Um dos gêneros que eu programei para trabalhar este bimestre foi “Contos Fantásticos”, no 1º ano do Ensino Médio. Pesquisei muito antes de iniciar uma sequência didática e o que me pareceu mais atraente aos alunos foi a partir do filme “Feitiço de Áquila”. Este foi o começo certo. Eles ficaram vidrados, nem piscavam. Em alguns momentos faziam comentários dialogando com o filme. Achei incrível como se identificaram.
O amor impossível, o bispo rico e criminoso, o padre arrependido e dedicado, o rapazinho-narrador que é, ele próprio, um miserável excluído, um mentiroso recorrente e um ladrãozinho, as lutas, o cenário, o mistério mobilizaram a atenção de todos. Uma sinopse servirá para entender o enredo que tanto fascinou os jovens:
Na Europa do século XII, em plena Idade Média, o Bispo de Áquila (John Wood) descobre que sua amada, a bela Isabeau (Michelle Pfeiffer), está apaixonada pelo cavaleiro Etienne Navarre (Rutger Hauer). Possuído de ciúme e raiva, Áquila lança uma maldição sobre o casal: de dia ela sempre será um falcão e de noite Navarre se transforma num lobo. Assim, os dois estarão sempre juntos, mas sem poder concretizar seu amor. O único momento em que se vêem é durante poucos instantes no crepúsculo. Eles têm como aliado o ladrão Phillipe Gastón, cujo apelido é Rato (Matthew Broderick), que decide ajudá-los a desvendar o segredo para quebrar a maldição
Depois da exibição, comentei o filme: sua época, a descrição dos personagens, os costumes, a hierarquia medieval social, a importância da religião na época, a magia, as bruxarias, o herói, o vilão, os cavaleiros e as damas. Comentei outros contos que também têm a mesma estrutura. A interação dos alunos foi sofrendo alterações qualitativas gradualmente e eles começaram a trazer para discussão o tema do amor, dos desencontros, da violência, da inveja, da imaginação, dos desejos e das perdas. O filme traz algumas informações sobre o que seria a Idade Média, na perspectiva do diretor.
À medida que os alunos foram avançando nas suas reflexões, manifestando suas ideias e fazendo perguntas através de analogias com outras histórias, foi dando lugar a manifestações mais espontâneas. Isto de certa forma corroborou para a criação de um conto deles.
A título de conclusão, transcreverei no final do bimestre o conto da turma que mais gostaram. (Ainda estou na fase de reescritas para chegarem a versão final).