sexta-feira, 28 de março de 2008

A História Escandalosa de Oscar Wilde


Oscar Wilde, um dos homens mais corajosos do século XIX.

O escritor irlandês, autor de “O Retrato de Dorian Gray”, não teve medo de enfrentar a conservadora sociedade da virada do século XX em nome de sua opção sexual "criminosa", que o obrigou a prestar dois anos de trabalhos forçados para se redimir de seus atos frente aos ingleses escandalizados. Depois que sua vida foi praticamente destruída por um caso totalmente indiscreto com um jovem. Foi educado no Trinity College, Dublin e mais tarde em Oxford, recebe a influência da "arte pela arte". Em 1884, casa-se com a bela Constance Lloyd. Com a publicação de "Retrato de Dorian Gray", sua carreira literária deslancha. Oscar e Constance tinham 2 filhos: Cyril e Vyvyan. Mas uma noite, Robert Ross, um hóspede canadense jovem, seduziu Oscar e forçou-o, finalmente, a confrontar-se com seus sentimentos homossexuais que o perseguiam desde a época em que era estudante.
Anos depois Oscar foi preso com acusações de conduta homossexual e sentenciado a 2 anos de prisão com trabalhos forçados, sendo a última parte em Reading Gaol. As condições calamitosas da prisão causaram uma série de doenças e o levou às portas da morte. Foi declarada, ainda, sua falência. Morreu como um homem arruinado em 30 de novembro de 1900. Sua sepultura é mais visitada do que a de John Lennon.
Encontramos no próprio Oscar Wilde, o autor, uma figura tão repleta de mensagens quanto o personagem do seu livro. O esteta, o dândi, o escandaloso, o intelectual, o sedutor, o elegante, o exótico, o bizarro, o homossexual, muitas vezes atitudes excêntricas para afrontar a sociedade londrina do século XIX. Na época, durante as festas mais pomposas de Londres, ele era a figura mais esperada, pois ditava as tendências da moda.
“Dizem às vezes que a beleza é completamente superficial. Talvez menos superficial, em todo caso, do que o Pensamento. Para mim, a Beleza é a maravilha das maravilhas. Só os espíritos levianos não julgam pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível, e não o invisível...” Oscar Wilder, O retrato de Dorian Gray.

Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.
A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.
Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal.
Egoísmo não é viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos.
A ambição é o último recurso do fracassado.
Sou a única pessoa no mundo que eu realmente queria
conhecer bem
O mundo pode ser um palco. Mas o elenco é um horror.
Deixem-me dizer-vos neste momento que não fazer nada é a coisa mais difícil do mundo, a mais difícil e a mais intelectual.
A vida é muito importante para ser levada a sério.
Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo.
Um homem pode viver feliz com qualquer mulher desde que não a ame.
Aqueles que não fazem nada estão sempre dispostos a criticar os que fazem algo.
As nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros.
Posso resistir a tudo, menos à tentação.
Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.
A Moral não me ajuda. Sou antagônico nato. Sou uma daquelas pessoas que são feitas para exceções, não para regras.
Nunca confie na mulher que diz a verdadeira idade, pois se ela diz isso... Ela é capaz de dizer qualquer coisa.


“Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma. O indivíduo deixa de pensar com os seus próprios pensamentos ou de arder com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são naturais. Os seus pecados, se é que existe tal coisa, são tomados de empréstimo. Torna-se o eco de uma música alheia, o ator de um papel que não foi escrito para ele. O objetivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada um de nós vem ao mundo. Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os deveres, o dever para consigo mesmos. É verdade que são caridosas. Alimentam os esfomeados e vestem os pobres. Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar nunca a tivemos realmente. O temor à sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam”.
(em O Retrato de Dorian Gray)

Assista ao vídeo “ Wilde”, 1997.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Urupês

Caipira picando fumo - 1893óleo sobre tela - 70 x 50 cm Pinacoteca do Estado de São Paulo- Almeida Júnior

