Essa é uma música protagonizada pela mãe de um marginal, favelado do morro, que desconhece a condição e a real natureza do batente de seu filho. Vivendo num mundo de ingenuidade, a mãe ignora a tudo, um nome, seu modo de ganhar a vida, inclusive a morte do menor infrator que é notícia no jornal. Nessa canção, Chico mostra o desamparo feminino e, paradoxalmente, a procura em proteger o filho, quando não quer enxergar seus furtos e ainda reza por ele devido a “onda de assalto”.
A mãe é uma analfabeta que não consegue, sequer, ler a legenda do noticiário da morte do filho, que é assassinado pela polícia devido a uma força exercida pela opressão socioeconômica. Acaba deixando-a numa situação patética devido à alienação que age de maneira profunda na classe da qual advém: a pobre, que cria marginais devido a necessidades que o próprio sistema deveria suprir, mas não consegue.
O que pode perceber nessa canção é a falta de estrutura que o sistema proporciona às pessoas em geral, principalmente àqueles que são mais desprovidos socioeconomicamente, gerando o analfabetismo, os assaltos, as mortes e a “ingenuidade”, por parte daqueles que não conseguem ser espertos o suficiente. Sem contar que, para desenvolver o intelecto do ser humano, faz-se necessário haver o principal, além de educação: comida. Há pessoas na favela, ou periferias, que chegam à desnutrição, não se desenvolvendo intelecto e corporalmente. Restando como opção à maioria desses, para sobreviver, o roubo, o tráfego, e assassinatos por encomenda como forma de “ganha-pão”.
A mãe é uma analfabeta que não consegue, sequer, ler a legenda do noticiário da morte do filho, que é assassinado pela polícia devido a uma força exercida pela opressão socioeconômica. Acaba deixando-a numa situação patética devido à alienação que age de maneira profunda na classe da qual advém: a pobre, que cria marginais devido a necessidades que o próprio sistema deveria suprir, mas não consegue.
O que pode perceber nessa canção é a falta de estrutura que o sistema proporciona às pessoas em geral, principalmente àqueles que são mais desprovidos socioeconomicamente, gerando o analfabetismo, os assaltos, as mortes e a “ingenuidade”, por parte daqueles que não conseguem ser espertos o suficiente. Sem contar que, para desenvolver o intelecto do ser humano, faz-se necessário haver o principal, além de educação: comida. Há pessoas na favela, ou periferias, que chegam à desnutrição, não se desenvolvendo intelecto e corporalmente. Restando como opção à maioria desses, para sobreviver, o roubo, o tráfego, e assassinatos por encomenda como forma de “ganha-pão”.
Essa é uma canção patética/caótica na qual também é tratado o social. Fala do menino de rua, da mulher e das oportunidades que o sistema proporciona a todos de maneira desigual. Essa desigualdade está em todas suas músicas desta época. Ele é capaz de mostrar a realidade em que vivemos e o descaso que a maioria sofre, seja qual o período que nos encontramos.
TEXTO
Meu guri
Quando seu moço, nasceu meu rebento
Meu guri
Quando seu moço, nasceu meu rebento
Chega no morro com o carregamento
Não era o momento de ele rebentar
Não era o momento de ele rebentar
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Já foi nascendo com cara de fome
Já foi nascendo com cara de fome
Rezo até ele chegar cá no alto
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Essa onda de assaltos ta um horror
Como fui levando, não sei lhe explicar
Como fui levando, não sei lhe explicar
Eu consolo ele, ele me consola
Fui assim levando, ele a me levar
Fui assim levando, ele a me levar
Boto ele no colo pra ele me ninar
E na sua meninice ele um dia me disse
E na sua meninice ele um dia me disse
De repente acordo, olho pro lado
Que chegava lá
Que chegava lá
E o danado já foi trabalhar, olha aí
Olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí Olha aí, é o meu guri
Olha aí, ai o meu guri, olha aí E ele chega
Olha aí, é o meu guri
E ele chega Chega estampado, manchete, retrato
Com vendas nos olhos, legenda e as iniciais
Chega suado e veloz do batente
Olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí Olha aí, é o meu guri
Olha aí, ai o meu guri, olha aí E ele chega
Olha aí, é o meu guri
E ele chega Chega estampado, manchete, retrato
Com vendas nos olhos, legenda e as iniciais
Chega suado e veloz do batente
Eu não entendo essa gente, seu moço
E traz sempre um presente pra me encabular
E traz sempre um presente pra me encabular
Fazendo alvoroço demais
Tanta corrente de ouro, seu moço,
Tanta corrente de ouro, seu moço,
O guri no mato, acho que tá rindo
Que haja pescoço pra enfiar
Que haja pescoço pra enfiar
Acho que tá lindo de papo pro ar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Desde o começo eu não disse, seu moço?
Chave, caderneta, terço e patuá
Chave, caderneta, terço e patuá
Ele disse que chegava lá
Um lenço e uma penca de documentos
Um lenço e uma penca de documentos
Olha aí, olha aí
Pra finalmente eu me identificar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Pra finalmente eu me identificar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri.
Olha aí, é o meu guri
E ele chega
Olha aí, é o meu guri
E ele chega
Fonte: Baseado em : Os Oprimidos nas Canções de Chico Buarque de Tania Barbosa Novaes.
2 comentários:
Míriam!
Trabalhei durante quatro anos numa escola na Fase (antiga Febem)... esse poema do Chico pautou um dos nossos encontro de formação e... essa era (é!) história de vida da maioria dos meninos que lá estavam (estão!)... Um poema cheio de uma beleza triste...
Descobri lá dentro leitores vorazes de poesia... devoravam livros... copiavam poemas e mais poemas (às vezes arrancavam as páginas dos livros!) para enviar para as namoradas, mulheres, mães...
Construímos um espaço de liberdade através da poesia... os meninos viraram poetas... com direito até a autógrafo na feira do livro da cidade...
Essas lembranças desembarcaram ao ouvir/ler este teu port!!!
Abraços!!!
Chico é demais, e falando em cinema ja viu budapeste?
bjss
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