sábado, 5 de abril de 2008

Conscientização aos motoristas

Essa propaganda foi feita pois 30% das mortes, de 1994 até 2005, nas rodovias aconteceram por não respeitarem o limite de velocidade.Comercial bem forte para conscientizar motoristas a respeitarem o limite de velocidade nas rodovias na Irlanda.

Estamos precisando de um desses por aqui. É um tapa na cara de quem gosta de dirigir rápido.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Rebecca - A Mulher Inesquecível (1940)


Considero este filme a obra-prima de Hitchcock.
Interpretada por Joe Fontaine, protagoniza uma simples acompanhante. Conhece e se casa com um rico nobre inglês, chamado 'de Winter' nada mais, nada menos que (Laurence Olivier), do clássico “O Morro dos Ventos Uivantes”. Quando vai morar na mansão de seu esposo, e que agora também será dela, descobre que ele é viúvo de uma mulher, amada e admirada por todos da região e morta de forma trágica. Gradativamente, ela se vê à sombra da antiga esposa, tendo que se vestir igual a ela, ter os mesmos hábitos e tudo mais. Tudo controlado pela sinistra Sra. Denvers, que mais parecia um fantasma na história.
A submissão de nossa protagonista ao novo mundo em seu redor era tanta que nem um nome fixo ela possui. Era conhecida apenas como a Senhora de Winter, exatamente como a outra esposa era chamada. O filme foi premiado com a estatueta de Melhor Filme naquele ano.
O filme inicia-se na Europa em que somos apresentados a dois personagens distintos: um homem rico que atende pelo nome de “DeWinter”, e uma dama de companhia, uma história de amor é desenvolvida. Tudo acontece de uma forma inesperada para ela, que não tem idéia alguma sobre com quem está se casando. O casal chega em “Maderlay”, mansão de “Winter” e a vida de casado começa, mas como viver em uma casa assombrada pelo fantasma da ex-esposa do marido? O filme é riquíssimo em todos os aspectos, vai da construção dos personagens, dando um destaque para a governanta, extremamente desagradável, aparecendo e desaparecendo de repente dos lugares e caminhando com seu vestido preto até o chão, parecendo um fantasma. A atriz “Judith Anderson” protagoniza vários dos melhores momentos do filme. O filme ainda conta com uma direção de arte incrível com um cenário tenso e assustador. “Hitchcock” inova em seu filme de estréia nos EUA e prova porque é chamado de mestre do suspense. Ele inova uma vez ao manter a trama amarrada em apenas uma reviravolta, ele inova outra vez em fazer um filme em que a grande protagonista( Rebecca), não aparece em sequer uma cena. “Hitchcock” fez muitos filmes bons após este, mas superar “Rebecca” ele só conseguiria 14 anos depois com “Janela Indiscreta”.
Interessante notar que após esta produção muitas outras saíram. Uma foi a novela da rede globo “A Sucessora”, protagonizada por Suzana Vieira, com um enredo muito parecido com Rebecca. Já havia percebido em muitas novelas, não só da Globo, como os escritores baseiam-se em filmes antigos para criarem tramas espetaculares. Talvez imaginem que só eles vêem estes filmes antigos, preto e branco. Esquecem-se de que existem cinéfilas, como eu, apaixonadas por estes clássicos incomparáveis.
Minha cena favorita deste grande clássico, a atual esposa descobre o quarto de Rebecca, ainda intacto, entra a terrível governanta e a humilha , quando mostra toda opulência que Rebecca mantinha em seus ármários, fazendo-a perceber a diferença entre ambas e a superioridade de Rebecca e o quanto era impossível substituí-la. Esta cena, quando assisti pela primeira vez impressionou-me muito, assombrou-me como uma menina pequena. Agora, compreendo como é perturbador substituir alguém, ou ser substituída... A personalidade tóxica de Rebecca que enche o ar e a obsessiva governanta que menosprezava a coitada o tempo todo.
Este filme é perfeito: os atores, a música, a fotografia, o suspense… Tudo é perfeito.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Literatura comercial