Caros alunos do 3o. ano. Este será o nosso próximo estudo literário deste bimestre.Farei uma breve explanação sobre a obra e sua repercução social, seu aspecto contemporâneo, bem como as outras atividades artísticas que se ligaram a ela. O livro contém doze histórias baseado no trabalhador rural paulista. Simboliza a situação do caboclo brasileiro, abandonado pelos poderes públicos às doenças, principalmente a Ancilostomose (ou Amarelão), seu atraso e à indigência.No conto "Urupês", Monteiro Lobato personifica a figura do caboclo, criando o famoso personagem Jeca Tatu, apelidado de urupê (uma espécie de fungo parasita). Vive "e vegeta de cócoras", à base da lei do menor esforço, alimentando-se e curando-se daquilo que a natureza lhe dá, alheio a tudo o que se passa no mundo, menos do ato de votar. Representa a ignorância e o atraso do homem do campo.Muitos pensam que o jeca de Lobato se acabou com o grande êxodo rural dos anos 60 e 70. Eis o engano. E, por conseqüência, a graça de ler Urupês. O jeca migrou, de fato, para as cidades. Mas nunca deixou de ser o jeca, feliz com a sua ignorância, cometendo atrocidades em nome da burrice arrogante de ser feliz facilmente. O trabalho do escritor voltado para várias questões sociais, dentre elas a saúde pública no país, repercute na política e na campanha sanitarista da década de 20, denunciando a precariedade da saúde das populações rurais, com impacto na redefinição das atribuições do governo no campo da saúde.
"Jeca Tatu não é assim, ele está assim".
POSSE - O grande feito de Lobato nesse livro foi denunciar o esquema que domina o país por meio da política e da posse e mau uso da terra. A malandragem, a mentira, a crueldade das pessoas poderosas escorrem como fel das páginas destas narrativas. A chamada elite (o grupo privilegiado que se beneficia de toda essa bandalheira) impera na nação roubada, vilipendiada e por isso mesmo, condenada ao atraso. Mas Lobato sabia de tudo. Não iria fazer uma denúncia pão-pão,queijo-queijo. Ele simplesmente vira o binóculo ao contrário e seduz o leitor (os brasileiros vítimas desse sistema de exclusão e que estão em todas as classes sociais, especialmente a classe média, que comprava seus livros) criando a representação da ponta do varejo da exclusão. Sua definição do caboclo, que não deita raízes sobre a terra latifundiada, e é tocado de um ermo para outro, é o poder escancarado dos coronéis do mando e do garrote. Ao inventar o Jeca Tatu, Lobato decifrou a unha encravado da vida comunitária no Brasil. A partir do Jeca, toda uma linhagem cultural se formou, de Mazzaroppi à música sertaneja. O que ele denuncia como ausência de arte no caboclo acabou se transformando em arte popular genuína, pois o povo entendeu o recado e assenhorou-se do retrato para tornar-se visível na nação cega.
Ler artigos:http://www.consciencia.org/neiduclos/Article247.html

Assista ao vídeo: Jeca Tatu, com Mazzaropi.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Memória das minhas putas tristes ...



