pioneiro na exploração dos mares.

Durante a leitura, fiz comentários a fim de que os alunos visualizem as dificuldades para se compreender uma cultura diferente da nossa. Também investiguei seus conhecimentos prévios da disciplina de História. Fiquei admirada pelo total desconhecimento em relação a alguns fatos e vocabulários. Ex.: não sabiam o que significava: degredados.
OS DEGREDADOS! Numa breve consulta ao dicionário,aprendemos que degredado é um sujeito que sofreu pena de degredo,ou seja,foi expulso ou excluído do seu país,por decreto governamental em virtude de crimes cometidos. Mas, nada comprova que os degredados que vieram para o Brasil punidos pela Coroa Portuguesa, tivessem sido criaturas perversas ou negativas, sociopatas, incapazes de conviver em sociedade.

Depois da leitura da Carta e dos comentários, pedi aos alunos, que em duplas, escrevessem uma carta relatando o encontro entre os europeus e os nativos pela perspectiva dos povos indígenas.  A seguir, as duplas leram as produções escritas.
Em outra turma, distribuí à classe trechos da carta de Pero Vaz de Caminha e pedi-lhes que identificassem, no documento, as informações mais importantes sobre as intenções dos exploradores. Pedi aos grupos que apresentassem suas conclusões.
Comentei também sobre a literatura que veio depois com o modernista Oswald de Andrade:
A DESCOBERTA (Oswald de Andrade)


Seguimos nosso caminho por este mar de longo

Até a oitava da Páscoa

Topamos aves

E houvemos vista de terra

os selvagens

Mostraram-lhes uma galinha

Quase haviam medo dela

E não queriam por a mão

E depois a tomaram como espantados

primeiro chá

Depois de dançarem

Diogo Dias

Fez o salto real.
Textos da Carta - intertextualidade com o poema A descoberta:


"E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, (...) E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves (...). Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra!"

"Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados."

"(...) Diogo Dias, (...) Depois de dançarem (...) salto real, (...)"

AS MENINAS DA GARE (Oswald de Andrade)



Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis

Com cabelos mui pretos pelas espáduas

E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas

Que de nós as muito bem olharmos

Não tínhamos nenhuma vergonha.


Texto da Carta - intertextualidade com o poema As meninasd a gare:

"Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam."


      ERRO DE PORTUGUÊS (Oswald de Andrade)


Quando o português chegou

Debaixo duma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena!

Fosse uma manhã de sol

O índio teria despido

O português.
Textos da Carta - intertextualidade com o poema Erro de português:
"À noite seguinte ventou tanto sueste com chuvaceiros que fez caçar as naus. (...) "
"(...) aos quais mandou dar a cada um uma camisa nova e uma carapuça vermelha(...)"
"(...) tinha ido o degredado com um homem que, o agasalhou e levou até lá. Mas logo o tornaram a nós. E com ele vieram os outros que nós leváramos, os quais vinham já nus e sem carapuças."
"(...) não veio mais que uma mulher, moça, a qual esteve sempre à missa, à qual deram um pano com que se cobrisse; e puseram-lho em volta dela."

 Leia:  Obra completa da Carta de Caminha

sábado, 26 de abril de 2008

Alan: O Aluno Destaque do Bimestre


Meus caros alunos do terceiro"A", não foi desta vez que vocês foram os escolhidos, embora eu tenha ficado com muita dúvida em qual a melhor crônica da sala, pois a da Hemily também é perfeita. Pena que ela tenha desistido de estudar por causa do bebê. Aguardem que eu vou lê-la para vocês. Agora, a crônica do Alan faz inveja até ao Luis Fernando Veríssimo.


Ações da vida, situações vividas


Aquele dia não estava para mim, logo após ter acordado, fui tomar café e estranhamente meu copo de leite escapou da minha mão e: crash! Depois de longas reclamações de minha mãe, consegui sair para ir à escola. Peguei a magrela, pois meu colégio ficava a dezessete quadras de casa. Na metade da quarta quadra, a corrente enroscou na catraca trazeira, me distraindo e não me fazendo ver que estava prestes a enfiar o pneu dianteiro numa vala do bueiro.Pam! Quase ninguém viu, exceto as vinte e três pessoas que estavam em uma padaria em frente ao maldito bueiro. Deixei a bicicleta em casa e saí correndo, sim minha família tinha carro, mas quem disse que estava funcionando? Chegando na metade da segunda aula, português. Estava subindo as escadas e a mina mais linda do colégio estava descendo para ir à biblioteca a pedido da professora, sua beleza era tanta que deixei de olhar os degraus e caí como uma anta... Nisto, já era a terceira aula e enquanto minha fraca e humilhada mente pensava que não iria mais sofrer naquele dia, o professor de educação física, ao invés de me contar resevadamente, acha melhor falar que minha calça está de trás para frente e ainda por cima do avesso, na frente de toda a turma! Quando estava retornando para casa já não estava mais com vergonha das situações embaraçosas, e sim com medo das próximas, mas acabaram. Foi o pior dia de aula em minha vida. O trauma foi tão grande que estou há três meses sem sair de casa. A única coisa boa que poderia provir daquele dia, seria se alguém contasse a minha história de forma escrita e ganhasse algo com isso. De outra maneira aquele terrível dia de aula seria, apenas algumas situações vividas.