Sofro de um problema que eu denomino nostalgia intelectual. Nem gosto de comentar muito sobre isto para não ser tachada de arrogante. Não me orgulho disto e estou tentando me curar. O principal sintoma é não aceitar nada de 1960 para cá. E isto vale também para muitas obras pedagógicas e de estudos literários. Torço o nariz para toda arte que passa desta data. Salvo alguns poucos (que nem quero citar). Assim, vivo dizendo “antigamente era melhor” e em conseqüência, nem acabo conhecendo, TALVEZ, algo de bom que estejam produzindo. Nunca é tarde para mudar, ainda me curo...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Estética e cultura Nazista


A imagem do exército alemão já veiculado para a sociedade germânica, na qual este é reconhecido pelos seus valores dos quais é representado é transformado no orgulho do símbolo floresta-exército. Assim ela cria tomadas aonde o preto e branco, brilho e sombras, são usadas em alto contraste, um recurso de criação de significados que marca a cena do filme.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Construa sua Marca Pessoal On-line


A internet tornou nossas vidas mais expostas, e ter uma boa reputação na rede pode ser crucial na hora da avaliação de um projeto ou uma entrevista de emprego.
Mas o que você pode fazer HOJE sobre isso?
Pesquise seu próprio nome.
Coloque seu nome (entre aspas) na miraculosa caixinha de pesquisas do Google, e veja a qualidade dos resultados. Seu nome aparece de forma positiva e relacionada à sua atividade profissional? Comentários construtivos? Artigos escritos? Ou as únicas referências são listas de candidatos eliminados em concursos públicos ou, muito pior, participações em fóruns de caráter duvidoso?
De qualquer modo, é bom que você descubra primeiro que seu futuro chefe ou cliente.
Crie um perfil profissional
É bem provável que você já tenha um perfil no orkut, mas invista também em redes sociais de caráter profissional, como a linkedin, facebook e a brasileira Via6.
Tenha seu próprio domínio
Domínios são os endereços da internet. Você pode ter um domínio gratuito agora mesmo, sem nenhum custo, utilizando o Blogger, (para ter o domínio seunome.blogspot.com), ou Wordpress (para ter o domínio seunome.wordpress.com).
O Blogger é mais tradicional, conhecido e bem rankeado pelo Google (afinal, pertence ao Google), e o Wordpress é o que oferece mais recursos, tanto em termos de opções de publicação e criação de páginas, quanto de personalização.
Entretanto, a melhor solução para sua marca pessoal é comprar um domínio, como seunome.com.br, seunome.com, ou seunome.net, e contratar uma hospedagem profissional. Não é de graça, mas os custos são baixos, e ser proprietário de seu endereço sugere ao seu prospector que você também é dono de seu destino na internet, bem como de sua carreira.
Use o email do seu próprio domínio
Especialmente se a sua carreira não for intimamente ligada a uma organização, um endereço de email no estilo contato@seunome.com causa uma impressão melhor do que os milhares de serviços públicos disponíveis, especialmente aqueles que você precisa soletrar.
Adicione uma assinatura ao seu email. Se quer que as pessoas o encontrem e façam negócios, facilite o contato. Adicione uma assinatura automática no rodapé do seu email com nome completo, cargo/profissão, telefone, celular e site.
Use o seu site para criar uma network. A internet facilita os relacionamentos, especialmente em nível de prospecção e contato inicial. Pesquise quais são as pessoas mais influentes da sua área que têm sites próprios. Coloque links em seu site, envie emails, comente os artigos mais interessantes, escreva também sobre temas já tratados por estes profissionais, e coloque um link em seu texto para que o leitor possa aprofundar a leitura. Agindo de forma proativa e generosa, em alguns meses seu site também será notado e, se tiver conteúdo e qualidade, passará a ser uma referência para os outros, ampliando sua rede de contatos profissionais.

Tenha um slogan e uma definição profissional.