"Havia achado, sempre, que morrer de amor não era outra coisa além de uma licença poética. Naquela tarde, de regresso para casa outra vez, sem o gato e sem ela, comprovei que não apenas era possível, mas que eu mesmo, velho e sem ninguém, estava morrendo de amor. E também percebi que era válida a verdade contrária: não trocaria por nada neste mundo as delícias do meu desassossego. Havia perdido mais de quinze anos tratando de traduzir os cantos de Leopardi, e só naquela tarde os senti a fundo: Ai de mim, se for amor, como atormenta." (página 95)
Autor: Gabriel Garcia MárquezEditora: Record
Novo livro de Gabriel Garcia Márquez, é lançado pela Record, editora que o publica Brasil, com tradução de Eric Nepomuceno, jornalista que mais uma vez verte para o português brasileiro a obra do colombiano ganhador do Nobel de Literatura de 1982.
O livro não pode ser chamado de romance, seja porque é de fato um pequeno livro, com suas 128 páginas impressas com um corpo de letra bem grande, seja porque possui, se tanto, três personagens. É o narrador (um homem sem nome ou sobrenome), uma cafetina gorda e velha e uma menina jovem e virgem. É mais para um conto.
Rosa Cabarcas é a prostituta-mor que tem a missão de conseguir uma adolescente pura com quem o antigo-jornalista-aposentado-e-antiquado possa comemorar os seus 90 anos de vida numa noite de esbórnia. Como se vê, a história em si é bem simples, Rosa ora consegue a moçoila, ora não, e o cronista (ele escreve um texto dominical no jornal da cidade) faz visitas rotineiras ao puteiro da velha amiga para conferir de perto o “material”.
É curioso que o escritor colombiano tenha optado tratar um tema como este numa época em que o crime de pedofilia passa a ser denunciado e punido em todo o mundo, em todas as instâncias, da casa de família a empresas e à própria igreja.
Até onde se sabe, nenhum grupo de carolas ensandecidas ou de gente grilada com a sexualidade dos outros processou ou menosprezou o livro pelo fato de o personagem do livro querer, sem eufemismos ou “poesia”, deflorou uma criança.
Narrado em primeira pessoa, e muito bem escrito, com a maestria técnica a que só um escritor do gabarito e do talento de Gárcia Márquez consegue chegar, o personagem por vezes não consegue convencer aquele para quem fala de que é, sim, um senhor de 90 anos.
A impressão que se tem é que o homem pode ter 30, 49 ou 65 anos. Quando ele diz que vive “numa casa colonial na calçada de sol do parque de San Nicolkás, onde passei todos os dias da minha vida sem mulher nem fortuna...”, está bem, parece um ancião relembrando dias longínquos.
Quando um taxista conversa com o narrador, também, parece que aquele se dirige a este como a um senhor de bastante idade respeitável. Ou quando revê uma foto antiga tirada na redação do jornal em que trabalhou cotidianamente um dia e percebe que muitos dali já morreram.
Talvez falte ali uma dor, uma rabugice, uma dificuldade qualquer, algo mais característico da idade avançada, física ou psicologicamente. Nem resmungão, nem doente, nem casmurro, nem nada. É alguém falando, e poderia ser o próprio leitor a contar sua história, independente de quantos carnavais já pulara.
Trechos como “E me acostumei a despertar cada dia com uma dor diferente que ia mudando de lugar e forma, à medida que passavam os anos. Às vezes parecia ser uma garrotada da morte e no dia seguinte se esfumava” repõem as coisas no lugar. Mas são bem raros.
Por ser uma obra de curto fôlego e por ser muito bem escrita, lê-se Memórias de Minhas Putas Tristes de uma sentada, em uma ou duas horas.
É recompensador, ao fim do livro, perceber que o narrador vai ficando cada vez mais leve ao sentir que não vai morrer ao entrar no seu 91º ano de vida e que está disposto a viver com plenitude e sabor os seus cem anos de solidão (com uma putinha outra vez, de vem em quando, que ninguém é de lata).

terça-feira, 25 de março de 2008

Literatura: Dez passos rumo ao desprestígio


Tendências do ano que se encerrou fortalecem impressão de que o mundo literário está perdendo sua representatividade. É o que o Alcir Pécora defende em seu artigo, publicado em dezembro de 2007 no jornal"O Estado de São Paulo".
Ao ler o artigo pensei: que bom existir alguém que consegue enxergar claramente e transpor seu pensamento a todos nós que por vezes pecamos em nome da divulgação literária. Um artigo que deve ser lido por todo profissional que trabalha com o campo literário e também àqueles que usam o "Cyberespaço" para divulgar suas idéias.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Dom Quixote de La Mancha


