O livro principia por uma epígrafe, como em todos contos, uma espécie de resumo do conto, extraída de uma quadra de desafio, que sintetiza os elementos centrais da obra : Minas Gerais, sertão , bois vaqueiros e jagunços , o bem e o mal:
"Lá em cima daquela serra,
passa boi , passa boiada,
passa gente ruim e boa
passa a minha namorada".
Sagarana , compõe-se de nove contos, com os seguintes títulos:
"O BURRINHO PEDRÊS"
" A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO"
"SARAPALHA"
"DUELO"
"MINHA GENTE"
"SÃO MARCOS"
"CORPO FECHADO
"CONVERSA DE BOIS"
"A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA"
Este foi um dos únicos livros que não consegui ler com os olhos, teve que ser em voz alta. Só assim para se perceber o jeito mineiro de falar. É certo que há muitas metáforas que também tornam a leitura difícil. A obra que acabei de ler encontra-se na biblioteca do professor dos colégios do Estado do Paraná. Recentemente, foi feita uma edição comemorativa dos 70 anos, muito bonita por sinal. O livro apresenta narrativas alegóricas com sentido moral. Às vezes certos contos, apresentam outras historinhas dentro do conto, tornando a leitura muito interessante. Não é uma leitura que flui, tem-se que ler e parar para pensar nas questões filosóficas que Guimarães o tempo todo nos mostra. Sagarana promove uma total renovação do regionalismo brasileiro como no uso de arcaísmos, neologismos, como em:refrio, retrovão, levantante, e desfalar. Há utilização de frases brilhantes como:"os passarinhos que bem-me-viam", "e aí se deu o que se deu – o isto é". Não são esquecidos os valores espirituais do matuto mineiro, que se igualam e traduzem os valores comuns aos homens de qualquer espaço ou tempo, consagrando a travessia humana pelo viver. Interessante notar os ditados populares: "Sapo não pula por buniteza, mais por percisão". Achei interessante também as palavras arcaicas, como:riba (por riba do monte), banda (em lugar de lado), vigiar (em vez de olhar), quentar (em vez de esquentar) e uma enfiada de verbos com prótese de um a, outrora bastante em voga em nossa língua e que ainda existe na fala do nosso homem do interior: agarantir, alembrar, alumiar, amostrar, arreconhecer, arrenegar, arresolver, arresponder, arresistir, aclivertir, etc. Além das onomatopéia: Entre outros, cito: “A boiada entra no beco - Tchou! Tchou! Tchou!... para tanger o gado; “lho... lho... lho... - vão, devagar, as braçadas de Sete-de-Ouros” , para o burrinho atravessando o rio; “-Prrr-tic-tic-tic!” para chamar galinha; “i-tchungs”-tchungou uma piabinha” , para o movimento da piaba, etc.
"Lá em cima daquela serra,
passa boi , passa boiada,
passa gente ruim e boa
passa a minha namorada".
Sagarana , compõe-se de nove contos, com os seguintes títulos:
"O BURRINHO PEDRÊS"
" A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO"
"SARAPALHA"
"DUELO"
"MINHA GENTE"
"SÃO MARCOS"
"CORPO FECHADO
"CONVERSA DE BOIS"
"A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA"
Este foi um dos únicos livros que não consegui ler com os olhos, teve que ser em voz alta. Só assim para se perceber o jeito mineiro de falar. É certo que há muitas metáforas que também tornam a leitura difícil. A obra que acabei de ler encontra-se na biblioteca do professor dos colégios do Estado do Paraná. Recentemente, foi feita uma edição comemorativa dos 70 anos, muito bonita por sinal. O livro apresenta narrativas alegóricas com sentido moral. Às vezes certos contos, apresentam outras historinhas dentro do conto, tornando a leitura muito interessante. Não é uma leitura que flui, tem-se que ler e parar para pensar nas questões filosóficas que Guimarães o tempo todo nos mostra. Sagarana promove uma total renovação do regionalismo brasileiro como no uso de arcaísmos, neologismos, como em:refrio, retrovão, levantante, e desfalar. Há utilização de frases brilhantes como:"os passarinhos que bem-me-viam", "e aí se deu o que se deu – o isto é". Não são esquecidos os valores espirituais do matuto mineiro, que se igualam e traduzem os valores comuns aos homens de qualquer espaço ou tempo, consagrando a travessia humana pelo viver. Interessante notar os ditados populares: "Sapo não pula por buniteza, mais por percisão". Achei interessante também as palavras arcaicas, como:riba (por riba do monte), banda (em lugar de lado), vigiar (em vez de olhar), quentar (em vez de esquentar) e uma enfiada de verbos com prótese de um a, outrora bastante em voga em nossa língua e que ainda existe na fala do nosso homem do interior: agarantir, alembrar, alumiar, amostrar, arreconhecer, arrenegar, arresolver, arresponder, arresistir, aclivertir, etc. Além das onomatopéia: Entre outros, cito: “A boiada entra no beco - Tchou! Tchou! Tchou!... para tanger o gado; “lho... lho... lho... - vão, devagar, as braçadas de Sete-de-Ouros” , para o burrinho atravessando o rio; “-Prrr-tic-tic-tic!” para chamar galinha; “i-tchungs”-tchungou uma piabinha” , para o movimento da piaba, etc.
Qual o conto que eu mais gostei?
O burrinho pedrês. Leia e vai saber o porquê.
O burrinho pedrês. Leia e vai saber o porquê.
2 comentários:
Eu nunca consegui ler Sagarana inteiro. Sempre paro em São Marcos e não sei o porquê.
Mas terminá-lo é uma de minhas metas...
Vou adotar a técnica de ler em voz alta da próxima vez. De repente isso vai fazer toda diferença.
Beijocas
Cecília, isso de "empacar" na leitura do Rosa me aconteceu com Grande sertão: veredas - eu estopava sempre por volta da página 30. Só na 4a. tentativa - foram uns oito anos desde a primeira, dos 18 aos 26! - é que, ufa!, ultrapassei aquela fronteira, aquela pedreira, sem nunca descobrir o que é que ali havia, como muralha fantasmal... Quanto a você, a barreira acontece em algum ponto repetido? Tenho MUITA familiaridade com "São Marcos" - quem sabe, juntos, a gente chegue a uma saída...
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