Um slogan é uma frase de impacto que ajuda o seu nome a cavar um espaço na memória de outras pessoas. Crie uma frase curta que resuma o propósito de seu trabalho. Pode se dar plena liberdade em criatividade, originalidade e paixão.
Sua definição, ao contrário, deve ser mais racional e descritiva. Escreva em um parágrafo, que um leitor normal consiga ler em menos de 30 segundos, quem você é, qual o seu perfil profissional, e o que você pode fazer.
Disponha seu slogan e sua definição profissional em um local bem visível do seu site, de modo que o visitante, dando uma rápida olhada, pode decidir conscientemente se deve ou não continuar a leitura.
Crie conteúdo de valor.
Com todos estes procedimentos, é bem provável que sua marca on-line melhore consideravelmente e, quando um prospector pesquisar seu nome, encontre primeiro a sua versão sobre seu perfil profissional.
Mas há aqui uma outra oportunidade, ainda melhor.
A partir do momento em que você possui seu próprio espaço na internet, pode escrever sobre seu ramo de atividade, tornar seu ponto de vista mais relevante e, se for bem sucedido, tornar-se uma referência em sua área.
Escrevendo bons artigos, sua visibilidade on-line se expande rapidamente, pois outros profissionais lerão seu conteúdo e escreverão a respeito dele em seus respectivos blogs. Se mantiver continuidade em sua produção e demonstrar conhecimento de causa, com o tempo será reconhecido como um especialista na área, ganhará visibilidade e, naturalmente, acesso a novas oportunidades.
O que você já fez para melhorar sua marca pessoal online? Compartilhe nos comentários!

sábado, 29 de março de 2008

As minhas vilãs

Estava navegando na blogosfera e vi nos comentários de alguém que o vilão preferido dele é o Darth Vater, tudo bem ele até pode ser um vilão bem terrível, mas pensei: E as vilãs? Existem duas categorias de vilãs , uma em desenhos animados e outras nos filmes clássicos hollywoodianos. Nos desenhos animados, ninguém melhor que a Malévola , em A Bela Adomecida de Walt Disney, porque ela tem classe , bom gosto para se vestir, usa o estilo gótico, fala com garbo. Nos filmes clássicos ninguém melhor que Bette Davis,seus papéis eram de mulheres fortes, independentes e corajosas, na maioria das vezes não se importava em interpretar mulheres comuns, feias e desglamourizadas, assassina, a megera que maltratava outras mulheres ou desprezava os homens. Todas eram grandes "bitches" que eu traduzirei aqui como "megera", referindo-se a uma mulher que precisa ser durona, precisa saber se impor num mundo de homens preconceituosos onde ela não ganha espaço para viver se não for "a tapas".
Alguns de seus melhores filmes (e meus preferidos):
1934
OF HUMAN BONDAGE
"Servidão Humana" :A primeira megera
1939
DARK VICTORY

"Vitória Amarga": A megera que se humaniza
1940
THE LETTER
"A Carta": A megera assassina
1941
THE LITTLE FOXES
"Pérfida":A maior de todas as megeras
1942

NOW, VOYAGEm
"A Estranha Passageira:"A megera sofredora
1949
BEYOND THE FOREST
"A Filha de Satanás"A Megera Adúltera
1950
ALL ABOUT
"A Malvada":A megera diva da Broadway
1962
WHATEVER HAPPENED TO BABY JANE?
"O que Aconteceu com Baby Jane?"A megera enlouquecida

Selecionei dois vídeos para você analisar e ver se tenho razão ou existem outras melhores...

A Bela Adormecida:



Dirigida por William Wyler, Bette controlou ao máximo seus maneirismos mais famosos (o fechar e abrir as mãos constantemente, os olhos arregalados em momentos de maior fúria ou tensão... nem fumar nesse filme ela faz!) e construiu uma mulher altamente fria e gananciosa (embora estranhamente sensual) nessa adaptação da peça de Lillian Hellman. A cena em que ela deixa seu marido morrer (pois ela se recusa a ir buscar seu remédio) é maravilhosamente interpretada (e muito tensa) pois Davis está de costas para a ação (o marido que tenta subir as escadas para pegar o remédio) e ela não se move e é através de seus olhos que sentimos a tensão do momento. Dentre todos os seus filmes (dentre aqueles que foram construidos em torno dela) esse é o que apresenta a melhor atuação de Bette Davis.

sexta-feira, 28 de março de 2008

A História Escandalosa de Oscar Wilde


Oscar Wilde, um dos homens mais corajosos do século XIX.