"Enfim, tanto ele se engolfou em sua leitura, que lendo passava as noites em claro e os dias de sombra a sombra; e, assim, do pouco dormir e muito ler se lhe secaram os miolos, de modo que veio a perder o juízo. Encheu-se-lhe a fantasia de tudo aquilo que lia nos livros, tanto de encantamentos quanto de contentas, batalhas, desafios, ferimentos, galantarias, amores, borrascas e disparates impossíveis; e se lhe assentou de tal maneira na imaginação que era verdade toda aquela máquina daquelas soadas sonhadas invenções que lia-se que para ele não havia no mundo história mais certa" (Miguel de Cervantes, Dom Quixote. Trad. Sérgio Molina

sábado, 22 de março de 2008

VIGIAR E PUNIR


Vale a pena ler este livro, porque esta obra apresenta a temática da responsabilidade social ao crime e o que a história mostra desde os séculos passados.
O livro é dividido em quatro partes: SUPLÍCIO, PUNIÇÃO, DISCIPLINA e PRISÃO. Já inicia com um relato de punição com suplício que eu não consegui ler até o final pelas descrições serem muito detalhistas e fortes, deixando-nos perplexos.Faz refletir sobre o que pensarão no futuro diante de nossas atuais prisões. Claro que se compararmos com a Idade Média já evoluímos muito, mas ainda há muita insalubridade, celas aglomeradas e a reabilitação quase impossível.

Eis um trecho do livro para sua reflexão:

" O interrogatório é um meio perigoso de chegar ao conhecimento da verdade, por isso os juízes não devem recorrer a ela sem refletir. Nada é mais equívoco. Há culpados que têm firmeza suficiente para esconder um crime verdadeiro ...; e outros, inocentes, a quem a força dos tormentos (tortura) fez confessar crimes de que não eram culpados".

FOUCAULT, Michel. VIGIAR E PUNIR. Petrópolis, Vozes, 31ª. edição.
Este livro encontra-se na Biblioteca do Professor nos colégios públicos do Paraná.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Filmes na sala de aula


Vivemos no século da imagem. Selecionei três filmes que permitem, pelo enredo que oferecem, realizar algumas reflexões sobre o contexto sócio-histórico, na perspectiva de desvelar as relações que sustentam o modo de viver da sociedade capitalista. O filme é um recurso didático importante se o seu uso tiver como objetivo principal instrumentalizar o homem para constituir-se sujeito da sua história.

Germinal"
Claude Berri

O filme foi feito a partir da obra de Émile Zola. Claude Berri, quando dirigiu o filme conseguiu passar para a tela a dureza da vida, o sofrimento vivido pelos trabalhadores.
"Germinal" refere-se ao processo de gestação e maturação de movimentos grevistas e de uma atitude mais ofensiva por parte dos trabalhadores das minas de carvão do século XIX na França em relação à exploração de seus patrões; nesse período alguns países passavam a integrar o seleto conjunto de nações industrializadas ao lado da pioneira Inglaterra, entre os quais a França, palco das ações descritas no romance e representadas no filme.
Sugestão para trabalhar com alunos acima da 7ª série.

A fuga das Galinhas

O filme conta a história de um grupo de galinhas que quer fugir do galinheiro, pois acreditam na existência de um mundo melhor para viver. Um mundo no qual não sejam obrigadas a colocar ovos para os donos da fazenda. Um galo vem de fora e passa a ensinar algumas coisas para que elas consigam voar e sair dali.
O filme permite uma discussão interessante sobre a organização coletiva e sobre a idéia de que outra sociedade é possível.
5a. série.
Senhor das Moscas, de Peter Brook
Baseado no livro de William Golding. Teria qualquer outro realizador sem ser Peter Brook sido capaz de expor o coração das trevas por trás da face de cada homem, mesmo sendo este homem não mais do que um rapaz aparentemente inocente? Mais de cinquenta anos depois, "O Senhor das Moscas" encontra ainda perturbantes ecos na atualidade e não terá certamente sido ignorado pelos criadores da série Lost que já deixaram no ar várias referências.
Ótimo filme para se trabalhar a violência.
8a. série ou ensino médio.


