sábado, 6 de setembro de 2008

Carlos Drummond de Andrade

Lira Romantiquinha
Por que me trancas
o rosto e o sorriso
e assim me arrancas
do paraíso?
Por que não queres
deixando o alarme
( ai, Deus: mulheres)
acarinhar-me?
Por que cultivas
as sem-perfume
e agressivas
flores do ciúme?
Acaso ignoras
que te amo tanto,
todas as horas,
já nem sei quanto?
Visto que em suma
é todo teu,
de mais nenhum
ao peito meu?
Anjo sem fé
nas minhas juras
porque é que é
que me angusturas?
Minha alma chove
frio e tristinho
não te comove
este versinho?

Um comentário:

Pedro Henrique Gomes disse...

Miriam, belo verso.

Te convido para, se tiver a oportunidade, assistir "Ainda Orangotangos". Filme do meu ex-professor Gustavo Spolidoro. Se entrou em cartaz por aí, vale a pena. Filmado em uma única sequência, aqui em Porto Alegre.

Beijos!!!