O escritor irlandês, autor de “O Retrato de Dorian Gray”, não teve medo de enfrentar a conservadora sociedade da virada do século XX em nome de sua opção sexual "criminosa", que o obrigou a prestar dois anos de trabalhos forçados para se redimir de seus atos frente aos ingleses escandalizados. Depois que sua vida foi praticamente destruída por um caso totalmente indiscreto com um jovem. Foi educado no Trinity College, Dublin e mais tarde em Oxford, recebe a influência da "arte pela arte". Em 1884, casa-se com a bela Constance Lloyd. Com a publicação de "Retrato de Dorian Gray", sua carreira literária deslancha. Oscar e Constance tinham 2 filhos: Cyril e Vyvyan. Mas uma noite, Robert Ross, um hóspede canadense jovem, seduziu Oscar e forçou-o, finalmente, a confrontar-se com seus sentimentos homossexuais que o perseguiam desde a época em que era estudante.
Anos depois Oscar foi preso com acusações de conduta homossexual e sentenciado a 2 anos de prisão com trabalhos forçados, sendo a última parte em Reading Gaol. As condições calamitosas da prisão causaram uma série de doenças e o levou às portas da morte. Foi declarada, ainda, sua falência. Morreu como um homem arruinado em 30 de novembro de 1900. Sua sepultura é mais visitada do que a de John Lennon.
Encontramos no próprio Oscar Wilde, o autor, uma figura tão repleta de mensagens quanto o personagem do seu livro. O esteta, o dândi, o escandaloso, o intelectual, o sedutor, o elegante, o exótico, o bizarro, o homossexual, muitas vezes atitudes excêntricas para afrontar a sociedade londrina do século XIX. Na época, durante as festas mais pomposas de Londres, ele era a figura mais esperada, pois ditava as tendências da moda.
“Dizem às vezes que a beleza é completamente superficial. Talvez menos superficial, em todo caso, do que o Pensamento. Para mim, a Beleza é a maravilha das maravilhas. Só os espíritos levianos não julgam pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível, e não o invisível...” Oscar Wilder, O retrato de Dorian Gray.

Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.
A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.
Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal.
Egoísmo não é viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos.
A ambição é o último recurso do fracassado.
Sou a única pessoa no mundo que eu realmente queria
conhecer bem
O mundo pode ser um palco. Mas o elenco é um horror.
Deixem-me dizer-vos neste momento que não fazer nada é a coisa mais difícil do mundo, a mais difícil e a mais intelectual.
A vida é muito importante para ser levada a sério.
Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo.
Um homem pode viver feliz com qualquer mulher desde que não a ame.
Aqueles que não fazem nada estão sempre dispostos a criticar os que fazem algo.
As nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros.
Posso resistir a tudo, menos à tentação.
Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.
A Moral não me ajuda. Sou antagônico nato. Sou uma daquelas pessoas que são feitas para exceções, não para regras.
Nunca confie na mulher que diz a verdadeira idade, pois se ela diz isso... Ela é capaz de dizer qualquer coisa.


“Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma. O indivíduo deixa de pensar com os seus próprios pensamentos ou de arder com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são naturais. Os seus pecados, se é que existe tal coisa, são tomados de empréstimo. Torna-se o eco de uma música alheia, o ator de um papel que não foi escrito para ele. O objetivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada um de nós vem ao mundo. Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os deveres, o dever para consigo mesmos. É verdade que são caridosas. Alimentam os esfomeados e vestem os pobres. Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar nunca a tivemos realmente. O temor à sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam”.
(em O Retrato de Dorian Gray)

Assista ao vídeo “ Wilde”, 1997.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Urupês

Caipira picando fumo - 1893óleo sobre tela - 70 x 50 cm Pinacoteca do Estado de São Paulo- Almeida Júnior

Caros alunos do 3o. ano. Este será o nosso próximo estudo literário deste bimestre.Farei uma breve explanação sobre a obra e sua repercução social, seu aspecto contemporâneo, bem como as outras atividades artísticas que se ligaram a ela. O livro contém doze histórias baseado no trabalhador rural paulista. Simboliza a situação do caboclo brasileiro, abandonado pelos poderes públicos às doenças, principalmente a Ancilostomose (ou Amarelão), seu atraso e à indigência.No conto "Urupês", Monteiro Lobato personifica a figura do caboclo, criando o famoso personagem Jeca Tatu, apelidado de urupê (uma espécie de fungo parasita). Vive "e vegeta de cócoras", à base da lei do menor esforço, alimentando-se e curando-se daquilo que a natureza lhe dá, alheio a tudo o que se passa no mundo, menos do ato de votar. Representa a ignorância e o atraso do homem do campo.Muitos pensam que o jeca de Lobato se acabou com o grande êxodo rural dos anos 60 e 70. Eis o engano. E, por conseqüência, a graça de ler Urupês. O jeca migrou, de fato, para as cidades. Mas nunca deixou de ser o jeca, feliz com a sua ignorância, cometendo atrocidades em nome da burrice arrogante de ser feliz facilmente. O trabalho do escritor voltado para várias questões sociais, dentre elas a saúde pública no país, repercute na política e na campanha sanitarista da década de 20, denunciando a precariedade da saúde das populações rurais, com impacto na redefinição das atribuições do governo no campo da saúde.
"Jeca Tatu não é assim, ele está assim".
POSSE - O grande feito de Lobato nesse livro foi denunciar o esquema que domina o país por meio da política e da posse e mau uso da terra. A malandragem, a mentira, a crueldade das pessoas poderosas escorrem como fel das páginas destas narrativas. A chamada elite (o grupo privilegiado que se beneficia de toda essa bandalheira) impera na nação roubada, vilipendiada e por isso mesmo, condenada ao atraso. Mas Lobato sabia de tudo. Não iria fazer uma denúncia pão-pão,queijo-queijo. Ele simplesmente vira o binóculo ao contrário e seduz o leitor (os brasileiros vítimas desse sistema de exclusão e que estão em todas as classes sociais, especialmente a classe média, que comprava seus livros) criando a representação da ponta do varejo da exclusão. Sua definição do caboclo, que não deita raízes sobre a terra latifundiada, e é tocado de um ermo para outro, é o poder escancarado dos coronéis do mando e do garrote. Ao inventar o Jeca Tatu, Lobato decifrou a unha encravado da vida comunitária no Brasil. A partir do Jeca, toda uma linhagem cultural se formou, de Mazzaroppi à música sertaneja. O que ele denuncia como ausência de arte no caboclo acabou se transformando em arte popular genuína, pois o povo entendeu o recado e assenhorou-se do retrato para tornar-se visível na nação cega.
Ler artigos:http://www.consciencia.org/neiduclos/Article247.html

Assista ao vídeo: Jeca Tatu, com Mazzaropi.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Memória das minhas putas tristes ...