quinta-feira, 20 de março de 2008

Rap das Armas Ilustrado

Vi este vídeo num post do Buteco da Net e achei fantástico! Se você (como eu) não sabe o que significa aqueles termos usados no funk proibidão da dupla MC Cidinho e Doca, poderão ter uma melhor noção do que significa exatamente o "parapapapapa".

terça-feira, 18 de março de 2008

Crepúsculo dos Deuses


Crepúsculo dos Deuses (1950) é um dos filmes que eu considero uma verdadeira ARTE do cinema. Há vários fatores para que eu o considere assim: a metalinguagem, pois fala da própria arte cinematográfica; o tema complexo demais, para os atores, sendo um dos estágios mais difíceis ao qual terão que passar um dia em suas vidas e que perturba a todos. Essa fatalidade ao qual um dia serão substituídos por outros talentos, pois sua juventude é perene e essa arte valoriza muito o belo em detrimento ao talento. E isto eu questiono muito quando assisto a filmes atuais. Os atores contemporâneos por se valerem de tantos recursos audiovisuais se esquecem da importância do olhar. O título do filme em inglês é Sunset Boulevard fazendo referência a uma célebre artéria de Los Angeles, onde as celebridades americanas têm sua residência. Billy Wilder situou nela um dos mais fascinantes – e mais cruéis – apólogos sobre a grandeza e a decadência da mitologia hollywoodiana. Várias atrizes foram convidadas a encarnar a personagem da estrela decadente. Todas recusaram, achando-se demasiadamente visadas. O papel foi confiado, por fim, a Glória Swanson, e lhe cabia perfeitamente: lançada por Mack Sennett, ela de fato conheceu a glória na época do cinema mudo e um de seus últimos sucessos foi “Minha rainha”, de Erich von Stroheim. Um trecho desse filme figura em Crepúsculo dos deuses, e é o próprio Stroheim, sob o pseudônimo de Max Von Mayerling, que o projeta. Dá para ver até que ponto a realidade e a ficção estão ligados, nesse psicodrama. O humor (negro) vem de permeio, pois toda a aventura é contada por um cadáver, criando um efeito de distanciamento mórbido no mínimo saboroso. Reconhecemos aí a mão de Billy Wilder, diretor de origem austríaca, que não rompeu totalmente com o expressionismo. O resultado é uma obra enfeitiçante.
Crepúsculo dos Deuses abusa da metalinguagem e a autora desvenda o filme como se descascasse uma gigantesca e suculenta cebola. A cada camada, uma surpresa, uma transparência não percebida, uma opacidade revelada. E ela prova que o que falta nas atrizes atuais é esse jogo de olhares, característica do cinema mudo que tão bem ela interpretava.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Um novo e revolucionário conceito de tecnologia de informação


Texto do escritor Millôr Fernandes, que eu li e admirei. Um chargista que acompanho pela revista VEJA e que sempre me surpreende, mas este texto, realmente deve ser lido por aqueles que estão no ramo da Literatura e nas Letras, para repensar em quais leituras e ferramentas priorizamos.
Uma crítica ao uso do computador em detrimento ao livro.
Nada como um bom livro pra aguçar as mentes quietas, pra acalmar as inquietas e despertar o gosto pela literatura que anda um tanto quanto adormecido em tantas mentes por aí....
Boa leitura... Miriam.


Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e capazes de conter milhares de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantêm automaticamente em sua seqüência correta.
Através do uso intensivo do recurso TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite-se que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade!
Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso, porém, os torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema.
Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.
Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à próxima página. O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, bastando abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEÇÃO", nem precisa ser reinicializado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo.
O comando "browse" permite fazer o acesso a qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com o equipamento "índice" instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados.
Um acessório opcional, o marca-páginas, permite que você faça um acesso ao L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração.
Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas.
Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O. através de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S . Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema já disponibilizaram vários títulos e upgrades utilizando a plataforma L.I.V.R.O.
*Millôr Fernandes