"Havia achado, sempre, que morrer de amor não era outra coisa além de uma licença poética. Naquela tarde, de regresso para casa outra vez, sem o gato e sem ela, comprovei que não apenas era possível, mas que eu mesmo, velho e sem ninguém, estava morrendo de amor. E também percebi que era válida a verdade contrária: não trocaria por nada neste mundo as delícias do meu desassossego. Havia perdido mais de quinze anos tratando de traduzir os cantos de Leopardi, e só naquela tarde os senti a fundo: Ai de mim, se for amor, como atormenta." (página 95)
Autor: Gabriel Garcia MárquezEditora: Record
Novo livro de Gabriel Garcia Márquez, é lançado pela Record, editora que o publica Brasil, com tradução de Eric Nepomuceno, jornalista que mais uma vez verte para o português brasileiro a obra do colombiano ganhador do Nobel de Literatura de 1982.
O livro não pode ser chamado de romance, seja porque é de fato um pequeno livro, com suas 128 páginas impressas com um corpo de letra bem grande, seja porque possui, se tanto, três personagens. É o narrador (um homem sem nome ou sobrenome), uma cafetina gorda e velha e uma menina jovem e virgem. É mais para um conto.
Rosa Cabarcas é a prostituta-mor que tem a missão de conseguir uma adolescente pura com quem o antigo-jornalista-aposentado-e-antiquado possa comemorar os seus 90 anos de vida numa noite de esbórnia. Como se vê, a história em si é bem simples, Rosa ora consegue a moçoila, ora não, e o cronista (ele escreve um texto dominical no jornal da cidade) faz visitas rotineiras ao puteiro da velha amiga para conferir de perto o “material”.
É curioso que o escritor colombiano tenha optado tratar um tema como este numa época em que o crime de pedofilia passa a ser denunciado e punido em todo o mundo, em todas as instâncias, da casa de família a empresas e à própria igreja.
Até onde se sabe, nenhum grupo de carolas ensandecidas ou de gente grilada com a sexualidade dos outros processou ou menosprezou o livro pelo fato de o personagem do livro querer, sem eufemismos ou “poesia”, deflorou uma criança.
Narrado em primeira pessoa, e muito bem escrito, com a maestria técnica a que só um escritor do gabarito e do talento de Gárcia Márquez consegue chegar, o personagem por vezes não consegue convencer aquele para quem fala de que é, sim, um senhor de 90 anos.
A impressão que se tem é que o homem pode ter 30, 49 ou 65 anos. Quando ele diz que vive “numa casa colonial na calçada de sol do parque de San Nicolkás, onde passei todos os dias da minha vida sem mulher nem fortuna...”, está bem, parece um ancião relembrando dias longínquos.
Quando um taxista conversa com o narrador, também, parece que aquele se dirige a este como a um senhor de bastante idade respeitável. Ou quando revê uma foto antiga tirada na redação do jornal em que trabalhou cotidianamente um dia e percebe que muitos dali já morreram.
Talvez falte ali uma dor, uma rabugice, uma dificuldade qualquer, algo mais característico da idade avançada, física ou psicologicamente. Nem resmungão, nem doente, nem casmurro, nem nada. É alguém falando, e poderia ser o próprio leitor a contar sua história, independente de quantos carnavais já pulara.
Trechos como “E me acostumei a despertar cada dia com uma dor diferente que ia mudando de lugar e forma, à medida que passavam os anos. Às vezes parecia ser uma garrotada da morte e no dia seguinte se esfumava” repõem as coisas no lugar. Mas são bem raros.
Por ser uma obra de curto fôlego e por ser muito bem escrita, lê-se Memórias de Minhas Putas Tristes de uma sentada, em uma ou duas horas.
É recompensador, ao fim do livro, perceber que o narrador vai ficando cada vez mais leve ao sentir que não vai morrer ao entrar no seu 91º ano de vida e que está disposto a viver com plenitude e sabor os seus cem anos de solidão (com uma putinha outra vez, de vem em quando, que ninguém é de lata).

terça-feira, 25 de março de 2008

Literatura: Dez passos rumo ao desprestígio


Tendências do ano que se encerrou fortalecem impressão de que o mundo literário está perdendo sua representatividade. É o que o Alcir Pécora defende em seu artigo, publicado em dezembro de 2007 no jornal"O Estado de São Paulo".
Ao ler o artigo pensei: que bom existir alguém que consegue enxergar claramente e transpor seu pensamento a todos nós que por vezes pecamos em nome da divulgação literária. Um artigo que deve ser lido por todo profissional que trabalha com o campo literário e também àqueles que usam o "Cyberespaço" para divulgar suas idéias.